Os maus exemplos
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Há qualquer coisa de errado nesta foto. Não porque se discorde ou concorde com as razões que possam assistir a esta professora que decidiu desfilar amordaçada e agrilhoada, ou porque se defenda ou condene a celebração do carnaval como uma festa institucionalizada pelo ministério de educação. O que soa mal nesta foto é a forma como essa professora transmite às crianças o protesto do seu desacordo com as ordens que recebeu. É claro que isto daria pano para mangas, sobretudo do ponto de vista de quão discutíveis poderão ser as ordens emanadas de uma hierarquia, seja ela qual for. Em todo o caso há, à partida, um princípio profundamente errado, qual seja o de os professores acharem que a hierarquia e o poder são sempre discutíveis e que nada poderá ou deverá ser feito à revelia do seu escrutínio e vontade. Ainda não perceberam, por exemplo, ou não quiseram perceber, porque os professores não são estúpidos, que não é possível moldar o poder de uma pirâmide hierárquica à opinião de cada qual. E que fosse.
Neste caso, parece que estava em causa os professores se recusarem a participar nos cortejos de carnaval, dando expressão à continuidade da sua luta. É evidente que a ser assim, os professores estão abusivamente a usar os alunos como ferramenta da sua luta e isso é, no mínimo, inaceitável. Por muito idiota e peregrina que pudesse ser a ideia de pôr criancinhas a desfilar no carnaval, os professores não deveriam dar este exemplo de insurreição, de desafio da autoridade, àqueles que, em última análise, são os destinatários naturais da sua forma de actuação.
Quanto ao resto, se devia haver ou não carnaval isso é perfeitamente secundário. O que está mal é este espectáculo insólito de porem professores a desfilar amordaçados e acorrentados. Por muitas voltas que se dê ao texto, é uma instigação á revolta e à insurreição. Nada, de resto, muito diferente da linha doutrinária do PC e do BE que ainda recentemente promoveram cursos intensivos de desobediência civil.
As crianças não precisam de ser ensinadas a ser insurrectas. Precisam é de ser formadas para, mais tarde, serem insurrectas ou não, conforme aquilo que, em consciência, decidirem. E era nessa direcção que estes professores algemados e acorrentados deveriam ter ido. Se conseguissem.
Nota: Como se esperava, esta foto ilustrou alguns blogues e foi devidamente exaltada nos meios da especialidade.
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Etiquetas: educação, esquerda assanhada, professores
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