A debandada
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Meio incrédulo, assisti à retirada das últimas representantes do cheiro de família cá de casa. Duas gatas, cuja presença lânguida, preguiçosa, absolutamente inútil, dispendiosa e danosa (que o diga um sofá com que elas terão simpatizado) me ia consumindo a paciência, desde que há seis anos atrás a minha “mirim” me pediu uma gata e lhe dei duas, abandonaram, finalmente, a home land para assumirem novo domínio territorial em casa da minha filha, sua legítima dona.
Cumpriu-se, assim, a retirada dos despojos finais de uma família unida, cuja expressão última se consubstanciava exactamente naqueles dois felinos exemplares. A Gray, cinzenta por cima e branca por baixo, uma autêntica dama, pela sua forma aveludada de caminhar, elegância a comer e porte majestoso a dormir e a Twilight, amarela, branca e preta, tipo de pelagem a que vulgarmente se chama de “tartaruga” a única gata que conheci verdadeiramente bipolar. Tanto dava marradinhas nas pernas, como se atirava furiosamente a insectos invisíveis que aparentemente lhe assolavam o território, como comia desabridamente e fazia arranques meteóricos da inércia em repouso para a velocidade estonteante de um cometa sem cauda, logo desgovernado e chocando com o que fosse que estivesse á frente.
E dizia no princípio do post que estava meio incrédulo, porque do alívio que saboreei antecipadamente pensando no dia em que a minha casa se tornaria “cat-free” passei á depressão profunda e quase suicidária só possível em quem não fazia ideia nenhuma da importância de se ter gatos. Animais raros, extraordinários, poderão ser a mais perfeita máquina do reino animal, seja pelas suas espantosas características físicas, seja pela sua extraordinária demonstração de carácter e dignidade. Ao pé da nobreza e dignidade do comportamento de um felino, um cachorro aos saltos e a abanar a cauda pela chegada do dono é uma visão risível e idiota.
Foram os filhos, foram as gatas, resta a Cristina que teima em aparecer ciclicamente na parede da sala. São os tais ciclos de vida ou, como todos sabemos, a vida é feita de mudança e se há coisas que se não deve mudar é exactamente a mudança, sob pena de se mudar o que não deve ser mudado. E mais não digo se não o presidente Moita Flores vem para a televisão dizer outra vez que a blogosfera só serve para acomodar solidões mal resolvidas ou promover negócios escuros, branqueamento de capitais, agitar o pedófilo que todos temos, recalcado, dentro de nós ou outra coisa qualquer que Moita Flores tenha aprendido por essa Blogosfera fora (ou mesmo, dentro, vá-se lá saber...).
Meio incrédulo, assisti à retirada das últimas representantes do cheiro de família cá de casa. Duas gatas, cuja presença lânguida, preguiçosa, absolutamente inútil, dispendiosa e danosa (que o diga um sofá com que elas terão simpatizado) me ia consumindo a paciência, desde que há seis anos atrás a minha “mirim” me pediu uma gata e lhe dei duas, abandonaram, finalmente, a home land para assumirem novo domínio territorial em casa da minha filha, sua legítima dona.
Cumpriu-se, assim, a retirada dos despojos finais de uma família unida, cuja expressão última se consubstanciava exactamente naqueles dois felinos exemplares. A Gray, cinzenta por cima e branca por baixo, uma autêntica dama, pela sua forma aveludada de caminhar, elegância a comer e porte majestoso a dormir e a Twilight, amarela, branca e preta, tipo de pelagem a que vulgarmente se chama de “tartaruga” a única gata que conheci verdadeiramente bipolar. Tanto dava marradinhas nas pernas, como se atirava furiosamente a insectos invisíveis que aparentemente lhe assolavam o território, como comia desabridamente e fazia arranques meteóricos da inércia em repouso para a velocidade estonteante de um cometa sem cauda, logo desgovernado e chocando com o que fosse que estivesse á frente.
E dizia no princípio do post que estava meio incrédulo, porque do alívio que saboreei antecipadamente pensando no dia em que a minha casa se tornaria “cat-free” passei á depressão profunda e quase suicidária só possível em quem não fazia ideia nenhuma da importância de se ter gatos. Animais raros, extraordinários, poderão ser a mais perfeita máquina do reino animal, seja pelas suas espantosas características físicas, seja pela sua extraordinária demonstração de carácter e dignidade. Ao pé da nobreza e dignidade do comportamento de um felino, um cachorro aos saltos e a abanar a cauda pela chegada do dono é uma visão risível e idiota.
Foram os filhos, foram as gatas, resta a Cristina que teima em aparecer ciclicamente na parede da sala. São os tais ciclos de vida ou, como todos sabemos, a vida é feita de mudança e se há coisas que se não deve mudar é exactamente a mudança, sob pena de se mudar o que não deve ser mudado. E mais não digo se não o presidente Moita Flores vem para a televisão dizer outra vez que a blogosfera só serve para acomodar solidões mal resolvidas ou promover negócios escuros, branqueamento de capitais, agitar o pedófilo que todos temos, recalcado, dentro de nós ou outra coisa qualquer que Moita Flores tenha aprendido por essa Blogosfera fora (ou mesmo, dentro, vá-se lá saber...).
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Etiquetas: privacidades
9 Comments:
Como o entendo!
Também aqui há dois gatos - o que equivale a dizer uma gata e um gato - sem os quais me não consigo ver.
Rigorosamente ao contrário dos dois cães - ambos machos, sendo um Castro Laboreiro e outro de raça indefinida - que, se desaparecerem, não sentirei muito a sua falta.
Em definitivo, para se gostar de gatos é necessário apreciar, sobretudo, a sua independência e ainda o que tão bem define como sendo a nobreza e dignidade do comportamento dos felinos.
Pode ser que me engane, mas um destes dias, ao tornar a este cantinho, terei oportunidade de verificar que adoptou um bichano, desta feita apenas para e por si.
Um beijo.
Eu não gosto de gatos.
Mas entendo bem esse fenómeno ... meio incrédulo, porque do alívio que saboreei antecipadamente pensando no dia em que a minha casa se tornaria “cat-free” passei á depressão profunda e quase suicidária só possível em quem não fazia ideia nenhuma ... não imaginavas que gostavas tanto das gatas!
Sabes o que tens a fazer, não sabes? ficar com um gatinho da próxima ninhada!
a minha osga nunca mais apareceu dentro de casa, mas encontro-a muita vezes quando vou regar o cacto na varanda
Tenho duas gatas, porém é devido à citação de Moita Flores que aqui comento.
Está claro que esse senhor nada sabe sobre o assunto. "Blogs", atualmente, são sistemas de gerenciamento de conteúdo para os mais diversos fins, o que impede uma generalização medíocre como a mencionada.
anónimo
Não o farei (adoptar um bichano) porque da outra vez fi-lo para cumprir uma promessa à minha filha. Agora, seria complicado do ponto de vista logístico.
Mas isto não invalida o que disse sobre as gatas e sobre a surpresa que foi verificar a intensidade do afecto que se gera entre nós e os bichos.
:)
sinapse
A primeira vez que te vi, a primeira coisa que percebi foi que não gostavas de gatos :)) Tu é mais restaurantes :)))))))E não, não vou ficar com nenhum bichano (vide o comnetário anterior)
:))
ana
A minha lá vai aparecendo. Verdade se diga que não sei se ainda é a mesma...
andré felipe
Presumo que não conhece Moita Flores porque vejo que escreve a partir do Brasil. Moita Flores é actualmente um presidente de Câmara (Santarém, uma cidade ribatejana)e é um antigo agente da Polícia Judiciária.
Obrigado, espumante. De fato não sabia quem era.
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