sábado, novembro 29, 2008

Estatísticas


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Por via do 25 centímetros de neve cheguei a um conjunto de dados estatísticos (OCDE indicators Education at a glance, 2008, relatório de Setembro de 2008) segundo os quais os professores portugueses:

- Têm as turmas mais pequenas (19 contra uma média da OCDE de 21,5 e 20,2 da EU. USA - 23,1; UK - 24,1; França - 22,5; Alemanha - 22,1 ou Holanda - 22,1);

- São dos que trabalham menos horas. 1.440 horas contra uma média na OCDE de 1.662 e na UE19 de 1.619. Dinamarca - 1.680; Alemanha 1.765; Holanda - 1.659; Noruega - 1.688; Suécia - 1.767);

- São dos que ganham mais dinheiro no topo de carreira, em termos absolutos. US$51.552 em paridade de poder de compra, o que compara com 43.289 na Austrália, 49.634 na Dinamarca, 43.058 em Inglaterra, 49.155 em França, 38.525 na Grécia, 36.264 na Islândia, 40.934 em Itália, 40.785 na Noruega ou 38.760 na Suécia);

- São dos que ganham mais dinheiro em termos relativos, por relação ao PIB per capita (os portugueses ganham 1,58 vezes mais, o que compara com uma média OCDE de 1,34 e uma média UE19 de 1,31. Outros valores comparativos - USA - 0,98; Suécia - 0,98; Noruega - 0,72; Islândia - 0,95; França - 1,1 ou Grécia - 1,18).

O que me parece verdadeiramente estranho é o silêncio em que passam estes indicadores estatísticos. Porque será? São falsos? Ninguém lê? Dá muito trabalho? Em contrapartida ouvimos Mário Nogueira todos os dias. Várias vezes por dia.

Nota: MN acabou de dizer na televisão que no próximo dia 3 a greve tem de ser com 100% dos professores. Com P grande, diz ele. Os professores com P pequeno ficam em casa a estragar a estatística e a levantarem atoardas sobre a pressão dos professores com P grande sobre os professores com P pequeno. Mário Nogueira deveria estabelecer um modelo de avaliação para classificar os professores em P’s grandes e P’s pequenos. Ainda que isso não condiga bem com a outra avaliação. Então não têm de ser todos iguais? Massificados e tudo a pensar para o mesmo lado?

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3 Comments:

At 4:57 da tarde, Blogger Teófilo M. disse...

Ó espumante, mas esses números são os que não interessam a ninguém, pois vai daí começam a querer saber quanto é que ganham alguns sindicalistas, alguns papagaios apelidados de jornalistas, muitos servidores do estado, e ficamos todos a saber demais...

 
At 2:58 da tarde, Blogger cristina disse...

Até fui ao directório de Educação da OCDE, mas aquilo tem tanto número, tanta tabela e tanto gráfico, que desisti de tentar fazer uma análise dos dados como deve ser. De qualquer forma aqui ficam algumas pistas (meramente intuitivas) para os motivos pelos quais esses números podem não ser assim tão relevantes:

- se nos milhentos indicadores analisados nós só estamos melhores que a média nesses quatro, as notícias podem não ser assim tão boas;

- a média de alunos por turma pode estar fortemente afectada pelas turmas de meia dúzia de alunos que existem no ensino primário por este país adentro ou pelas turmas reduzidas de ensino não regular;

- o número de horas de trabalho é, obviamente, o número de horas de trabalho pago! (e a análise desse número pode inverter-se...)

- no topo da carreira o professor ganha bem, certo; e até lá chegar?... sendo que com a nova invenção do professor titular (quotizado) nem toda a gente lá há-de chegar;

- o ganhar mais em termos relativos é uma comparação feita apenas com os professores com mais de 15anos de serviço [desta vez fui mesmo ver as tabelas da OCDE], sendo que esse número está, claramente inflacionado pelos tais "privilegiados" em topo de carreira e, simplesmente, ignora os primeiros 15anos de serviço.


Quanto a Mário Nogueira... alguém sabe quanto tempo é que falta para ele entrar na reforma?... será que se fizermos todos uma vaquinha ele se vai embora mais cedo?... =)

É triste que as contestações certas aparentem ter os motivos errados... A arrogância de MN aproxima-se da da Sra Ministra. E, entre a vontade pessoal de calar um ou calar o outro, vai uma distância muito curta!

 
At 11:10 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Cristina

Se, como julgo entender do teu comentário, Mário Nogueira poderá ser um dos responsáveis para que contestações certas pareçam ser por motivos errados, porque é que os professores não usam a sua força para remover o espectro polício-partidário da contestação?
É que as coisas são de tal maneira que mesmo pessoas que, como eu, são visceralmente opostas a este governo e ao PS, acabam por gerar um certo capital de simpatia pela ministra. Quando, no fundo, todos reconhecem que o governo é mau e a ministra não é melhor. Mas de tanto ouvir Mário Nogueira...

 

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