quinta-feira, outubro 15, 2009

O sonho de Louçã e de Jerónimo


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Máquinas de bypass que se apagan, llantos de bebé que resuenan. Cuños que caen sobre las hojas para negar y censurar; kilobytes que llevan mi voz por Internet sin necesidad de moverme. Alguien que me mira ceñudo mientras habla por el walkie-talkie del control. Un pájaro llamado Twitter me alza entre sus patas. Oficinas con gente uniformada que confirman “usted no puede viajar por el momento”, si bien ya estoy a miles de kilómetros de aquí, en ese mundo virtual que ellos no pueden comprender ni cercar.

Louçã e Jerónimo não estariam sozinhos neste sonho. Estariam acolitados por uma corte de querubins, vassalos da sua divina atribuição como condutores dos destinos dos homens e do mundo. E em alturas do sonho teriam reuniões com camaradas, uniformados, que lhes diriam quem pode sair de Portugal e quem não pode.

De vez em quando acordam, um ajusta o nó da gravata, o outro faz questão que reparemos que não ajusta gravata coisa nenhuma pela simples razão de que não a usa e lançam-se na lida diária de brincarem à liberdade. Votando, falando na Assembleia, debatendo e outras esquisitices do género. Até à vitória final.

Um dia serão remetidos naturalmente para um canto de uma galeria que a História tem de «amostras sem valor». Onde pertencem.

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