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Há uns tempos escrevi este post. A motoqueira de então, nove
anos passados, fez ontem noventa e cinco anos. Aperaltou-se (como de resto faz
todos os dias), maquilhou-se cuidadosamente e foi ao cabeleireiro. À tarde,
teve à sua volta os filhos, todos, noras, genros, netos, sobrinhos, cunhadas e
uma farta mesa de guloseimas que ela sempre apreciou ao longo da sua vida.
Deliciou-se com um punhado de histórias contadas pelos filhos, que recordaram
episódios da sua meninice na variada geografia que lhes coube em sorte. Sempre
juntos, sempre unidos, até os estudos obrigarem a rumos diversos que nem por isso impediram que ontem estivessem todos juntos outra vez.
Estava feliz a minha mãe. Já não anda de moto, o corpo está
bom mas a cabecita vai estando cansada e desconcertada, provavelmente por tanta
coisa que viu, ouviu e viveu. Também já não fala tanto, mas reparei num brilho indisfarçável dos seus olhos, cansados de já terem visto tanto. De resto, estava ali
representado tudo o que para ela teve sempre um valor superlativo e
incontornável. A família, o carinho, a risada franca, a boa mesa e, ainda,
saber-se recordada e saudada, como atestavam os vários telefonemas que recebeu.
Por isso ela estava feliz. Porque, realmente, é isso que ela teve a felicidade
de ser na sua velhice. Feliz.
*
*
5 Comments:
Que bom! Estou convencida que as pessoas que foram boas e queridas para os outros durante as suas vidas quando são mais "crescidas" não acabam sózinhas.
Parabéns!
xx
Parabéns!
Este comentário foi removido pelo autor.
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Papoila
MargaridaCF
Muito obrigado pela vossa amabilidade. Um beijinho.
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