Pax et bonum!

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Não que o Comité para a atribuição dos prémios Nobel me mereça ainda muito crédito, de cada vez que os prémios são passíveis de serem inquinados pelo politicamente correcto, como o da paz e o da literatura. Mas confesso que aquela gente, desta vez se excedeu. Dar o Nobel da paz a um homem que se viu envolvido numa dinâmica vencedora, iniciada e alimentada por mestres exímios no mister, ainda que tenha demonstrado estar à altura de não desmerecer da sua condição fulcral no processo, parece-me susceptível de conduzir a um grande constrangimento. Pelo menos para aqueles que mantêm a decência de pensar que um prémio é, em última analise, para premiar qualquer coisa e não para servir de incentivo a acções futuras.

Esta última asserção, incentivo a acções futuras, tem sido o diapasão geral dos politólogos e comentaristas da nossa praça que, não querendo desmerecer da sua condição de comentadores do regime, também não arranjaram argumentário melhor que não fosse exactamente esse – o de achar que o prémio de Obama não é pelo que ele fez, mas por aquilo que ele há-de vir a fazer.

A parte triste de tudo isto é o desrespeito por muita gente anónima que luta efectivamente pela paz mundial. Frequentemente através da mera prestação do seu trabalho, longe das luzes da ribalta politicamente correcta. Para não falar do jeito que €1.000.000 eventualmente lhes faria. E conheço alguma.

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