sexta-feira, agosto 12, 2011

Os britânicos não colaboraram





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Pode ter calhado, mas ainda não ouvi um único britânico, governante, residente ou mero turista no Algarve que «achasse» que os tumultos ocorridos naquele país radicassem nas malfeitorias de que os europeus são normalmente acusados, sempre que se trata de falar nas comunidades de imigrantes.

Por cá, é o que se sabe. O sol, a chuva, o frio, o calor, o desemprego, as diferenças sociais, a falta de oportunidades, o consumismo, a falta de poder de compra dos imigrantes (exactamente para, ao que parece, poderem aceder ao condenado consumismo), a «guetização» das comunidades, a brutalidade das polícias, a direita, o capitalismo, o liberalismo, o… qualquer coisa que meta «neo», a sociologia, os cuidados de saúde, a sopa com falta de sal, o pão que tem sal a mais, a intolerância, os franceses que proibiram a «burka», os alemães que pariram um Hitler, os holandeses porque davam graxa aos alemães, os austríacos porque bem lá no fundo são mais nazis que os alemães, os belgas porque não têm governo e também tiveram colónias em África, as monarquias, os suíços porque são uns sonsos, os dinamarqueses que fizeram caricaturas do profeta, os espanhóis porque não dão a independência à Galiza, Catalunha e País Basco, os finlandeses que não nos compreenderam e não nos queriam pagar as contas, os italianos porque os do Norte descriminam os napolitanos e os sicilianos e o Berlusconi porque pinta o cabelo, os sérvios porque não gostam dos albaneses, o PSD porque são todos a mesma coisa e havemos de chorar pelo Sócrates, o Benfica porque vendeu o Roberto por €8.6 M. Os nossos «tudólogos», para usar uma feliz designação do João Gonçalves, trataram de erigir uma barreira da causas, culpas e consequências. Científicas, sociais, políticas, económicas e economicistas, aquele palavrão que os capitalistas de esquerda inventaram.

Os ingleses, repito, limitaram-se a afirmar a sua vergonha pelo sucedido, a sua incompreensão pela falta de determinação das polícias e, sem rebuço, «achar» que este é um caso de desordem, de tumulto e que como tal deveria ser tratado. Se preciso fosse que chamassem o exército. Para além de considerarem que fazer do multiculturalismo uma religião é um exercício masturbatório da esquerda politicamente correcta, trágico tanto para os europeus como para os próprios imigrantes. É. Pode ter sido coincidência, ou azar dos repórteres, mas foi sempre isso que ouvi.


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