Pare, SCUT, Olhe...PUM! Era analfabeto
Acabei de ver um representante do PS no Algarve a expressar uma série de catilinárias na TV sobre a aplicação de portagens nas SCUT, com aquele ar de marialvismo mal disfarçado que emprestam às grandes causas e a associar-se ao “povo algarvio” nas suas justas reivindicações.
Esta questão das SCUT faz-me reflectir sobre a forma como os responsáveis do país onde vivo - e que também é meu - geram questões onde não vislumbro qualquer fundo de polémica e que deveriam ser facilmente compreendidas, pela sua clareza Senão, vejamos:
- João Cravinho foi o pai das SCUT. Não sei se convictamente achou que estava a fazer bem ou se o fez apenas porque sim. Tal como há algumas décadas assumiu um forte protagonismo e responsabilidade no desmembramento e nacionalização de empresas privadas.
- É consensualmente reconhecido que este tipo de medidas se inscreveu sempre muito mais numa lógica de partido e de idiossincrasia ideológica do que verdadeiramente pela convicção de que aquelas medidas seriam as mais aconselháveis ao desenvolvimento, ao bem estar e justiça sociais;
- Ainda não consegui ouvir um válido contraditório ao facto de as SCUT constituírem um verdadeiro atentado à economia, um exemplo de má gestão e total irresponsabilidade, sobretudo em relação a gerações vindouras que teriam de arrostar com uma dívida de enorme magnitude, apenas porque um socialista cristalizado e zangado com os capitalistas achou que estava a fazer o melhor;
- Ainda há pouco, na Assembleia da República, Santana Lopes desmontou com alguma eficiência a falácia das SCUT, acusou directamente João Cravinho de responsável principal pelo desastre e não vi João Cravinho ou qualquer dos seus pares fazer mais que esboçar sorrisos cínicos (aliás esta coisa dos “sorrisos superiores” está bem na linha dos sorrisos que há poucos dias vi na cara dos deputados europeus, quando Durão Barroso adiou a votação – e que espelha bem a ligeireza, revanchismo e total ausência de sentido democrático da esquerda que temos), sem que esboçassem sequer qualquer argumentação de defesa;
- Não consigo perceber, ainda, porque é que este governo, ou outro, ou alguém ou, quem sabe, até, o Presidente da República não “expliqa” aos portugueses este tremendo logro das SCUT e permita que se continue a debater a teoria do utilizador-pagador quando, na verdade, este debate está ferido de legitimidade e acaba por apadrinhar um debate que não deveria ter sequer razão de existir.. Não há SCUT porque não há dinheiro para as pagar, ou melhor, para as pagar ( e basta recordar o exemplo recente da CREL) terá de se ir buscar o dinheiro a outro lado qualquer.
Sócrates deveria parar um minuto e “explicar” aos seus correligionários isto mesmo. Em vez de permitir que um Partido que está preste s a ganhar as próximas legislativas não só colabore neste estilo arruaceiro de fazer política, dando cobertura a acções como esta do Algarve, como ainda, pior, valide uma situação de continuidade duma política populista e de embuste, esta sim, populista, de nos agradar a todos fazendo de todos nós estúpidos.. É desonesto, é criminoso, é danoso dos nossos mais legítimos interesses e aspirações e deveria haver alguém que conseguisse ou pudesse explicar isto aos portugueses.
E se a minha condição de cidadão comum não me permite reparar nalgum argumento favorável às SCUT que me esteja a passar ao lado, façam o favor de me esclarecer.
Fico à espera da “recuperação” das SCUT com Sócrates como primeiro ministro, Guterres como Presidente da República e o F.C.Porto a ganhar campeonatos. É... o meu futuro não e risonho!
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