Remorsos
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Hoje de manhã preguei um botão na camisa. Tudo isto porque concluí que as ucranianas também são vulneráveis aos vírus da gripe, ainda que de lusa estirpe. O resultado é que duas ausências seguidas por parte do anjo da guarda lá de casa me demonstraram que o número de camisas de homem tem de estar em rigoroso acordo com as contingências das faltas, mesmo tratando-se de uma santa empregada que nunca falta, nunca falha, nunca se engana e sabe onde estão as coisas todas.
Isto para explicar que vesti a camisa e quando vou fazer a gravata reparo que o botão... não estava lá. Após uma missão exploratória de mais de meia hora descobri uma agulha, cinco minutos depois descobri a linha, dois minutos depois (ia melhorando) descobri que todas as camisas têm dois botões sobresselentes para eventualidades. Não descobri a tesoura para arrancar o botão sobresselente, mas o alicate das unhas serviu a preceito.
Pois saiba-se que poucos minutos depois reparo que preguei um botão, sem me picar e com um aspecto óptimo, tudo muito agarradinho, muito certinho e não consegui evitar uma sensação de gozo, só comparável àquele que tive quando apanhei a primeira barracuda na minha vida. A verdade, crua, é que eu tinha acabado de pregar um botão e provara que tudo o que se diz da inabilidade dos homens para este tipo de coisas não passava de boatos da reacção.
Saboreando ainda as résteas do gozo descrito, aprestei-me a apertar o botão. E aí, a porca torceu o rabo. Mas torceu tanto que não sei se diga, não sei se conte. É que o botão lá pregado estava, mas depois de abotoado, o colarinho parecia da camisa de alguém que tinha acabado de ser agarrado pelo pescoço – de tão torto que estava. Inspeccionada a obra, concluí que o botão estava, naturalmente pregado a quilómetros do lugar certo, o que provocava o desalinho do colarinho.
Não deitei a camisa fora por decoro. Mas disse dois palavrões que eu mantenho guardados para estas ocasiões e telefonei à Larissa (a tal ucraniana gripada) e disse-lhe que tinha duas horas para matar os vírus todos, ligar a sirene e correr lá a casa porque havia uma emergência.
Acabei agora de receber um telefonema dela, lá de casa, dizendo que passou seis camisas e pregou o botão como deve ser.
Estou cheio de remorsos, mas já tenho camisas passadas. E acho que Bush está cheio de razão e a Ucrânia deve entrar para a Nato, sim senhor. Os russos é que são parvos. E aposto que nem pregar botões como as ucranianas eles sabem.
Hoje de manhã preguei um botão na camisa. Tudo isto porque concluí que as ucranianas também são vulneráveis aos vírus da gripe, ainda que de lusa estirpe. O resultado é que duas ausências seguidas por parte do anjo da guarda lá de casa me demonstraram que o número de camisas de homem tem de estar em rigoroso acordo com as contingências das faltas, mesmo tratando-se de uma santa empregada que nunca falta, nunca falha, nunca se engana e sabe onde estão as coisas todas.
Isto para explicar que vesti a camisa e quando vou fazer a gravata reparo que o botão... não estava lá. Após uma missão exploratória de mais de meia hora descobri uma agulha, cinco minutos depois descobri a linha, dois minutos depois (ia melhorando) descobri que todas as camisas têm dois botões sobresselentes para eventualidades. Não descobri a tesoura para arrancar o botão sobresselente, mas o alicate das unhas serviu a preceito.
Pois saiba-se que poucos minutos depois reparo que preguei um botão, sem me picar e com um aspecto óptimo, tudo muito agarradinho, muito certinho e não consegui evitar uma sensação de gozo, só comparável àquele que tive quando apanhei a primeira barracuda na minha vida. A verdade, crua, é que eu tinha acabado de pregar um botão e provara que tudo o que se diz da inabilidade dos homens para este tipo de coisas não passava de boatos da reacção.
Saboreando ainda as résteas do gozo descrito, aprestei-me a apertar o botão. E aí, a porca torceu o rabo. Mas torceu tanto que não sei se diga, não sei se conte. É que o botão lá pregado estava, mas depois de abotoado, o colarinho parecia da camisa de alguém que tinha acabado de ser agarrado pelo pescoço – de tão torto que estava. Inspeccionada a obra, concluí que o botão estava, naturalmente pregado a quilómetros do lugar certo, o que provocava o desalinho do colarinho.
Não deitei a camisa fora por decoro. Mas disse dois palavrões que eu mantenho guardados para estas ocasiões e telefonei à Larissa (a tal ucraniana gripada) e disse-lhe que tinha duas horas para matar os vírus todos, ligar a sirene e correr lá a casa porque havia uma emergência.
Acabei agora de receber um telefonema dela, lá de casa, dizendo que passou seis camisas e pregou o botão como deve ser.
Estou cheio de remorsos, mas já tenho camisas passadas. E acho que Bush está cheio de razão e a Ucrânia deve entrar para a Nato, sim senhor. Os russos é que são parvos. E aposto que nem pregar botões como as ucranianas eles sabem.
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Etiquetas: privacidades
6 Comments:
Mas que maçada !...Enquanto lia o teu post fiquei mesmo muito entusiasmada com a ideia de que tinha acabado de encontrar alguém que me resolvesse o problema de umas quantas peças de roupa que ali tenho a precisar de uns botõezitos pregados, etc....coisa pouca!O pior é que quando cheguei ao fim fiquei desapontada....afinal...nada feito....!
jokinhas
Di
Pois acredito que estejas forradinho de remorsos.
Coitada da moça! Acho que merece um bónus por ter ido trabalhar doente.
Eu aprendi a pregar botões na quarta classe. A nossa professora primária ensinou-nos várias tarefas de sobrevivência que ainda hoje são da maior utilidade.
Di
Vou treinar. Também não quero que fiques para aí desapontada...
:)
Carlota
Eu não mandei a moça... ela é que me entende bem e não hesitou. God bless...
:)))
Beijola
RAF
Eu sou duma geração diferente da tua. No meu tempo havia disciplina, não é como boje. Começa assim, dantes pregava-se botões, hoje leva-se telemóveis, vais ver qua ainda acaba tudo a jogar à lerpa :))
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