Farto de me chamarem parvo
Se eu trabalhar para uma empresa comercial privada e fiar
aos amigos em regime de favor, sabendo que eles não me pagam, ao fim de um
ano, o máximo dois, vou para a rua. Salvo se aparecer um Arménio qualquer a
perorar sobre direitos adquiridos, mas o mais certo é ir para a rua, mesmo. Se
eu trabalhar nessa mesma empresa e além de fiar aos amigos, lhes pedir uma
parte do valor da venda como comissão, vou para a rua e, provavelmente, preso.
Não há grandes dissemelhanças entre este quadro e o que se
passou na CGD: A diferença é que não estamos a falar de trocos, mas de milhares
de milhões. Com a diferença que os prevaricadores não precisam de Arménios para
nada, porque os Arménios é que precisam deles. Outra diferença é que o prejuízo
que eu causei foi ao meu patrão da empresa comercial privada, que me andou a
pagar salários, segurança social e outras regalias. Já na CGD, o prejuízo é partilhado
por mim e mais uns milhões de papalvos que ainda por cima têm de ouvir gente
fanática e perigosa a berrar no Parlamento e outras instituições que a culpa é do
sistema financeiro privado, nos intervalos em que dizem que a Teodora Cardoso
receber um salário é um milagre (imagine-se esta gentalha a mandar sozinha…).
Ou de outra entidade qualquer, passando pelo facto amplamente conhecido que as facilidades
passaram pelas mãos de um grupo de gente imoral, exemplos acabados de gatunagem
engravatada que não só se abotoaram com milhões num período de tempo bem definido, como conseguem promover uma forma
criminosa de propaganda (nada de novo para mim…) em virtude da qual ainda
acabamos a pedir desculpa ao Altíssimo nas nossas orações da noite pelos males
que cometemos em deixar os tubarões da banca privada à solta por aí.
Nota 1 : Marcelo fez uma triste figura tentando enaltecer as
virtudes de, afinal, os prejuízos da CGD não terem sido tantos quantos se esperava.
Nota 2 : Ainda ontem, o José Gomes Ferreira explicava na SicN, tecnicamente,
o prejuízo da CGD e tentava dizer que o mal podia ainda ter sido pior. E eu
digo tentava, porque de cinco em cinco em segundos a menina moderadora o interrompia
e perguntava «então é uma boa notícia para os portugueses, não é?» e Gomes
Ferreira continuava, «não, não é uma boa notícia, digamos que é uma notícia não
tão má como se…» e ela insistia «…mas os portugueses têm razão para estar
satisfeitos, não têm?...».
Não me vou repetir,
porque a mocinha interrompeu Gomes Ferreira cinco vezes (vou repetir: cinco
vezes), sugerindo que ele dissesse que o prejuízo da Caixa era uma boa notícia
deste Governo. Falta dizer que a mocinha era bonitinha. Pena que tivesse tanto
de bonitinha como de visceralmente estúpida. Não lhe vi as vísceras, até porque
ela ostentava um decote generoso, apenas ouvi… e sempre que a ouvia fechava-se-lhe
irremediavelmente o decote.
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Etiquetas: CGD, farto de me chamarem estúpido
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