Quando o mar galgou a terra...
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… é o nome de um filme de Henrique Campos, rodado em 1954 e que tinha personagens como o tio João Brás, uma tia Júlia, um padre (descobri isto tudo aqui) e artefactos correlativos.
Eu era uma criança da primária e fui levado, em rebanho, a ver o filme, provavelmente para me ir inteirando da gesta portuguesa: pescadores, paixões frustres e proibidas, vida de mar, muita sardinha, muitas ondas e muito frio, muita tragédia. Muitos homens de bigode e muitas mulheres (algumas de bigode também) a chorarem por maridos abalados para a faina e não regressados, etc., etc. e o costume que era assim que o estado Novo ia explicando às criancinhas como é que se devia ser.
A poucos quilómetros de nós, a Holanda (que também deve ter homens de bigode e pescadores e ondas a galgar as praias) achou que viviam num país pequeno e como queriam caber todos lá dentro e desenvolver-se e assim, mesmo com guerras e tudo, arregaçaram as mangas, fizeram diques e hoje, por exemplo, grande parte do trajecto entre Amesterdão e Roterdão é feito por uma estrada abaixo do nível do mar. E isto sem simplex e sem planos tecnológicos.
Por cá é o que se sabe. Ontem à noite, enquanto a RTP consumia duas horas a falar de Zeca Afonso com personagens como Otelo, Letria, Vasco Lourenço e outros melómanos (!) de intervenção (!!) e a TVI se encontrava de escape livre no salão preto e prata com o José Eduardo Moniz vestido de César (acho…) e a Júlia Pinheiro, aos berros, a dizer que hoje não precisava de berrar, o mar galgou a terra outra vez no Esmoriz e na Caparica.
Como em vez de pescadores de bigode e carpideiras de preto agora temos um plano tecnológico, talvez fosse altura de o pôr em prática antes que nos sintamos comidos pelo mar. Já que comidos pelos arautos do regime parece estarmos a ser todos os dias.
Não é necessário que possamos ir de Lisboa a Esmoriz por uma estrada abaixo do nível do mar mas, pelo menos, segurem a barra para conseguirmos manter os tais cerca de 92.000 km2 que tanto noscustaram a arranjar.
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… é o nome de um filme de Henrique Campos, rodado em 1954 e que tinha personagens como o tio João Brás, uma tia Júlia, um padre (descobri isto tudo aqui) e artefactos correlativos.
Eu era uma criança da primária e fui levado, em rebanho, a ver o filme, provavelmente para me ir inteirando da gesta portuguesa: pescadores, paixões frustres e proibidas, vida de mar, muita sardinha, muitas ondas e muito frio, muita tragédia. Muitos homens de bigode e muitas mulheres (algumas de bigode também) a chorarem por maridos abalados para a faina e não regressados, etc., etc. e o costume que era assim que o estado Novo ia explicando às criancinhas como é que se devia ser.
A poucos quilómetros de nós, a Holanda (que também deve ter homens de bigode e pescadores e ondas a galgar as praias) achou que viviam num país pequeno e como queriam caber todos lá dentro e desenvolver-se e assim, mesmo com guerras e tudo, arregaçaram as mangas, fizeram diques e hoje, por exemplo, grande parte do trajecto entre Amesterdão e Roterdão é feito por uma estrada abaixo do nível do mar. E isto sem simplex e sem planos tecnológicos.
Por cá é o que se sabe. Ontem à noite, enquanto a RTP consumia duas horas a falar de Zeca Afonso com personagens como Otelo, Letria, Vasco Lourenço e outros melómanos (!) de intervenção (!!) e a TVI se encontrava de escape livre no salão preto e prata com o José Eduardo Moniz vestido de César (acho…) e a Júlia Pinheiro, aos berros, a dizer que hoje não precisava de berrar, o mar galgou a terra outra vez no Esmoriz e na Caparica.
Como em vez de pescadores de bigode e carpideiras de preto agora temos um plano tecnológico, talvez fosse altura de o pôr em prática antes que nos sintamos comidos pelo mar. Já que comidos pelos arautos do regime parece estarmos a ser todos os dias.
Não é necessário que possamos ir de Lisboa a Esmoriz por uma estrada abaixo do nível do mar mas, pelo menos, segurem a barra para conseguirmos manter os tais cerca de 92.000 km2 que tanto noscustaram a arranjar.
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Etiquetas: comidos pelo mar, me worry?, vida
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