Pissed off goose
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Encontrei-o vagueando na estrada do Guincho, junto ao parque do restaurante das furnas. Macambúzio, abúlico e taralhoco. Parei o carro e perguntei-lhe o que tinha. Sick my duck, disse-me o ganso e levou-me algum tempo até eu decifrar o trocadilho. Mas lá atingi, e percebi que parecia irritado, deprimido e não queria que o chateassem. Ainda lhe perguntei o nome, mas ele grasnou qualquer coisa ininteligível e caminhou, desengonçado ao longo da berma da estrada, do lado do mar. De repente, bateu as asas e, desajeitadamente, tentou voar. De pouco lhe valeu o propósito. Esparramou-se com estrondo e espuma numa onda prestes a rebentar. Vi como ele foi atirado contra as rochas, desalentado. Chamei: Sick my duck. Grasnou-me, mal humorado, sick my duck era a avozinha.
Não foi bem isto o que ele disse mas ainda são dez da noite e não dá para escrever palavrões. O ganso desistiu de voar, meteu-se à água, apanhou a borla de uma onda de viés e deixou-se ir. Boiando. E não é que começou mesmo a afastar-se da costa? Já a uma distância considerável do enrocamento das furnas, virou-se para mim e acho que esboçou um adeus com uma das asas. Deve ter apanhado uma corrente favorável, porque rapidamente, levado pela maré, se afastou, mar adentro, e não voltei a vê-lo.
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Etiquetas: coisas do demo
1 Comments:
Atravessou o Atlantico! Estava um pouco cansado, mas com os mimos que recebeu está bem e feliz. Não há nada tão eficaz, como um carinho gansolinico:)))*
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