Em que é que ficamos?
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Um professor revoltado produziu afirmações graves, claro e bom som, no Prós e Contras que cito, na parte que interessa “…ainda o ano passado, eu tive uma reunião com um inspector que foi lá à escola, e disse-me isto, a mim e a todos os professores que estavam nessa reunião, professores do 9º ano, porque eram alunos que tinham que transitar, para que as estatísticas pudessem demonstrar aquilo que se passa em Portugal...” (isto entremeado por considerações como professor empenhado, gosto daquilo que faço, amo aquilo que faço. Prejudico a minha mulher, e a minha filha, em casa, por aquilo que eu defendo que é um ensino de qualidade (a velha pecha de os professores portugueses acharem que são filhos únicos na desgraça e no apego à profissão, mas isso não vem agora ao caso).
Mais tarde Fátima Campos Ferreira disse no Canal 1 que o professor em causa se retractara, tendo escrito uma carta à DREN a pedir desculpa do que tinha afirmado, dizendo “que não era verdade, a dizer-lhes que não era verdade, que tinha sido em virtude da emoção também vivida aqui, que lhe tinha saído isso da boca mas que não subscrevia, mais friamente”.
Dito isto, o blog A Educação do meu Umbigo , um blog que ganhou um inusitado protagonismo com a crise, iniciou de imediato uma campanha de branqueamento do professor em causa afirmando inclusivamente que “…tudo isto cheira que tresanda aos velhos métodos estalinistas de linchamento público e obrigação dos perseguidos fazerem o seu mea culpa público de todos os pecados possíveis e imaginários…” .
Ora, tem de haver um mínimo de seriedade em tudo isto, mesmo dando de barato que o blog em causa é, em si, um exemplo acabado de marxismo-leninismo, isto se querem a começar a chamar nomes às coisas. Poucas vezes se terá assistido na Bloga a um exemplo tão vivo de corporativismo, de manipulação inteligente do descontentamento de uma classe profissional como a de A Educação do meu Umbigo, talvez só comparável ao SaúdeSA que já foi aliás, objecto de referências abundantes aqui na Bloga, há cerca de dois anos. Os textos sucedem-se em catadupa (não abonando muito a velha tese de que os professores não têm tempo para se coçar…) e são enriquecidos por centenas de comentários de todo o cariz. Desde o comentarista moderado e reflectido até àqueles que transvazam o espírito arruaceiro com que muitos têm lidado com a situação (chamando asno ao Paulo Miranda, por exemplo…), até aos chamados idiotas úteis, muitos deles transbordando a jactância própria de organização meticulosa de gente que sabe exactamente os caminhos que pisa e que não são propriamente meninos de coro nesta difícil missão de manipulação das massas.
Eu tinha prometido a mim próprio não voltar a este assunto, mas neste caso particular do professor
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Etiquetas: professores
2 Comments:
Certamente terá lido tudo o que eu escrevi no próprio dia di debate em que critiquei vivamente o colega.
Achei que, mesmo que tivesse acontecido o que ele descreveu, aquele não era o tempo, o lugar ou o modo para denunciara a situação.
Outra coisa é irem atrás dele e quererem uma retractação pública à mdedida dos velhos métodos estalinistas.
Quanto aos considerandos que elabora sobre o meu espaço, tem todo o direito a fazê-los, só lhe pedindo que, em nome do rigor, não me impute o que não é imputável.
Eu assumo que faço e escrevo, mas só isso.
paulo guinote
Acho gravíssimo o que está a afirmar. Está a dizer que foram atrás dele e forçaram-no a uma retractação pública à medida dos velhos métodos estalinistas?
E se ele não se retractasse? Era despedido? Deportado? Provavelmente, se fosse mantira, seria processado, mas isso seria o mínimo que se poderia esperar de quem calunia...
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