quarta-feira, maio 22, 2013

Amostra sem valor



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O cenário era magnífico. Já os adereços… eram de uma compungente realidade. No final do Conselho de Estado, os conselheiros iam saindo, circunspectos e altaneiros, com aquela naturalidade de quem sabe estar a ser filmado por mil câmaras. E de cada vez que passavam, ressoava a pergunta mais idiota imaginável no momento. Um ramalhete de repórteres espetava o microfone, ar acima, e perguntava: - Então, senhor doutor, o conselho correu bem? Ainda me mantive na expectativa de ouvir algum dos conselheiros dizer: - Olhe menina, uma chatice, correu tudo mal, uma autêntica bosta. Estamos feitos ao bife

Mas ninguém se manifestou, ocupados que vinham a falar uns com os outros. Apenas Jorge Sampaio disse uma graçola à la mode, dizendo que se admirava como é que os repórteres tinham paciência para ficar ali tanto tempo. Fê-lo com aquele risinho que aprendeu e desenvolveu dos tempos em que dizia que havia vida para além do défice. E Mário Soares, naturalmente, disse que tinha de ir jantar. Porque está doente.
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