Sofrer dos ossos
[2407]
Milhares de portugueses submetem-se diariamente a sessões de fisioterapia. Portugal deve ser o país do mundo onde se usa mais fisioterapia, desde os pacientes que se levantam de madrugada e se deslocam muitos quilómetros para uma sessão, até àqueles que aguardam que o fisioterapeuta lhes entre em casa, armado de toalhinhas, óleos, parafinas e outros artigos milagrosos, preparados para cobrar entre €25 e €150/hora. A maior parte porque "sofre dos ossos". É uma doença vaga, claramente muita gente não sabe o que é sofrer de ossos nem isso interessa. Mas sofrer dos ossos é suficientemente abrangente para que o português se entregue ao tratamento nacional em que a fisioterapia se tornou. Pacientes interrogados sobre o porquê de andarem durante anos, repito, anos, a fazer terapia, já que a fisioterapia faz assim tão bem, são evasivos e limitam-se a afirmar que sofrem dos ossos, têm artrites, hérnias ou deram um jeito a apanhar o sabonete na banheira.
Contrariamente ao que se possa julgar, não serão só os idosos a fazer fisioterapia. Muitos são de meia-idade ou mesmo jovens. O fenómeno entranhou-se e faz parte do enquadramento dos portugueses. Há um caso recente de uma família, pai, mãe e filha, que morreram tragicamente num desastre de ambulância que os transportava para tratamentos de fisioterapia, porque sofriam dos ossos. Foi, pelo menos, a razão invocada pela comunicação social.
As razões do fenómeno serão muitas mas quem conhece bem Portugal e os portugueses não terá muita dificuldade em entendê-lo e inscrevê-lo num dos muitos sintomas da hipocondria nacional .
Como é evidente, não se discute os casos em que a fisioterapia é um poderoso e adequado meio de restabelecimento e cura de muitos doentes.
Milhares de portugueses submetem-se diariamente a sessões de fisioterapia. Portugal deve ser o país do mundo onde se usa mais fisioterapia, desde os pacientes que se levantam de madrugada e se deslocam muitos quilómetros para uma sessão, até àqueles que aguardam que o fisioterapeuta lhes entre em casa, armado de toalhinhas, óleos, parafinas e outros artigos milagrosos, preparados para cobrar entre €25 e €150/hora. A maior parte porque "sofre dos ossos". É uma doença vaga, claramente muita gente não sabe o que é sofrer de ossos nem isso interessa. Mas sofrer dos ossos é suficientemente abrangente para que o português se entregue ao tratamento nacional em que a fisioterapia se tornou. Pacientes interrogados sobre o porquê de andarem durante anos, repito, anos, a fazer terapia, já que a fisioterapia faz assim tão bem, são evasivos e limitam-se a afirmar que sofrem dos ossos, têm artrites, hérnias ou deram um jeito a apanhar o sabonete na banheira.
Contrariamente ao que se possa julgar, não serão só os idosos a fazer fisioterapia. Muitos são de meia-idade ou mesmo jovens. O fenómeno entranhou-se e faz parte do enquadramento dos portugueses. Há um caso recente de uma família, pai, mãe e filha, que morreram tragicamente num desastre de ambulância que os transportava para tratamentos de fisioterapia, porque sofriam dos ossos. Foi, pelo menos, a razão invocada pela comunicação social.
As razões do fenómeno serão muitas mas quem conhece bem Portugal e os portugueses não terá muita dificuldade em entendê-lo e inscrevê-lo num dos muitos sintomas da hipocondria nacional .
Como é evidente, não se discute os casos em que a fisioterapia é um poderoso e adequado meio de restabelecimento e cura de muitos doentes.
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Etiquetas: Ai Portugal, fisioterapia, hipocondria nacional
9 Comments:
E é caso para se dizer que sofrer dos ossos mata. É hereditário e mata...
beijinhos
Este comentário foi removido pelo autor.
-Ou de acidentes de trabalho, a que já tive necessidade de recorrer, após cirurgia a uma mão, para recuperar a mobilidade de dois dedos, que poderiam ter ficado seriamente afectados, caso não a tivesse realizado. Demorei um mês, e fiquei lá a saber umas histórias curiosas, há quem se auto-mutile a trabalhar, para frequentar fisioterapia de forma quase profissional, haavia lá um sr. que tinha o "azar", de trabalhar num armazém, onde frequentemente "entalava" a mão, naqueles bidons de centenas de litros de óleo. Cada entaladela, valia um mês de fisioterapia diária pela manhã, e uma tarde de serviços mais aligeirados no armazém. Depois também existiam os hipocondriacos, que iam lá, porque algo doía, mas não faziam esforço, porque também doía.
É. Eu quando cá cheguei fiquei um tanto ou quanto assustada....será que é algum "bichinho" contagioso ?? Será que é da água ?? Será que é da alimentação ?? Bem...passou-me tudo pela cabeça, mas ao fim de uns anos percebi que é...chamemos-lhe..."tradição"... e fiquei mais descansada,...em relação ao "escaleto" claro !
Jokinhas
Di
Não percebes nada disto :D
Ainda tens que comer muita broa para perceberes os tugas. Porque se os percebesses nem fazias posts destes
IL
azulinha
Tens que ver o sentido figurado da coisa, que a coisa figurada muda um pouco de figura
:))
Beijinho
antónio de almeida
Entendo o que diz. Eu referia-me mais àqueles que acham mesmo que "sofrem dos ossos" e levam uma vida a "sofrer dos ossos" e levam uma vida a fazer fisioterapia porque "sofrem dos ossos" e à enorme organização de rectaguarda necessária para acudir àqueles que "sofrem dos ossos", desde ambulâmcias a taxis até áqueles que recebem os fisioterapeutas em casa. Tudo em nome da "doença dos ossos"...
Di
Quem bem de fora estranha com tanto osso a doer, não é?
:))
Beijinho
IL
Vou pasar a incluir broa de milho na minha dieta alimentar
:)
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