Tropel
[1705]
“Isto devia ser aberto era pelo povo, pá” e “isto é uma infra-estrutura muito perigosa para os portugueses” foram duas expressões usadas ontem na inauguração do túnel do Marquês. A primeira expressão foi usada por um “dos homens de luta” que eu não sei bem o que sejam, mas também não interessa muito. A outra é usada por um vereador da Câmara Municipal de Lisboa, arquitecto de profissão e terrorista por vocação, ambas no meio de um tropel furioso de cerca de 12000 pessoas que acharam que percorrer o túnel a pé seria um bom programa de feriado.
Por entre outras declarações semelhantes (“isto não está seguro”, dizia um idoso de bigodes amarelos, com ar de mestre de obras aposentado) e uma correria de jornalistas a perseguir (literalmente), aos gritos, Carmona Rodrigues para lhe fazerem perguntas sobre a Braga Parques, o quadro era deprimente e reflecte bem o “estado da Nação” que é um programa de televisão mas devia muito bem ser uma preocupação para todos nós.
Não é fácil explicar a uma criança de dez ou doze anos o absurdo de um quadro como este. Um túnel a ser aberto para o benefício de cidadãos e a turba a proporcionar esta coreografia. E cada vez se torna mais clara a dificuldade que outros povos têm em nos “perceber”. Se até nós, indígenas, não nos percebemos, como perceberão os outros?
A comunicação social não está isenta de culpas neste espectáculo. No fundo, são farinha do mesmo saco. Com o pormenor dos pozinhos com que foi polvilhada nas faculdades.
Ler Pacheco Pereira, num curto mas incisivo post sobre esta matéria.
“Isto devia ser aberto era pelo povo, pá” e “isto é uma infra-estrutura muito perigosa para os portugueses” foram duas expressões usadas ontem na inauguração do túnel do Marquês. A primeira expressão foi usada por um “dos homens de luta” que eu não sei bem o que sejam, mas também não interessa muito. A outra é usada por um vereador da Câmara Municipal de Lisboa, arquitecto de profissão e terrorista por vocação, ambas no meio de um tropel furioso de cerca de 12000 pessoas que acharam que percorrer o túnel a pé seria um bom programa de feriado.
Por entre outras declarações semelhantes (“isto não está seguro”, dizia um idoso de bigodes amarelos, com ar de mestre de obras aposentado) e uma correria de jornalistas a perseguir (literalmente), aos gritos, Carmona Rodrigues para lhe fazerem perguntas sobre a Braga Parques, o quadro era deprimente e reflecte bem o “estado da Nação” que é um programa de televisão mas devia muito bem ser uma preocupação para todos nós.
Não é fácil explicar a uma criança de dez ou doze anos o absurdo de um quadro como este. Um túnel a ser aberto para o benefício de cidadãos e a turba a proporcionar esta coreografia. E cada vez se torna mais clara a dificuldade que outros povos têm em nos “perceber”. Se até nós, indígenas, não nos percebemos, como perceberão os outros?
A comunicação social não está isenta de culpas neste espectáculo. No fundo, são farinha do mesmo saco. Com o pormenor dos pozinhos com que foi polvilhada nas faculdades.
Ler Pacheco Pereira, num curto mas incisivo post sobre esta matéria.
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Etiquetas: comunicação social, me worry?, política
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