quinta-feira, março 22, 2012

Mais uma corrida, mais uma viagem

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Mais uma greve geral. A vida das pessoas assenta numa dinâmica estranha em que um reduzido número de militantes a pode condicionar. Já nem se sabe bem os porquês da greve. Longe vão os tempos em elas se faziam na luta por melhores salários, regalias ou garantias. Hoje, consolidado que está esse desiderato ao nível de um grupo restrito de trabalhadores que o defende com unhas e dentes, as greves fazem-se por pura militância política por via de um qualquer Silva ou Arménio ou um displicente Proença, que facilmente manipulam aqueles que se sentem ameaçados na sua zona de conforto, como agora soe dizer-se, sem cuidarem de saber do calamitoso nível de desemprego no país ou, sequer, de pensarem por quanto tempo poderão usufruir das escandalosas benesses que foram acumulando durante a (criminosa) fantasia socialista em que temos vivendo.

As greves hoje não precisam de ter razões. Nem causas. A última de que me lembro era a de que queriam que uns quantos processos disciplinares na CP fossem pura e simplesmente destruídos. Jamais me passaria pela cabeça algum dia me sentir chantageado a este ponto. Hoje, sem causas, os grevistas limitam-se a justificar a greve pelo estado da crise em Portugal. E, inconscientes da dimensão dos problemas mas bem conscientes da sua importância (e conhece-se bem a matriz de um português consciente da sua importância, é vê-lo nas rotundas, atrás de um guichet de atendimento público, arrumando um carro em segunda linha ou administrador de um condomínio), o português faz greve e refocila-se no mundo irreal das suas idiossincrasias.
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