domingo, novembro 02, 2008

Gente bisonha


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Quem tenha "passado" ontem pela emissão televisiva de dois jogos de futebol em que participavam dois dos “grandes” do nosso mundo da bola, terá percebido como somos um país bisonho e tão cinzento como o Outono que temos tido por aí a prenunciar o Inverno. Tanto na Figueira da Foz como em Vila do Conde, os estádios apresentavam um punhado de gente escassa, enrolada em cachecóis e casacos grossos, de cenho distante e triste a olhar para um grupo de futebolistas igualmente mortiços, sem garra nem jeito, a disputar uma bola, que raramente entra nas balizas. Uma vez na Figueira e outra em Vila do Conde, para ser mais exacto.

Longe vão os dias em que a visita de um clube grande arrastava multidões e esgotava recintos. Poder-se-á avançar um milhão de razões para o fenómeno da desertificação dos estádios - mau futebol, jogadores permanentemente a atirarem-se para o chão e a simular lesões e questões similares, árbitros incompetentes e corruptos, mas penso que muito terá a ver com as nossas próprias idiossincrasias que nos levam à modorra e abulia que nos consome e nos atira mais facilmente para um centro comercial estrear as Nike ou para um sofá onde, entre duas “mines” e um petisco, peroremos, aí sim, sobre as incidências dos jogos.

De qualquer maneira, o futebol como espectáculo está a acabar em Portugal. Em contraponto aos estádios de outros países europeus que continuam a encher-se de gente solta, que ri e exorta os seus ídolos e que saudavelmente assobia os árbitros. Uma ou outra escaramuça servem até para alimentar o espectáculo. Por cá, nem isso. Ainda há dias um adepto foi condenado a um ano de interdição dos estádios por ter dado um “calduço” (termo do juiz) a um árbitro. O réu limitou-se a dizer que tinha vergonha de ser do Benfica. Disse ele que
se fosse do Porto, de certeza que teria tido muito mais apoio à saída do tribunal…

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