quarta-feira, março 04, 2009

300 paus. À vista, não dá inibição de conduzir


Avenida de Brasília. À esquerda da linha férrea (clicar na foto para ver bem). Velovidade máxima permitida: 50 km/h, durante alguns quilómetros

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De há muito que me converti à condução moderada em Lisboa. Tanto no que se refere à velocidade como ao estacionamento. Daí que os loucos que percorrem Lisboa em “mode de quem acabou de roubar o carro” ou o estacionam dando exemplo da mais mirabolante imaginação, me causem calafrios e desdém. Ainda há dias estive cerca de quinze minutos num “pharma-drive” (av. do Rosário em Cascais) estacionado atrás de um carro na fila dos utentes, aguardando a minha vez, até descobrir que o carro não tinha ninguém lá dentro e me pôs à beira de uma crise apoplética, sobretudo quando o dono apareceu e me disse que na rua fora do parque da farmácia não “havia lugar e que tinha sido só um bocadinho”.

Pois este vosso criado ontem foi despojado de €300 (ai que até me dói falar no assunto) porque conduzia a 91 km/h na avenida de Brasília que, como se sabe, é uma avenida que convida a velocidades de 120. Passando eu diariamente naquela avenida e abrandando religiosamente no sinal do radar que destaca, feérico, o sinal de 50, continuo depois o meu caminho até atingir os 80/90 à chegada ao viaduto das docas de Alcântara. Pois foi aí que um polícia sorridente e de bigode amarelo (juro…) me mandou parar. Depois de me comunicar que eu seguia a 91 km/h numa zona “berrebéubéu” (aqui saiu aquela ladainha que eles aprendem nos compêndios e, provavelmente, na série COPS da Fox) disse que além da coima dos €300 eu ficaria inibido de conduzir por dois meses a dois anos. Mas que não me preocupasse – se pagasse já e voluntariamente e como os juízes só costumam aplicar a inibição de condução aos jovens de dezoito anos e assim, eu não deveria ser inibido.

Paguei e fui-me embora. A subir a Infante Santo, a bagunça regressou, mesmo comigo já mais leve em €300. Gente ziguezagueante pela Infante Santo acima (ai, aqueles comerciais de rede ao meio…) deu-me vontade de voltar atrás e bater no polícia. A confusão terceiromundista ao pé do hospital da Cuf (não deve haver no mundo um hospital com uma localização como aquele) fez-me recordar que vivo em Lisboa e pouco mais há a fazer que lamentar esta mentalidadezinha de comerciante de melões de Almeirim (sem ofensa para os melões, que são excelentes) que leva polícias para a Avenida de Brasília caçar trezentos paus aos perigosíssimos condutores dos noventa à hora, enquanto na cidade se continua a matar peões nas passadeiras, estacionar naqueles passeios que o presidente António Costa disse que havia de acabar com eles e cometer toda a sorte de barbaridades.
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6 Comments:

At 5:11 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

às vezes penso que tenho de deixar de ler o teu blog, senão a minha azia contra o país real não para de aumentar... é triste, muito triste.

 
At 9:59 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

e a malta que estaciona em plena via pública à frente da PJ (obrigando duas vias de circulção a convergirem numa), por exemplo, "lixando" o trânsito todo pela Jacinta Marto abaixo até à Almirante Reis...

 
At 10:07 da tarde, Blogger Carlota disse...

De facto, custa, mas como costuma dizer um amigo meu, antes para isso do que para a farmácia.

 
At 12:31 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

springhasasister

Não fiques triste. Estragas a felicidade que sentes em andar feliz :))
deixa-te estar por Londres. Vai por mim ...

 
At 12:33 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Geraldes

Para aí não tenho ido muito, mas é bom saber porque quando me reformar lá estarei com o bom povo à porta da Judiciária a chamar nomes ao pessoal que vai prestar declarações :))

 
At 12:35 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Carlota

Te garanto eu que sou capaz de dar muito melhor uso a €300 numa farmácia (desde que seja uma boa farmácia) do que entregá-lo a um polícia de bigodes amarelos, assim uma versão lusa de Bismarck, mas com um ar infinitamente mais estúpido...
:)

 

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