sexta-feira, junho 06, 2014

O nosso dentista


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Para nós, europeus, os americanos funcionam tal qual os dentistas. Só nos lembramos deles quando nos dói o dente. Depois da cárie tratada ou extracção realizada, malhamos-lhes em cima, maltratamo-los e armazenamos neles todas as malfeitorias terrenas. E divinas, mesmo, para os dados à coisa.

O D-Day constitui uma autêntica gesta de um punhado de heróicos soldados que invadiram a Normandia e num extremado acto de nobreza e valentia contribuíram para purificar a Europa das cíclicas maleitas em que somos peritos em contaminá-la. Uma grande parte dessa força expedicionária era constituída por soldados americanos, uma vez mais. De longe, o maior número de Divisões dos Aliados eram americanas.

Depois disso, Europa limpa, arrumada e reconstruída, já deu tempo para nos começarmos a entreter com novas tricas e um dia destes rebenta por aí uma «bernarda» qualquer. Enquanto rebenta e não rebenta, ocupamo-nos com denodo a falar mal dos dentistas, outra vez. Ele é o Vietname, ele é a Coreia do Norte, o bloqueio de Cuba, ele é o Irão, ele é a Palestina, ele é o Iraque, ele é Guantanamo, ele é os aviões que aterram nos Açores, ele é uma série de coisas que precisam de ser dealt with enquanto os europeus se ocupam a determinar o tamanho dos pepinos, o diâmetro das sanitas e se a bandeira da UE deve ficar, ou não, a meia haste quando morre um Papa.

Eu que nem sou muito (melhor, sou nada) de dias disto e daquilo, tenho um respeito especial por este dia. O dia de hoje, efeméride de 6 de Junho de 1944 quando, com mais de 1000 mortos na praia, um grupo de heróis permitiu que a Europa atingisse os mais elevados índices de conforto, de progresso, segurança, bem-estar e, acima de tudo, liberdade. Coisas que um grupo de mentecaptos e desocupados se esforça por destruir. Um dia lá teremos, de novo, de chamar o dentista.





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1 Comments:

At 5:58 da tarde, Blogger clinicadomarques disse...

Ir ao dentista pode ser doloroso e acho que não há quem não tenha um certo receio de os visitar. Por isso é que os visitamos apenas quando já não aguentamos a dor. Acontece o mesmo com os americanos. Evitamos ao máximo mas quando já não podemos mais sozinhos temos que ir à "consulta".

 

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