sexta-feira, setembro 16, 2005

Levanta-te e Ri



Rising Sun - Mozambique

[560]

Historinha, modestinha mas "hónestinha", ainda que de pé-quebrado, dedicada a uma
amiga:


A formigucha caminhava, lampeira e feliz, ao longo do trilho que já conhecia quando, de repente, um floco de neve lhe cai em cima de uma das patinhas e a imobiliza no caminho, ou assim ela pensou. A formigucha olhou à volta, não viu ninguém que a pudesse ajudar, olhou de novo para o floco de neve, enorme, maior do que ela e, vendo o sol brilhando, pediu-lhe:

- Ó sol… tu que és tão forte, que derretes a neve, desprende o meu pezinho!

O Sol olhou para a formigucha e disse:

- Mais forte do que eu, é o muro que me tapa…

E a formigucha:

- Ó muro, tu que és tão forte que tapas o sol, que derrete a neve, desprende o meu pezinho!

O muro olhou para o sol (que já tapara), para a formiga e disse:

- Mais forte do que eu é o rato que me roi!

E a formigucha:

- Ó rato… tu que és tão forte, que rois o muro, que tapa o sol que derrete a neve, desprende o meu pezinho!

O rato, olha para o muro, para o sol e diz:

- Mais forte do que eu é o gato que me come!

E a formigucha:

- Ó gato, tu que és tão forte que comes o rato, que roi o muro, que tapa o sol que derrete a neve, desprende o meu pezinho!

O gato eriçou o pelo, olhou para a formiga, para o rato, para o muro, para o sol e diz:

- Mais forte do que eu é o cão que me morde!

E a formigucha:

- Ó cão… tu que és tão forte, que mordes o gato, que come o rato que roi o muro… que tapa o sol que derrete a neve… desprende o meu pezinho!

O cão olhou, desinteressado e ausente, espreitou o gato, o rato, o muro, o sol e o floco de neve e disse:

- Mais forte do que eu é o touro que me marra!

E a formigucha, já muito cansada, triste, cheia de frio, começa a pensar ter chegado a sua hora. O céu tornara-se cinzento, muito cinzento e feio, o frio apertava mais e mais e a formiga achou que ia morrer. Já quase sem forças, virou-se para o touro e suplicou:

- Ó touro, tu que és tão forte… que marras no cão, que morde o gato que come o rato… que roi o muro que tapa o sol que derrete a neve… desprende o meu pezinho!

E o touro, altivo e possante, disse:

- Mais forte do que eu é o homem que me toureia, me espeta bandarilhas no pescoço, me sangra e humilha e, finalmente, me trespassa o pescoço e mata!

A formigucha, ouviu, sentia-se cada vez mais fraca, esvaída e entregue ao fado da sua desgraça, as lágrimas corriam-lhe já pela carita triste, o céu cada vez mais feio e cinzento, do sol já nem sinal, todos os animais com quem falara haviam desaparecido, nenhum deles quisera ou pudera ajudar. A formigucha, já sem forças, olhou para o pé preso no floco de neve, enorme e, de repente, uma luzinha lhe iluminou o espírito. E se ela própria, tantasse puxar a patita? O floco parecia grande, mas valia a pena tentar. E é assim que ela puxa a patinha e, surpresa!... o pé liberta-se com a maior facilidade e a formiga repara então que o floco era enorme mas a neve, muito leve, não oferecia dificuldade em ser removida. Era só tamanho, mesmo!

A formiga, já liberta e feliz, continuou o seu caminho e, mais à frente, até encontrou uma cigarra (a cantar, naturalmente…). A formiga estava tão feliz que até cantou com a cigarra, esquecendo-se dos seus deveres de formiga da lenda, suposta, como era, de armazenar alimentos no celeiro.

E, no céu, o sol brilhava de novo!

6 Comments:

At 3:37 da tarde, Blogger Pitucha disse...

Tou puxando, tou puxando e tá quase!
Ou seja não desisti, mas o frio e o cinzento enrijece o floco de neve e dificulta a tarefa.
Beijos grandes e reconhecidos

 
At 10:19 da tarde, Blogger Madalena disse...

Conseguiste, Espumante!!!
beijinhos!
Beijinho para a Formigucha também!

 
At 10:14 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

Vou-te mandar uma história tb com formigas, mas neste caso uma versão diferente da formiga e da cigarra:
Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra que eram muito amigas.
>Durante todo o Outono, a formiguinha trabalhou sem parar armazenando
>comida para o período de Inverno. Não aproveitou nada do sol, da brisa suave do
fim da tarde e nem do convívio com os amigos no final do trabalho. O seu
nome era "trabalho" e o seu apelido "sempre".
Enquanto isso, a cigarra só queria cantar nos grupos de amigos e nos
bares da cidade. Não desperdiçou um minuto sequer! Cantou e dançou durante
todo o Outono, aproveitou o sol, curtiu a valer sem se preocupar com o
Inverno que estava para chegar.
Então, passados alguns dias, começou a fazer frio. Era o Inverno qu e
estava a começar.
A formiguinha, exausta de tanto trabalho, entrou para a sua singela
e aconchegante toca repleta de comida. Mas, nesse momento, alguém
chamou o seu nome do lado de fora da toca.
Quando abriu a porta para ver quem era, ficou surpreendida com o que
viu. Quem era? A sua amiga cigarra estava ao volante de um Ferrari com um
aconchegante casaco de vison.
A cigarra disse para a formiguinha:

- Olá amiga, vou passar o Inverno a Paris. Será que tu poderias cuidar da minha toca?

- Claro, sem problemas, respondeu a formiguinha. Mas o que te aconteceu? Como é que conseguiste dinheiro para ir a Paris e comprar

esse Ferrari?

>E a cigarra respondeu:

- Imagina tu que eu estava a cantar num bar, na semana passada e

>um produtor ouviu e gostou da minha voz. Fechei um contrato de seis

>meses para fazer vários shows em Paris... A propósito, a minha amiga

>deseja algo de lá?

>Respondeu a formiguinha:

> - Desejo sim. Se encontrares por lá um tal La Fontaine (autor da

>fábula original), manda-o ir para a P que o P...!!!!

A tua é mais educativa mas esta é tremendamente actual
Bjs odala

 
At 4:08 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Madalena

Não fui eu... fomos todos os que se interessaram e gostam dela. :)
Beijinho para ti

 
At 4:10 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

cokas
Não seja por isso. Há vários vôos semanais para lá :)))))
Depois, alugas um barco no Naval, sais às 5 e meia da manhã e duas milhas e 15 minutos depois o sol sai do mar e tu... vês :))
beijinhos

 
At 4:11 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

odala

O Contexto é diferente... :)))))
Mas, sem pretender "esmorecer-te", eu já sabia essa. Acho até que foi uma tal de Odala que ma contou e enviou por e-mail :)))))
beijinhos

 

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