sexta-feira, agosto 14, 2009

Coincidências


Coincidência

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A coincidência (entenda-se o sentido literal da coisa, acontecimentos a coincidir) é um fenómeno que assenta basicamente em duas premissas. Ou há uma série de acontecimentos que naturalmente coincidem e dão corpo natural ao vocábulo ou há uma estratégia rigorosa, estudada e traçada ao milímetro, que faz com que o rebanho mais avisado torça o nariz pela oportunidade com que os factos coincidem. E torce o nariz porque, a ser este o caso, a coincidência não é coincidência coisa nenhuma.

Moniz sai da TVI, Ferreira Leite derrapa estrondosamente na elaboração das listas de deputados, a blogosfera afina um coro apropriado, Sócrates escreve um artigo inqualificável e «coincidente» no Diário da Manhã Jornal de Notícias e, de repente, o produto sobe (deixa cá ver…) 0,3%, e Sócrates salta para a comunicação social, após umas merecidas e secretíssimas férias, a explicar aos portugueses qualquer coisa, e cito de cor, como o princípio do fim da crise. Mais. Segue-se uma extraordinária frisa de programas e comentários políticos onde toda a gente diz, mutatis mutandis, que a crise ainda não passou mas que estamos perante um facto positivo.

E é com esta «positividade» que nos aproximamos de mais uma operação de escrutínio nacional em que os portugueses são peritos em borrar a escrita. Pressinto que o currículo pouco recomendável de Sócrates dos últimos quatro anos seja lavado e engomado como a bandeira de Lisboa o foi no 5aSec antes de ser devolvida à Edilidade e assistamos, uma vez mais, ao plebiscito do costume. Antes de, como se espera, passarmos à fase de falar mal do PS outra vez.

Estranho país, este.
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