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Dificilmente se ouve Sócrates falar normalmente, como as pessoas. Ele fala em permanente crispação, usa uma linguagem em que a carência de substância é “compensada” por um estilo de ralhete, de mestre-escola de aldeia ou, em casos mais agudos, reveladores de uma arrogância em que os nossos paroquianos se deixam envolver sempre que a batuta do poder lhes cai na mão.

Ontem, a propósito de nada, ou a propósito do regabofe de computadores que vem aí à boa maneira dos electrodomésticos de Valentim Loureiro, Sócrates falou em tom exas-pe-ra-do, pau-sa-do e com uma entoação tipo vou espetar palitos nos olhos do periquito, que “havia por aí uns cínicos que se manifestam sempre que o governo toma medidas, etc., etc.” Após o que “explicava” a medida dos computadores com um ar de comício, rico em decibéis, pobre em substância como é, aliás, a sua imagem de marca. Só lhe faltou invocar os heróis da rotunda e a guerra do Ultramar.

Estes tiques de oratória, provincianos e arrogantes, notam-se mais em paralelo com o discurso de outras personalidades da sua própria família política, como era (ainda é) o caso de Blair. Embora Sócrates tenha um concorrente sério, Zapatero de seu nome, que se esforça por ser bem pior do que ele.

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