quarta-feira, dezembro 03, 2008

Tenhamos medo



[2805]

1. “A nova versão do código laboral correspondeu a "uma revisão neoliberal"
(Reacção dos TSD, Trabalhadores Social-Democratas, organização do PSD, ao no código do trabalho)

2. "Contra o dogmatismo neoliberal do desmantelamento do Estado social, da privatização dos serviços públicos, da obsessão orçamental, da diminuição dos direitos de reforma, da flexibilização como sinónimo de mais despedimentos e de um mercado de trabalho assente em mão-de-obra não qualificada, É possível fazer a diferença."
(artigo assinado por Manuel Alegre, no site do PS)

3. "O sistema é que faliu. O sistema económico que eles têm, a globalização neoliberal, a chamada democracia liberal faliu."
(afirmação de Mário Soares ao Correio da Manhã, numa entrevista)

4. "O desenvolvimento económico não pode ser sacrificado à ânsia do lucro imediato ou à especulação sem escrúpulos. É preciso, pois, construir uma alternativa democrática à presente hegemonização do mundo pela actuação sem controlo de empresas multinacionais e pela ideologia neoliberal de combate aos Estados."
(Declaração de Princí­pios do Partido Socialista, declaração que foi aprovada no congresso de 2002 e nunca foi alterada. Está no site do partido, entre os seus documentos programáticos).


Pois, não foi Jerónimo, nem Odete, Louçã, Mário Nogueira, Carvalho da Silva ou qualquer outra individualidade de quem se espera tudo e se tolera muito mais. As declarações acima foram produzidas por gente insuspeita, uns porque a sua designação e génese (TSD) lhes exigem uma terminologia própria, num país geneticamente enformado numa óptica de sobrevivência contra os maus, os bandidos, o grande capital e, naturalmente, as forças da ordem. Outros, porque apesar da sua já provecta idade se permitem ao luxo, agora, de dizer o que lhes vai na cabeça. Dando asas aos seus sonhos de meninos que giravam mais ou menos no contexto daquilo que hoje dizem Pelo meio, ganharam notoriedade num contexto muito próprio e introverteram uma responsabilidade histórica que acham que têm. Casos de Mário Soares e Manuel Alegre. Sobretudo Mário Soares, a quem devo, pessoalmente, uma trajectória de vida excessivamente marcada pela sua ignorância política, oportunismo, descaramento (sempre que se ajustava às realidades políticas, coisa que os portugueses nunca questionaram, tais como se ele era socialista porque diabo é que tinha de meter o socialismo na gaveta quando chegou ao poder?) e não me merece, assim, qualquer respeito.

Dizer que a ortodoxia do Partido Comunista Português é ímpar na Europa, coisa de que não restam dúvidas a ninguém, não chega. Era bom que se percebesse que nem sempre o perigo vem dos comunistas, mas daqueles que pensam como os comunistas mas acham que os mesmos são atrasadinhos mentais, brutos e incultos e, so to speak, têm de acrescentar um módico de intelectualidade que faz toda a diferença. Entretanto vão contribuindo para que cada vez mais se alargue o fosso entre nós e os restantes países europeus. É que estas tiradas demagógicas têm bem mais importância do que se julga, perante os nossos parceiros políticos e económicos. Poucos são aqueles que nos entendem. Como poucos são, já, aqueles que persistem, sequer, em tentar entender-nos.

Nota: As declarações acima foram retiradas de um artigo (notável) de José Manuel Fernandes, no Público, sem link. O artigo, na sua totalidade, pode ser lido no Jumento, através do qual, aliás, cheguei ao artigo.

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2 Comments:

At 3:06 da tarde, Blogger Teófilo M. disse...

Ó espumante, não troque o nome ao homem, ele é José e não João, mas isso é o que menos interessa.

A mim assusta-me o neoliberalismo, principalmente aquele que surgiu no início dos anos 70 e que dava rédea livre ao mercado e que achavam que a mão invisível do mercado tudo resolveria.

Estamos a ver que não é bem assim, e que muito má gente se aproveitou da inocência de muito boa gente para engordar os cabedais e agora atira para cima do estado que amaldiçoavam a resolução do problema.

O mercado é bom, quando tem regras bem definidas para se mover e quando o estado o supervisiona sem intromissões desnecessárias, mas para isso todos terão que ter, não os mesmos direitos e deveres, mas actuações equivalentes e equilibradas.

Os criadores de riqueza devem investir mas com algum risco e a prazo do investimento, quanto maior o risco/prazo maior deverá ser o retorno, investir sem risco e sem prazo, não é investir, é especular, tendo prazo mas não risco é aplicar, e isso deverá ser traduzido em benefícios para a comunidade/estado.

Os trabalhadores devem produzir e receber o salário adequado à sua produção, não devem ser penalizados pela má gestão dos seus postos de trabalho dado não serem responsáveis por ela, devem no entanto poder ser afectados pelas variações do mercado mas sempre na mesma medida e quantidade em que os administradores o são.

O estado/comunidade deve zelar pelo cumprimento dos deveres elementares a respeitar, auditorar e vigiar as práticas do mercado e zelar pela segurança, por isso deve recolher fundos que lhe permitam assegurar essas condições.

Parece-me não ser muito difícil entender as linhas gerais deste trinómio, mas já me parece mais difícil, ou mesmo impossível chegar a plataformas de entendimento entre os três poderes.

 
At 11:57 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Teófilo M.

Não fiz qualquer apologia do neoliberalismo. Limitei-me a referenciar declarações preocupantes de gente com responsabilidade política.

 

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