quinta-feira, março 05, 2009

A "esquerdização" da cultura do arroz


Campo de arroz no Chokwe isento de infestantes, após tratamento herbicida em pré-emergência precoce e prestes a ser submetido a um tratamento pós emergente para eliminação de dicotiledóneas resistentes, depois de escoada a água da "maracha". Foto de Les Hillowitz - Moçambique 1984

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Era uma vez uma planície imensa ao sul de Moçambique onde os colonialistas estabeleceram um eficaz sistema de regadio. Basicamente, a coisa consistia num canal principal “tirado” ao rio Limpopo, um dos maiores rios moçambicanos, e dos seus ramais e caleiras conseguia-se uma adequada irrigação de 33.000 has, entretanto terraplenados e divididos em “marachas” de 16 hectares. Este conjunto produzia cerca de 200.000 toneladas de arroz que, juntamente com a produção á volta da cidade da Beira e um pouco mais na Zambézia chegavam para que toda a gente pudesse comer arroz. No período pós independência, a produção manteve-se por cerca de mais cinco anos. A colaboração técnica de duas empresas multinacionais, muito experientes e de elevado gabarito técnico e devidamente coordenadas por um gabinete de estudos asseguravam a selecção de sementes, o uso de herbicidas, a monitorização de doenças e pragas e, durante a campanha, o Chokwé (assim se chamava a região) era um rodopio de técnicos (botânicos, agrónomos, químicos, entomologistas), pilotos, aviões, motoristas e múltiplos agentes que garantiam a colheita das tais cerca de 200.000 toneladas de arroz, aí por alturas de Maio/Junho. Nessa altura os agricultores, organizados numa espécie de cooperativa, recebiam o seu dinheiro e o país bastava-se de um produto essencial na dieta básica das suas populações.

Mas a revolução moçambicana não se compadecia com modernices e muito menos se revia na matriz capitalista do projecto. Afinal, todo aquele frenesi que se vivia das cinco às onze da manhã (havia razões técnicas para se trabalhar neste período do dia, nomeadamente velocidade do vento, humidade relativa e temperatura) era causado por técnicos portugueses, suíços, alemães, ingleses, tudo gente inquinada pelo vírus capitalista e havia que fazer qualquer coisa. Sem razão aparente, Samora Machel resolveu, de um dia para o outro, despachar os técnicos que trabalhavam no projecto e substitui-los por uma equipa de norte-coreanos. Após várias “discursatas” em que os coreanos eram apresentados como o expoente máximo da produção de arroz e da revolução do internacionalismo e socialismo proletário, ei-los que chegam em rebanho (para quem não saiba, os habitantes dos países da esfera socialista deslocavam-se sempre em rebanho, fosse para trabalhar, fosse para ir á praia) ao Chokwé. De imediato, “mudaram o paradigma”. Basicamente, seguiam para as pistas às oito horas em "minibuses" entretanto comprados para o efeito, faziam uma reunião onde o Grande Líder era evocado e por volta das dez horas estavam prontos para começar o trabalho. Que não começava porque, entretanto, um dos "camaradas capitalistas" (frequentemente eu, como team leader) informava que a velocidade do vento já era superior a 9 m/s, a humidade baixara dos desejáveis 75% e a temperatura subira e ultrapassara a barreira dos 25º Celsius, o que garantidamente faria com que 35 a 40% do produto se evaporasse entre ser despejado do avião e atingir o solo. No primeiro dia os coreanos estranharam (lembro-me da minha dificuldade em lhes explicar o que era um higrómetro ou um anemómetro portátil), ainda pensámos que no dia seguinte é que era, mas tudo se repetiu. Chegada às oito, vivas a Kim Il Sung e ready for work no calor, com vento e bem sequinhos.

Claro que uma campanha depois, as 200.000 toneladas estavam reduzidas a cerca de 60.000 (menos de 1/3) e duas campanhas depois nem um hectare se cultivava. Os coreanos foram pregar para outra freguesia e os milhões de dólares de material e equipamento jaziam inertes no terreno. E a fome apertou, pelo menos até os americanos e canadianos aumentarem o número de navios com milho e trigo, ao abrigo de vários programas de ajuda alimentar.

Isto para dizer o quê? Que Chávez vem muito atrasado. Muito antes dele já outras experiências de “esquerdização” (aprendi este vocábulo ontem com Mário Soares, de olhinhos a rebentar de satisfação com “a nova ordem mundial que vem aí”) e “mudanças de paradigma” foram operadas. Os resultados foram trágicos. Este exemplo do arroz do Chokwé pode-se juntar a outros de que tenho conhecimento directo, como o algodão do Sudão (e mesmo no Egipto), do café da actual República Democrática do Congo e do açúcar da Catumbela e Bom Jesus (Angola). Para não falar do milho e do tabaco do Zimbabwe, muito antes ainda de Mugabe começar a “despachar” brancos do país. Já nessa altura, (meados dos anos oitenta) um dos países mais avançados do continente africano se encarregava de “esquerdizar” a coisa. Ah! Também me lembro do flop do arroz em Madagáscar. E isto falando só do que vi e do que sei em directo. Passo por cima de exemplos de ouvir falar.

Por isso digo que Chávez vem atrasado, Não está a descobrir nada de novo. Está a ser tudo menos original. Limita-se a premir uma tecla que com o passar do tempo está esquecida para muitos e é totalmente nova (quiçá apelativa) para os mais jovens ou para a esquerda empedernida que sabe mas não quer saber.

Deus guarde os venezuelanos. E Sócrates, já agora, porque é assim que se deve fazer aos aliados e amigos, devia avisar Chávez. Explicar-lhe que o que ele está a fazer é um “déja vu”. E que só pode acabar com a arroz no país!

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21 Comments:

At 9:37 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

hoje dei por mim a ler este artigo e acho que vais gostar (é um bocadinho comprido mas vale a pena): http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/us_and_americas/us_elections/article5716211.ece

ainda que irritada, tenho de admitir que o homem tem razão!

 
At 12:20 da manhã, Blogger António Torres disse...

Isto é hilariante.
É um paradigma de gargalhar.
O Arroz, como escrevi ontem no blog, vai ser uma especiaria na Venezuela.
Vejo que em Moçambique também já foi. Infelizmente, há quem não consiga aprender com a experiência.
Cumprimentos
:)))

 
At 9:30 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

springhasasister

Obrigado pela simpatia. vou ler agora :)))

 
At 9:33 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

António Torres

É uma desgraça ver estes tiranetes de trazer por casa cairem, deliberadamente, nos mesmos erros de há vinte anos. Pela forma como conduzem populações inteiras para a desgraça, não merecem o ar que respiram. E os que os acolitam, nem que seja para vender "magalhães", também não...

 
At 10:13 da manhã, Blogger CS disse...

desonestidades intelectuais:
http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/03/verdades-e-mentiras-sobre-as-causas-da.html

 
At 12:17 da tarde, Blogger Carlota disse...

Olha, gostei muito de ler este texto. Mas fico preocupada por andares a aprender coisas com o Mário Soares... :)

 
At 2:56 da tarde, Blogger Madalena disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 2:59 da tarde, Blogger Madalena disse...

Rendida ao teu conhecimento, venho agradecer-te a distinção em relação ao Chora, a tornares-te seu seguidor. Beijinhos e muito obrigada.
(Nunca se "agardece". isso sim parecer-me-ia uma alfaia agrícola ou outra coisa bem mais relacionada com o tema do post!!!!!)

 
At 8:02 da tarde, Blogger António Chaves Ferrão disse...

Querido team líder
Porquê generalizar a partir do exacto cantinho em que te encontravas? Queres mesmo convencer-te que tais experiências são a experiência válida, tudo o mais são balelas?
Comparado com tais erros de governação, como avalias o desaparecimento de quantias de dinheiro que davam para eliminar a fome no mundo, promovida nos países civilizados (tirei as aspas para conseguir que lesses a frase até ao fim).
Um abraço

 
At 9:18 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Belo artigo. Em termos políticos não comento. Mas na Coreia do Norte, os entididos, os filhos, netos e bisnetos (os outros) nem erva (capim) têm para comer... Gostava de saber o que aconteceu à fábrica de dscasque de arroz que havia no Chibuto. E já agora, o cultivo e a comercialização algodão em Moçambique, tem grande história, se ca calhar com grande HISTÒRIa ( imposto de palhota?...), mas nenhum dos grandes técicos do MAgr. sabe? não sabe? tem conhecimento? que em Maniquenique (Chibuto), Xai-Xai havia estãções experimentais para o seu cultivo. E é escusado falar dos colonialistas, eu vi (pequena de 7 ou 8 anos) homens, na varanda da Administração, a levarem réguadas pq não tinham dinheiro para pagar o imposto. Não posso admitir, nem concordar com os meios. Mas, porquê não cultivam?

 
At 10:41 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Carlota

Há aqui um bocadinho de masoquismo, não é?
:)

 
At 10:42 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Madalena

Sigo sempre quem merece ser seguido :)))
Grande beijinho para ti

 
At 11:13 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

António Chaves Ferrão

Não sei o que te dizer...
Apenas que segues uma matriz conhecida, qual seja a de inverteres o ónus da discussão. É um apanágio muito querido à esquerda e que, frequentemente, funciona. Comigo já não funciona, tenho suficiente tarimba para não me impressionar e não me deixar "levar". Não deixo, porém, de referir que o "meu cantinho", como lhe chamaste, era um excelente repositório de uma estratégia política e económica à escala mundial. Tive, porém, o cuidado de escrever que mencionava apenas casos de que tinha conhecimento directo, mencionando países que visitei e onde me apercebi in loco das medidas do tipo que mencionei para o Chokwé e cujo resultado imediato era pôr as populações a morrer de fome. Portanto, estás a ser habilidoso quando me acusas de falar só no meu cantinho. Por outro lado, tive o privilégio de trabalhar para um grande grupo internacional no qual privei com colegas de outras latitudes e com quem, naturalmente, trocava impressões e isso dava-me, naturalmente, uma visão abrangente do fenómeno. De qualquer maneira, tinhas feito boa figura, se pusesses a coisa ao contrário. Falares da tua experiência pessoal, do eventual cantinho onde trabalhaste e do que eventualmente leste e me apontasses UM, um só que fosse, exemplo de sucesso de economia centralizada, especificamente no sector agrícola. Há, talvez, um exemplo, surpreendentemente de um país suspeito e pária da esquerda internacional e que é Israel. Israel, que eu saiba, é um exemplo único de aproveitamente de regiões inóspitas, tornando-as em terras produtivas através de uma forte intervenção estatal. É histórico, de resto. Não se fala é muito no assunto, porque dá mais jeito falar nos bombardeamentos às criancinhas de Gaza. As tais que dizes no teu blog que não sabes do que falo. Tudo o mais é conversa e, grave, a esquerda sabe-o. Faz-se é esquecida, sobretudo quando lhe convém. Como agora, excitada que anda, com a mudança do paradigma.
Como acho que poderia ficar a escrever mais duas horas sobre este tema e depois me acusarias de não entrar na substância e me ater à retórica, não digo mais nada. E passo à frente da ironia do querido team líder que, sinceramente, não entendi.
Uma última observação. Não imaginava que também eras daqueles que acham que o "desaparecimento de dinheiros no ocidente" poderiam servir para comprar comida e enviar para os países pobres. É uma visão paternalista, imperialista e totalmente desfazada da realidade. De gente sem a mínima noção do que pode e deve ser a colaboração com os países novos, de economias emergentes. Há aquele conhecido professor queniano que dizia lapidarmente "se querem ajudar África, deixem de enchar dinheiro". De resto, provavelmente sabê-lo-ás, os Estados Unidos, o Canadá e a União Europeia têm enormes programas de ajuda alimentar. Mas dá sainete falar nos dinheiros desparecidos no ocidente e que davam para comprar uma data de comida...
Um abraço

 
At 11:20 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Anónimo

Este comentário reflecte muita saudadezinha :))
Bom. A fábrica do Chibuto está parada. Os custos de produção eram muito elevados e Moçambique passou a importar arroz. A fábrica de lacticínios e salsicharia também fechou. Sobre o algodão, depois de vários programas do sector estatal regressou à forma inicial, ou seja, pequenos agricultores que depois vendem a produção. Companhias que lideravam o sector familiar como o João Ferreira dos Santos e o Entreposto Comercial abandonaram a cultura, tanto quanto julgo saber.
Não referi as estações de selecção e multiplicação de sementes. Existe hoje uma que peretence à SEMOC, uma organização mista estado e privados.
Obrigado pela visita.

 
At 12:46 da manhã, Blogger António Chaves Ferrão disse...

Espumante
Eu só disse que o dinheiro desapareceu.
Quanto a dá-lo, não é bem assim. Há séculos que esses países foram espoliados. Quanto muito, poder-se-ia falar em devolver (uma parte) daquilo que lhes pertence.
Mas essa lógica, sei que não partilhas.
Um abraço

 
At 9:50 da tarde, Blogger António Torres disse...

Pois...
e outro célebre exemplo é o Zimbabwe.
Antes, até ao Zimbabwe pré Mugabe, aquele país exportava alimentos. Agora sobrevive da ajuda internacional. As famosas ocupações das fazendas e outras reformas estão a levar o país a novas fronteiras do progresso...

 
At 9:53 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

António Torres

O Zimbabwe é um exemplo certeiro. Eu mencionei-o no post. Um abraço

 
At 7:39 da manhã, Blogger Carlos Serra disse...

Usei o seu trabalho. Cumprimentos.

 
At 11:57 da manhã, Blogger Unknown disse...

Li o seu artigo de pendor "tecnocrata" e tb "político". Nalguns aspectos concordo com algumas das suas críticas/observações, até porke diz ter trabalhado na regiáo do Limpopo/Chockwé (antes Guijá!) no pós-independência (terá sido numa empresa de agro-kímicos ?), mas já não posso concordar kando "debita" dados estatítisticos ke não correspondem à verdade. Nunca o regadio Limpopo produziu 200'000 ton de arroz (mesmo paddy) - vivi nessa região, sou Agrónomo e tenho elementos ke podem dizer-lhe ke não é verdade. O máximo ke o regadio produziu antes da independência situa-se nas 70'000 -80'000 otn arroz paddy e depois da independência nunca produziu mais do ke 50'000-60'000 ton, espaendo-se ke na actual campª 08/09 alcance apenas 20'000 ton, já novamente em modelo "capitalista"/mecanização - uma grande empresa MocFer/MIA, alguns médios agricultores e vários pekenos agricultores. Pessoalmente acho um erro continuar-se a investir nesse eskema de regadio, cheio de problemas, muitos dos kais já vinham do antes da Independência (BTL-Trigo de Morais, enormes subsídios, etc.), agravados com os enrmes erros do pós-Independência (não foram coreanos, mas sim búlgaros ke por lá andaram nos finais 70-início 80...), kando o país tm uma região de enorme potencial e com custos d eprodução provavelemnet muito menores - o enorme vale do Zambeze. Quais as razões para nao se tomar essa opção ? Várias, incluindo políticas, e também a distância do "mercado" RSA ... O futuro o dirá.

Sobre outras culturas e empresas mencionadas (JFS, Entreposto, etc.), posso dizer-lhe ke o algodão mantém alguns níveis de produção razoáveis - esta campª 08/09 cerca 80'000 ton de alg.caroço, apesar de crise do preço internacional (e 05/06 122'300 ton - já mais perto da maior produção obtida antes Independència 144'000 em 73/74). A JFS ainda se mantém no sector, embora numa escala menor (na SAN-Cuamba, porke antes estava numa empresa mista SODAN c/Estado 2º accioinista), assim como a Entreposto na CNA (gestão em joint-venture com empresa francesa Geocotton/ex-CFDT, ex-D'Agris). As maiores empresas são a inglesa Plexus Moz e a SANAM/Nampula, estando a Dunavant Moz em crise gestionária. Há 9 empresas de fomento e 12 fábricas em funcionamento.

Se precisar de mais informações, e caso as tenha, poderei ajudá-lo a melhor informar via seu webpage.

Cptos
Luis Pereira

 
At 3:46 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Carlos Serra

Foi um prazer. Obrigado.

 
At 4:02 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Luis Pereira

Antes de mais, quero agradecer a correcção às "200.000 toneladas". Foi um erro grosseiro que assumo. Escrevi de cor e é o que dá acabar por ser lido por gente que conhece o tema sobre que escrevemos. O que, admito, estava longe de pensar que acontecesse. Eu tinha o número "200.000 toneladas" na cabeça que creio corresponder à produção de cana de açúca no período pré colonial. Agradeço, assim, a correcção.

Seguidamente, se é o Luis Pereira que julgo, penso que o conheço pessoalmente por força dos meus múltiplos encontros com os vários agentes do sector agrícola em Moçambique, decorrentes da minha actividade profissional. Realmente, só deixei o país em 1996.

Agora, faço eu uma correcção: É verdade que estiveram búlgaros na gestão do projecto, lembro-me até de um responsável de nome Spas Viranev. Mas foram substituídos (toda a equipa búlgara) por uma equipa de técnicos norte-coreanos. Lembro-me bem deles e da forma organizada como iam para o campo todos os dias. Foi o princípio do fim do arroz do Chiokwé.

Um nota final sobre o facto de achar o meu post tecnocrata e político. Não corresponde à verdade, mas não posso contrariar aquilo que é a sua percepção. E se é assim que o Luís Pereira o cpnsidera, pois tecnocrata e político será.

Agradeço ainda a informação suplementar que presta sobre algodão (outro sector que conheci em profundidade, tendo acompanhado até a gestação do célebre projecto dos 400.000 has dos romenos e conhecido bem o João Mosca, pessoa com quem tratei de múltiplos aspectos do, na altura, chamado, sector estatal). É com prazer indisfarçável que vou sabendo de um país como Moçambique. Mesmo que isso espolete algumas manifestações tecnocratas e políticas como o Luís Pereira parece achar.
Cumprimentos e uma vez mais obrigado pela correcção do grosseiro erro das 200.000 toneladas.

 

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