Silhouette
Estive quase para pôr uma silhueta minha, mas achei esta mais expressiva
[2427]
Fez dois anos em Novembro passado que fui submetido a uma sessão de “plumbing” que, para usar um termo do tempo em que não havia “peixonas” nem telemóveis na aula, me “tirou as peneiras”. Durante cerca de quatro horas assisti a pornografia barata, na qual duas artérias coronárias (minhas, ainda por cima) retorcidas, engelhadas, enrodilhadas e apertadas pela nicotina de cerca de quarenta cigarros por dia se iam distendendo, esticando e readquirindo uma forma decente. Assim com semelhanças a um pipo de bicicleta. Lisas e escorreitas.
Nunca mais fumei porque só sou estúpido quando me distraio (ou me apaixono, às vezes acontece, mas isso é inerente ao androceu que se preza de ainda se pautar por alguma emoção) e o resultado é que passei a comer com gosto, a aspergir com deleite e frenesi os olores voluptuosos que a vida nos dá, passei a correr, a rir, tudo renasceu e coloriu do cinzento em que se torna a vida de um fumador. Grave é que o fumador não sabe e só repara quando vai de charola e lhe enfiam um escovilhão pela artéria femural acima, lhe desentopem os canos, o submetem a impulsos eléctricos para pôr as coronárias como os tais pipos e lhe enfiam umas peças de bijouteria qualquer a que chamam “stent”, para os canos não voltarem a entupir. E depois, uma pessoa sente-se tão bem que, frequentemente, começa a fumar outra vez. Como estou numa fase de não andar distraído nem apaixonado, nunca mais fumei.
Tenho porém de admitir que há um efeito secundário. Convém, assim, ir olhando para a balança e para o espelho, sobretudo para o espelho, porque se não o fizermos arriscamo-nos a uma manhã qualquer ter de dar um passo em frente para abotoar o casaco ou reparar que a roupa comprada há pouco já não serve.
Isto para dizer o quê? Para dizer que passados dois anos e pico sem fumar e a deliciar-me com os novos aromas e sabores que estavam obliterados pela nicotina comecei a não gostar muito de me ver ao espelho. Digamos que não cheguei ao extremo de ver limitado o meu horizonte corporal (aqui está uma forma civilizada de dizer que deixamos de ver os pés ou... pois!), continuo a “ver-me” todo, mas quando os amigos afivelam uma expressão de complacência e nos começam a dizer que estamos “mais fortes” isso significa que estamos é a ficar irremediavelmente disformes.
Como ainda penso que o melhor exercício para perder peso é reduzir a ingestão de calorias, achei que se consegui deixar de fumar, mais facilmente cortaria com gorduras, hidratos de carbono e açúcares. Assim pensado, assim executado. Sopinhas todos os dias, toneladas de vegetais, frutas e, para variar um bocadinho, frutas, toneladas de vegetais e sopinhas. Ah! E salmão fumado para desenjoar e balancear os níveis proteicos. Acreditem ou não, numa semana tornei-me o “pão elegante” que era (cof, cof, cof). E escusavam de ouvir esta. Agora vou manter o regime mais um mês para poder passar a degustar uma refeição decente aos fins de semana, qualquer coisa entre umas mãozinhas com feijão branco ou uma caldeirada de choco, mexilhão, tamboril, camarões e rabinhos de lagosta (ai que nunca mais é Sábado...) do Hernâni da Casa das Quintas.
Mais importante – esgalhei matéria para um post. Por muito pobrezinho que esteja, é um post. E eu hoje estava mesmo sem assunto.
.
Etiquetas: falta de assunto, gordura não é formosura
8 Comments:
Ainda bem que voltaste a ser o ´pão elegante´...isso já nos deixa a todos mais descansados!
jokinhas, cansadas claro...
Di
É mais fácil emagrecer que deixar de fumar. Vai por mim
IL
Cuidado com os trigliceridos...
Quem deixa de fumar, facilmente se inebria pela comoção dos temperos; quem não quer engordar, faz exercício regular reduzindo calorias; agora, quer quer ficar mesmo mais forte, exercita - firme! - as funções que fazem os órgãos, certo? :))
Abraço amigo,
JoãoG
joãog
Meu caro, a máxima a função faz o órgão, de tão óbvia, não me mereceu referência. Mas claro que é recomendável manter a máxima bem presente. Apenas para que não nos esqueçamos. Da máxima, está bem de ver...
:)
Abraço
Muito bem!
:)
carlota
Aquela do "pão elegante" é uma liberdade poética, como imaginas, Mas estou a trabalhar denodadamente para isso.
:)
Di
É fácil deixares de estar cansada. É só seguires o conselho sobre os cigarros. Até porque jokinhas sem ser cansadas são, com certeza, muito melhores
:)
IL
Completamente de acordo
Enviar um comentário
<< Home