Tão simples...
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[N]a Nova Zelândia não existe um sistema de avaliação centralizado. Não que os professores não sejam avaliados, longe disso. (...) No entanto, não existe um modelo de avaliação único, comum a todos os professores. Existe um quadro geral de avaliação (national framework) e um conjunto de indicações (guidelines) que impedem a arbitrariedade, mas a avaliação é da responsabilidade do director da escola onde cada professor lecciona, e este tem ampla liberdade no modo como a faz. A justificação por esta opção é simples: ninguém está em melhor posição do que ele para avaliar da competência dos professores que leccionam na sua escola. Aliás, uma vez cumpridos os mínimos de desempenho, o resultado da avaliação não tem influência na progressão na carreira, que depende exclusivamente do número de anos de ensino. Apenas influencia a plausibilidade de nomeação para o desempenho funções de coordenação pedagógica ou outras no interior da escola, com significativo acréscimo salarial.
Naturalmente que este sistema de avaliação totalmente descentralizado faz sentido num contexto, que é o neozelandês, em que as escolas têm total autonomia na sua gestão, incluindo a selecção e contratação dos professores. Ao mesmo tempo, uma vez contratados, um professor apenas deixa de o ser se for demonstrada a sua completa incompetência ou se a escola que o contratou deixar de ter alunos, portanto, a qualidade do seu ensino se deteriorar. Estão, assim, criados os incentivos para professores e directores das escolas tudo fazerem para que a formação contínua e o apoio à melhoria do desempenho pedagógico seja uma prioridade e a avaliação do desempenho dos professores tenha como principal objectivo identificar as áreas de melhoria de cada um.
Soa a utopia, e sem dúvida que vem dos antípodas, mas o sistema de ensino neozelandês nem sempre foi assim. Simplesmente, há 20 anos, este país teve a coragem de fazer a reforma que verdadeiramente importava: acabou com a maior parte das direcções centrais e todas as direcções regionais de educação e devolveu as escolas às comunidades locais. Se dúvidas houvessem, os dados do PISA-OCDE colocam a Nova Zelândia no topo, quer no que concerne a literacia quer no que concerne a numeracia. E claro, é escusado gritar contra o ministério da educação, este ou qualquer outro, pois este foi quem mais perdeu poder com a reforma: o poder passou para as escolas e o conselho de administração das escolas é maioritariamente composto por personalidades eleitas pelos pais dos alunos. De uma simplicidade desconcertante, mas que explica a qualidade do ensino neozelandês.
[N]a Nova Zelândia não existe um sistema de avaliação centralizado. Não que os professores não sejam avaliados, longe disso. (...) No entanto, não existe um modelo de avaliação único, comum a todos os professores. Existe um quadro geral de avaliação (national framework) e um conjunto de indicações (guidelines) que impedem a arbitrariedade, mas a avaliação é da responsabilidade do director da escola onde cada professor lecciona, e este tem ampla liberdade no modo como a faz. A justificação por esta opção é simples: ninguém está em melhor posição do que ele para avaliar da competência dos professores que leccionam na sua escola. Aliás, uma vez cumpridos os mínimos de desempenho, o resultado da avaliação não tem influência na progressão na carreira, que depende exclusivamente do número de anos de ensino. Apenas influencia a plausibilidade de nomeação para o desempenho funções de coordenação pedagógica ou outras no interior da escola, com significativo acréscimo salarial.
Naturalmente que este sistema de avaliação totalmente descentralizado faz sentido num contexto, que é o neozelandês, em que as escolas têm total autonomia na sua gestão, incluindo a selecção e contratação dos professores. Ao mesmo tempo, uma vez contratados, um professor apenas deixa de o ser se for demonstrada a sua completa incompetência ou se a escola que o contratou deixar de ter alunos, portanto, a qualidade do seu ensino se deteriorar. Estão, assim, criados os incentivos para professores e directores das escolas tudo fazerem para que a formação contínua e o apoio à melhoria do desempenho pedagógico seja uma prioridade e a avaliação do desempenho dos professores tenha como principal objectivo identificar as áreas de melhoria de cada um.
Soa a utopia, e sem dúvida que vem dos antípodas, mas o sistema de ensino neozelandês nem sempre foi assim. Simplesmente, há 20 anos, este país teve a coragem de fazer a reforma que verdadeiramente importava: acabou com a maior parte das direcções centrais e todas as direcções regionais de educação e devolveu as escolas às comunidades locais. Se dúvidas houvessem, os dados do PISA-OCDE colocam a Nova Zelândia no topo, quer no que concerne a literacia quer no que concerne a numeracia. E claro, é escusado gritar contra o ministério da educação, este ou qualquer outro, pois este foi quem mais perdeu poder com a reforma: o poder passou para as escolas e o conselho de administração das escolas é maioritariamente composto por personalidades eleitas pelos pais dos alunos. De uma simplicidade desconcertante, mas que explica a qualidade do ensino neozelandês.
Post de Fernando Adão da Fonseca no blog da SEDES, acerca do caso da Nova Zelândia (o objecto de uma conferência organizada anteontem pelo Forum para a liberdade da Educação, na Gulbenkian).
Via Cachimbo de Magritte
Tão simples e do domínio do senso comum! No dia em que deixarmos de estar minados por uma classe parasita, retrógrada e provinciana que acha que existe para defender as liberdades de cada qual, pode ser que passemos a ter este sistema de avaliação implementado nas nossas escolas.
Tão simples e do domínio do senso comum! No dia em que deixarmos de estar minados por uma classe parasita, retrógrada e provinciana que acha que existe para defender as liberdades de cada qual, pode ser que passemos a ter este sistema de avaliação implementado nas nossas escolas.
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Etiquetas: educação
4 Comments:
Já há muito que venho defendendo um sistema destes, o pior é fazer com que os professores aceitem tal sistema, e os sindicatos então nem se fala.
Pelo menos é o que me dizem os professores com quem habitualmente falo.
O principal problema do nosso ensino público é a má administração do governo e os programas sociais falhos do mesmo. Já o do ensino particular é a falta de interesse dos alunos que herdam a cultura retrógrada que faz referência.
É sem dúvida um ótimo sistema mas algo muito distante da nossa realidade.
ótimo post!
teófilo m.
Não aceitariam este como não aceitariam outro qualquer. As hierarquias valem muito pouco no status actual...
lucas santana
Costumo dizer que as realidades somos nós que as fazemos...
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