O congresso dos socialistas
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Das incidências e ilações a retirar do congresso socrático não vale a pena falar. Há abundante informação por aí. Recomendo vivamente o trabalho do 31 que dá uma imagem nítida do festim.
Assim sendo, resta-me registar os dois aspectos que mais me impressionaram no congresso.
1) A forma indecente como Sócrates enovela a vitória eleitoral que deseja com as suspeitas que sobre ele recaem no caso Freeport. Despudoradamente, mistura factos com a conceitualização do essencial, ou seja a presunção de inocência até prova de culpa e isso ultrapassa claramente os limites da decência que ele e o Partido não têm. As pessoas deverão votar nele empenhadas na aceitação de que os factos vindos a lume pertencem indubitavelmente à tal campanha negra. Os inúmeros funcionários, delegados, autarcas e amanuenses do Partido percebem-no bem e votarão em conformidade.
2) A fulanização do elogio, o panegírico fácil e terceiro-mundista, a terminologia reverencial onde os valetes de serviço fizeram desfilar termos como sério, corajoso, inteligente, determinado, rigoroso, mãos seguras e até não titubeante (esta é extraordinária) foi o acto de maior proselitismo da função. Arrepiei-me porque me lembrei de uma avenida em Maputo chamada Kim Il Sung, onde todos os anos, por altura do aniversário do Grande Líder, um séquito de kamaradas se deslocava à placa toponímica e lavava-a, escovava-a e faziam uma cerimónia solene em que um orador falava para um grupo de cidadãos iguais na cara e na fatiota. Eu ouvia tudo porque a placa era à esquina do jardim da minha residência e naturalmente não percebia. Mas o Notícias do dia seguinte encarregava-se de publicar a respectiva tradução. Uns anos depois, ouvir o desfile de elogios que referi atrás provoca-me uma azia intensa e fez-me pensar que se calhar não somos assim tão diferente dos norte-coreanos e que o comunista Bernardino é que é capaz de ter razão.
3) Uma nota final para uma afirmação extraordinária que ouvi: Fomos os primeiros a reagir à crise mundial (aplausos frenéticos…), os primeiros a percebermos a dimensão da crise. Esta afirmação ocorre poucas semanas depois de o ministro das finanças e o próprio Sócrates afirmarem que a crise nos estava a passar ao lado. Uma rematada mentira, como é costume.
Das incidências e ilações a retirar do congresso socrático não vale a pena falar. Há abundante informação por aí. Recomendo vivamente o trabalho do 31 que dá uma imagem nítida do festim.
Assim sendo, resta-me registar os dois aspectos que mais me impressionaram no congresso.
1) A forma indecente como Sócrates enovela a vitória eleitoral que deseja com as suspeitas que sobre ele recaem no caso Freeport. Despudoradamente, mistura factos com a conceitualização do essencial, ou seja a presunção de inocência até prova de culpa e isso ultrapassa claramente os limites da decência que ele e o Partido não têm. As pessoas deverão votar nele empenhadas na aceitação de que os factos vindos a lume pertencem indubitavelmente à tal campanha negra. Os inúmeros funcionários, delegados, autarcas e amanuenses do Partido percebem-no bem e votarão em conformidade.
2) A fulanização do elogio, o panegírico fácil e terceiro-mundista, a terminologia reverencial onde os valetes de serviço fizeram desfilar termos como sério, corajoso, inteligente, determinado, rigoroso, mãos seguras e até não titubeante (esta é extraordinária) foi o acto de maior proselitismo da função. Arrepiei-me porque me lembrei de uma avenida em Maputo chamada Kim Il Sung, onde todos os anos, por altura do aniversário do Grande Líder, um séquito de kamaradas se deslocava à placa toponímica e lavava-a, escovava-a e faziam uma cerimónia solene em que um orador falava para um grupo de cidadãos iguais na cara e na fatiota. Eu ouvia tudo porque a placa era à esquina do jardim da minha residência e naturalmente não percebia. Mas o Notícias do dia seguinte encarregava-se de publicar a respectiva tradução. Uns anos depois, ouvir o desfile de elogios que referi atrás provoca-me uma azia intensa e fez-me pensar que se calhar não somos assim tão diferente dos norte-coreanos e que o comunista Bernardino é que é capaz de ter razão.
3) Uma nota final para uma afirmação extraordinária que ouvi: Fomos os primeiros a reagir à crise mundial (aplausos frenéticos…), os primeiros a percebermos a dimensão da crise. Esta afirmação ocorre poucas semanas depois de o ministro das finanças e o próprio Sócrates afirmarem que a crise nos estava a passar ao lado. Uma rematada mentira, como é costume.
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Etiquetas: congresso PS, PS
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