sábado, março 11, 2017

Farto de me chamarem parvo





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Se eu trabalhar para uma empresa comercial privada e fiar aos amigos em regime de favor, sabendo que eles não me pagam, ao fim de um ano, o máximo dois, vou para a rua. Salvo se aparecer um Arménio qualquer a perorar sobre direitos adquiridos, mas o mais certo é ir para a rua, mesmo. Se eu trabalhar nessa mesma empresa e além de fiar aos amigos, lhes pedir uma parte do valor da venda como comissão, vou para a rua e, provavelmente, preso.

Não há grandes dissemelhanças entre este quadro e o que se passou na CGD: A diferença é que não estamos a falar de trocos, mas de milhares de milhões. Com a diferença que os prevaricadores não precisam de Arménios para nada, porque os Arménios é que precisam deles. Outra diferença é que o prejuízo que eu causei foi ao meu patrão da empresa comercial privada, que me andou a pagar salários, segurança social e outras regalias. Já na CGD, o prejuízo é partilhado por mim e mais uns milhões de papalvos que ainda por cima têm de ouvir gente fanática e perigosa a berrar no Parlamento e outras instituições que a culpa é do sistema financeiro privado, nos intervalos em que dizem que a Teodora Cardoso receber um salário é um milagre (imagine-se esta gentalha a mandar sozinha…). Ou de outra entidade qualquer, passando pelo facto amplamente conhecido que as facilidades passaram pelas mãos de um grupo de gente imoral, exemplos acabados de gatunagem engravatada que não só se abotoaram com milhões num período de tempo bem definido, como conseguem promover uma forma criminosa de propaganda (nada de novo para mim…) em virtude da qual ainda acabamos a pedir desculpa ao Altíssimo nas nossas orações da noite pelos males que cometemos em deixar os tubarões da banca privada à solta por aí.

Nota 1 : Marcelo fez uma triste figura tentando enaltecer as virtudes de, afinal, os prejuízos da CGD não terem sido tantos quantos se esperava.

Nota 2 : Ainda ontem, o José Gomes Ferreira explicava na SicN, tecnicamente, o prejuízo da CGD e tentava dizer que o mal podia ainda ter sido pior. E eu digo tentava, porque de cinco em cinco em segundos a menina moderadora o interrompia e perguntava «então é uma boa notícia para os portugueses, não é?» e Gomes Ferreira continuava, «não, não é uma boa notícia, digamos que é uma notícia não tão má como se…» e ela insistia «…mas os portugueses têm razão para estar satisfeitos, não têm?...».

Não me vou  repetir, porque a mocinha interrompeu Gomes Ferreira cinco vezes (vou repetir: cinco vezes), sugerindo que ele dissesse que o prejuízo da Caixa era uma boa notícia deste Governo. Falta dizer que a mocinha era bonitinha. Pena que tivesse tanto de bonitinha como de visceralmente estúpida. Não lhe vi as vísceras, até porque ela ostentava um decote generoso, apenas ouvi… e sempre que a ouvia fechava-se-lhe irremediavelmente o decote.


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