O 25 de Abril hoje
Cavaco Silva, hoje
[1702]
Na sessão de hoje na Assembleia da República, retive:
1 - A magna questão da falta de gravata dos deputados do Bloco de Esquerda parece-me ultrapassar já o simples plano de uma idiossincrasia avulsa de Louçã. A falta de gravata é uma figura de estilo, obriga a reparar, obriga a comentar, é o equivalente aos óculos escuros de Abrunhosa. É possível que um dia, ele tire os óculos. E que Louçã e os seus rapazes coloquem uma gravatinha;
2 - Não fossem estas cerimónias e esquecia-me dos Verdes. São uma fatalidade da democracia, mas têm a virtude de não chatearem muito as pessoas e, sobretudo, são mais bem-educados que o Bloco (ver como Louçã, Fazenda e Rosas riam a bom rir com o discurso do Nuno Magalhães do CDS-PP - é a habitual ausência de berço dum grupelho que é livre de pensar o que quiser mas que deveria sempre ouvir os presentes sem aquele ar de quem tem de ouvir um bando de deficientes mentais. Mais votados do que eles, mas deficientes);
3 - Uma vez mais Mário Soares foi apanhado de língua de fora. Ou melhor, não é só a língua de fora. Ele tem aquele jeito próprio de esticar a língua muito direita, muito tesa, de cada vez que tosse, sem se dar ao trabalho de pôr a mão à frente. Desta vez a tosse e respectiva língua, tesa, de fora, coincidiu com a passagem da primeira-dama de costas por ele, a tomar o seu lugar. Foi, no mínimo, grotesco, embora me proporcionasse uma boa gargalhada;
4 - O antúrio é uma flor lindíssima. Todos os anos me delicio com o efeito estético de tantos antúrios no semicírculo;
5 - Para tudo é preciso gosto. Até para se pôr um cravo na lapela. Que o diga Jaime Gama (eu sei que isto está a começar a parecer uma crónica do Carlos Castro, mas está a saber-me bem estar em casa, com a ventania que vai lá por fora e eu aqui a escrever qualquer coisa…) que colocou um cravo na lapela em que só se via a ponta das pétalas. Shy carnation?
6 - Tenho notado que uma das primeiras coisas que acontece aos governos (todos os governos) é engordar. Este tem apenas cerca de dois anos e estão todos gordos. António Costa, pura e simplesmente não cabe no fato. Jaime Gama transborda das calças. E o próprio Sócrates está pork’n cheese fat (how about my inglês técnico?);
7 - Os discursos… sempre o mesmo. A oposição fala do que ficou por fazer e o governo fala do que foi feito. Já cansa. Salvou-nos Cavaco, com um discurso muito positivo, inteligente e mostrando como as celebrações podem e devem ser feitas;
8 - A brigada do reumático (os heróis de Abril) está cada vez mais parecida com os Marretas. Nada a fazer…
Tudo junto e somado foi o que me ficou da celebração dos 33 anos do 25 de Abril. Já vi este filme 33 vezes. A película está gasta e os actores estão obsoletos. Ou se pega no discurso de Cavaco (Medeiros Ferreira achou-o inócuo, mas quando o inócuo releva da vacuidade do crítico já não é grave) e se transmite aos jovens uma mensagem diferente da que temos passado até aqui e esperamos resultados palpáveis para o bem de todos ou vamos continuar a fazer do 25 de Abril uma arenga de heroicidades e sacrifícios que, por muito que tenham realmente existido não poderão constituir o nosso fado do futuro. Muito menos um guião obrigatório. Já chega.
Na sessão de hoje na Assembleia da República, retive:
1 - A magna questão da falta de gravata dos deputados do Bloco de Esquerda parece-me ultrapassar já o simples plano de uma idiossincrasia avulsa de Louçã. A falta de gravata é uma figura de estilo, obriga a reparar, obriga a comentar, é o equivalente aos óculos escuros de Abrunhosa. É possível que um dia, ele tire os óculos. E que Louçã e os seus rapazes coloquem uma gravatinha;
2 - Não fossem estas cerimónias e esquecia-me dos Verdes. São uma fatalidade da democracia, mas têm a virtude de não chatearem muito as pessoas e, sobretudo, são mais bem-educados que o Bloco (ver como Louçã, Fazenda e Rosas riam a bom rir com o discurso do Nuno Magalhães do CDS-PP - é a habitual ausência de berço dum grupelho que é livre de pensar o que quiser mas que deveria sempre ouvir os presentes sem aquele ar de quem tem de ouvir um bando de deficientes mentais. Mais votados do que eles, mas deficientes);
3 - Uma vez mais Mário Soares foi apanhado de língua de fora. Ou melhor, não é só a língua de fora. Ele tem aquele jeito próprio de esticar a língua muito direita, muito tesa, de cada vez que tosse, sem se dar ao trabalho de pôr a mão à frente. Desta vez a tosse e respectiva língua, tesa, de fora, coincidiu com a passagem da primeira-dama de costas por ele, a tomar o seu lugar. Foi, no mínimo, grotesco, embora me proporcionasse uma boa gargalhada;
4 - O antúrio é uma flor lindíssima. Todos os anos me delicio com o efeito estético de tantos antúrios no semicírculo;
5 - Para tudo é preciso gosto. Até para se pôr um cravo na lapela. Que o diga Jaime Gama (eu sei que isto está a começar a parecer uma crónica do Carlos Castro, mas está a saber-me bem estar em casa, com a ventania que vai lá por fora e eu aqui a escrever qualquer coisa…) que colocou um cravo na lapela em que só se via a ponta das pétalas. Shy carnation?
6 - Tenho notado que uma das primeiras coisas que acontece aos governos (todos os governos) é engordar. Este tem apenas cerca de dois anos e estão todos gordos. António Costa, pura e simplesmente não cabe no fato. Jaime Gama transborda das calças. E o próprio Sócrates está pork’n cheese fat (how about my inglês técnico?);
7 - Os discursos… sempre o mesmo. A oposição fala do que ficou por fazer e o governo fala do que foi feito. Já cansa. Salvou-nos Cavaco, com um discurso muito positivo, inteligente e mostrando como as celebrações podem e devem ser feitas;
8 - A brigada do reumático (os heróis de Abril) está cada vez mais parecida com os Marretas. Nada a fazer…
Tudo junto e somado foi o que me ficou da celebração dos 33 anos do 25 de Abril. Já vi este filme 33 vezes. A película está gasta e os actores estão obsoletos. Ou se pega no discurso de Cavaco (Medeiros Ferreira achou-o inócuo, mas quando o inócuo releva da vacuidade do crítico já não é grave) e se transmite aos jovens uma mensagem diferente da que temos passado até aqui e esperamos resultados palpáveis para o bem de todos ou vamos continuar a fazer do 25 de Abril uma arenga de heroicidades e sacrifícios que, por muito que tenham realmente existido não poderão constituir o nosso fado do futuro. Muito menos um guião obrigatório. Já chega.
.
Etiquetas: 25 de Abril, política
5 Comments:
Por acaso pensei no mesmo quando vi a ponta das pétalas do cravo do Jaime Gama. :-D
Bela posta!
... ficar em casa a ouvir o vento uivar lá fora e a observar o semicírculo ... inspira-te! ;)
Beijinhos, informados,
Sinapse
kitty
A isso chamo perspicácia...
:)
sinapse
Tanto quanto o barulho da "tua" cidade refina o teu sentido de humor ou ironia...
:))
Beijinhos inspirados
Ai o feriado foi por causa do 25 de Abril!? Nem dei por isso, é que não vejo muita televisão, prefiro música cá de casa e um bom livrito, ou aoanhar o Sol que andou um pouco arredio.
Este 25 teima cada vez mais em parecewr-se com um vulgar 24.
Cumprimentos nortenhos
Enviar um comentário
<< Home