domingo, setembro 05, 2010

O mundo estranho da informática


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E esta Sexta-Feira passada, quando cheguei ao escritório e soltei duas imprecações por julgar estar sem internet, acabei por concluir que não era avaria nenhuma. Aparentemente, a mulher das limpezas ao aspirar a alcatifa por debaixo da minha secretária desligou um fio de telefone... eu, com o jeito peculiar que Deus me deu para estas coisas pensei em tudo menos nisso, de maneira que chateei meio mundo, sumidades de informática, doutorados e doutorandos na elevadíssima ciência virtual... e eu não sei se sabem o que significa ter informáticos agarrados a um computador tentando decifrar uma avaria, sobretudo quando eles põem aquela cara de expressão condescendente para com os pobres mortais que não percebem nada de computadores. Sentam-se, pegam no rato, calam-se (esta do "calam-se" é importante... não dizem nada, apenas balbuciam respostas breves e quase ininteligíveis quando a gente já está sem paciência e pergunta que raio é que estão a fazer e eles dizem para termos calma porque "ele", este "ele" é o computador, bem entendido, está a "pensar"...), andam com o rato para cima, com o rato para baixo, franzem o cenho, os olhos, a testa, cofiam a barba (um bom informático não faz a barba todos os dias) tudo isto numa atmosfera solene e de profunda intelectualidade... depois abrem uma janela... e outra, e outra ainda, clicam ali, depois clicam aqui... o tempo passa e nós “perdemo-nos”, ficamos sem fazer a mínima do que estão para ali a fazer... eu nestas coisas às tantas reconheço que não faço a mais pálida ideia do que se está a passar, mas o grave é que começo a achar que eles também não – entraram na estratosfera virtual, um cosmos muito peculiar a que nem todos temos o privilégio de ver a porta aberta e ficam eles também, sem a mais remota ideia do que estão a fazer... olham... clicam... deixam o "coiso" pensar... abrem mais janelas, olham vaga e profundamente para o monitor... e, de vez em quando, olham para nós e deixam escapar um expressão qualquer que nós não percebemos, mas a ideia é mesmo essa, é não percebermos, eles gostam que a gente não perceba - aumenta o suspense e claramente valoriza a missão de que foram incumbidos e para a qual Deus Nosso Senhor os habilitou e Ele lá teria as Suas razões para a Sua selectiva escolha. Normalmente isto acontece, portanto, já na tal fase em que o técnico também já não sabe bem (nem mal) o que está a fazer. Ah!!!! Importante. Aproveitam e tiram lixo, "coisas", “tralha”, que a gente não precisa.... "coisas" que estão ali a mais, não são vírus, atenção, que vírus é “outro departamento”, são... lixo, assim uma espécie de "excremento" mais ou menos tolerável, mas que não deixa de ser excremento e, como tal, deve ser eliminado. É nesta altura que nós nos achamos uns profundos ignorantes, afinal não sabíamos que os computadores tinham excrementos, afinal defecavam como um comum mortal… mesmo assim atrevemo-nos a dizer que o excremento encontrado não fazia diferença nenhuma... nós apenas pedimos auxílio porque não conseguíamos ligação á Internet. Mas isso provoca um olhar de desprezo, claramente uma mirada “por cima da burra”, talvez mesmo comiseração pelos pobres de espírito que não sabem distinguir a informação boa da má e, sobretudo, que os computadores produziam excrementos.

Pois, foi isso o que me aconteceu. E depois de um looooooooooooongo período nestes termos, há alguém que, com a graça de Deus, repara numa pontinha do fio telefónico, uma coisa minúscula, fininha e que está numa zona mais ou menos emaranhada de pequenos fios e pergunta inocentemente: este fio não estará desligado? Aí esse alguém, um ex-segurança de dois metros de altura e com os antebraços da grossura de uma perna e que agora é apenas estafeta da empresa, desde que partiu uma clavícula e começou a ter dificuldades em andar ao estalo e praticar o Kung - Fu, esse alguém, dizia eu, pegou no pontinha de fio metálico e perguntou: - Alguém tem um canivete?

Ninguém tinha um canivete. Esse alguém mete diligentemente o fio nos dentes, descarna o plástico, pega numa lima de unhas metálica que por magia apareceu, desenroscou um pequeno parafuso, colocou o fio, apertou o parafuso e... tchan, tchan, tchan, tchan ... eis ali a net ligada, a linha telefónica operacional e tudo nos conformes. O cientista, o informático encartado olhou para o "alguém salvador" e acho que o poderia fuzilar com os olhos... disse-me que já agora ia fazer não sei quê, não sei quê. Aí eu disse PEREMPTORIAMENTE. Olhe, você não vai fazer NADA, porque EU NÃO DEIXO. Muito grato pela sua atenção, foi uma ajuda excelente agora deixe-me ver o correio e trabalhar.

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4 Comments:

At 7:01 da tarde, Blogger estouparaaquivirada disse...

Para a próxima, vais direitinho ao fio...
Um dia chamei o técnico da máquina de lavar a roupa porque ela não centrifugava.
O senhor olhou para a máquina e perguntou :Porque é que pôs este botão para dentro?
Eu????? Não mexi em nada!
Mexeu, mexeu...é que carregou no botão de NÃO CENTRIFUGAR!!! TENHO MUITA PENA MAS VAI TER QUE PAGAR 25 EUROS DA DESLOCAÇÃO....:)))

 
At 9:01 da tarde, Blogger Dulce Braga disse...

Ah...Espumante mal agradecido...e a faxininha básica que ele fez no seu PC???:)))
Agora a sério, daqui assim como das histórias infantis ou das parábolas biblicas pode se tirar uma grande lição:
Comece sempre achando que o problema pode ser de fácil resolução!***

 
At 9:04 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

papoila

Quem sabe não andas a sofrer de sonambulismo e andas a carregar em botões enquanto dormes :))))))

 
At 9:09 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Dulce Braga

Tenho de confessar a minha dificuldade em perceber este comentário... apenas porque para mim, uma «faxininha» tinha um significado bem específico que pouco ou nada tinha a ver com PC's. Admito a minha ignorância e presumo que a «faxininha ao computador» seja qualquer coisa parecida com uma revisão. Será :))))
Quanto ao resto... já roubei uma bíblia da gaveta de uma mesinha de cabeceira de um hotel e comecei a ler. Assustei-me logo porque a primeira coisa que li foi «Não roubar». Mas lá encontrarei, certamente, muitas parábolas que me conduzam à ideia de que os problemas complicados podem ser de fácil resolução
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