Amostra sem valor
O cenário era magnífico. Já os adereços… eram de uma
compungente realidade. No final do Conselho de Estado, os conselheiros iam saindo,
circunspectos e altaneiros, com aquela naturalidade de quem sabe estar a ser
filmado por mil câmaras. E de cada vez que passavam, ressoava a pergunta mais
idiota imaginável no momento. Um ramalhete de repórteres espetava o microfone,
ar acima, e perguntava: - Então, senhor doutor, o conselho correu bem? Ainda me
mantive na expectativa de ouvir algum dos conselheiros dizer: - Olhe menina, uma
chatice, correu tudo mal, uma autêntica bosta. Estamos feitos ao bife.
Mas
ninguém se manifestou, ocupados que vinham a falar uns com os outros. Apenas
Jorge Sampaio disse uma graçola à la mode, dizendo que se admirava como é que
os repórteres tinham paciência para ficar ali tanto tempo. Fê-lo com aquele
risinho que aprendeu e desenvolveu dos tempos em que dizia que havia vida para
além do défice. E Mário Soares, naturalmente, disse que tinha de ir jantar.
Porque está doente.
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Etiquetas: comunicação social
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