segunda-feira, novembro 12, 2007

"Ele" pifou



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Estou sem computador em casa. Cá para mim, aquilo pifou. Pifar, pifar, que as coisas quando pifam, pifam, não há volta a dar.

Mas isso é com as coisas. Com os computadores é tudo completamente diferente. Assim, entre duas chávenas de café num grupo de gente amiga (e totalmente inocente no pifanço, digo eu) tive a triste e infeliz ideia de dizer isso mesmo. Acho que não disse pifou. Terei dito qualquer coisa entre o foi à vida que me saiu em expressão oral e o tracinho se que a azulinha me ensinou e que pensei mas não disse, porque estava presente uma senhora de idade respeitável e cheia de pulseiras. E infeliz porque, adivinhem, na roda de amigos, estava lá um informático. E pior que o frémito de um informático quando se fala em computadores, só uma égua a mirar o galope de um cavalo, um piloto quando se fala em cúmulo-nimbos ou um pescador quando se fala no tamanho do olho do último peixe que se pescou.

É evidente que fui alvo do olhar de reprovação de todos quantos acham que um computador não pifa. "Ele", o computador, tem sempre razão, disseram-ne, ele pensa, ele age, amua e reage. Ele castiga os ignorantes e todos aqueles que acusam um lamentável défice de manejo das suas portencialidades. O que só poderia ser o meu caso. Descritos os sintomas, aquilo só poderia ser o on-off que deveria ter a mola pasmada e isso ia afectar o ribut (não sei bem o que é, mas não dei parte fraco, que eu nestas coisas sei disfarçar muito bem). Portanto, quando eu ligava o computador o disco não arrancava nem ributava. Não arrancando, ele (acho graça que os informáticos nunca dizem o computador, dizem sempre ele) não pensa, não pensando ele não vai buscar o servidor. O servidor, deduzi depois, é uma coisa que se chama Sapo e me custa €35 por mês e me permite escrever uns posts de vez em quando. Não indo ao servidor, ele não arranca (reparaste se quando ligas, se acende a luz vermelha e a verde? Ou só acende a vermelha? Eu disse que sim que reparei, mas não me lembrava bem se reparei se acendiam as duas, se acendia a vermelha, se acendia a verde, se não acendia nenhuma). Aí disseram-me que então não reparei coisa nenhuma pelo que se estabeleceu ali uma missão de rescue do pobre computador para se resolver o problema. Eu ainda resisti, mas acabei por anuír (mais tarde arependi-me por ter usado o anuír em ves do não ir, que tinha feito melhor figura).

Vou passar por cima das duas hora seguintes porque são duas horas sem história. Termos ininteligíveis, olhares clínicos, murmúrios, expressões cúmplices (o técnico e ele) e dois palavrões compuseram essas duas horas durante as quais mais peças iam ficando separadas do todo. Por fim, uma expressão desolada rematou a odisseia e é-me dito que a questão devia ser outra, que o melhor era levar o computador porque lá em casa tinha banca e mais meios.

Eu já sabia que ia ser assim. Eu ja sabia que ia gastar duas horas da minha vida a olhar para um homem a olhar para um computador (gosto particularmente daquelas partes em que os técnicos ficam a olhar fixamente durante longos minutos para o mecanismo, estáticos, absolutamente imóveis, olham, olham, olham, nada acontece e eles olham, olham, olham e eu não pergunto nada com medo de estragar o efeito ou interromper alguma coisa e quando eles, quase imperceptivelmente piscam as pálpebras e eu penso que eles vão dizer qualquer coisa... eles olham, olham, olham, olham...e gosto também da parte em que eles falam com os computadores) e a experiência já me ensinou que nestas coisas o melhor é levar o computador directamente a um técnico e poupar duas horas estupidificantes.

E todo este trabalho para dizer que estou sem computador em casa e por mor de tal contrariedade os meus posts serão mais esparsos e mais desligados pois se quiser escrever terá de ser daqui do escritório. E não é para isso que me pagam. Entretanto o técnico há-de se entender com o computador e tudo voltará a rotina do costume.
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6 Comments:

At 6:12 da tarde, Blogger Sinapse disse...

O pifanço do computador valeu-te este fantástico post!

E enquanto o computador reboota e não reboota, vais acumulando posts mentais ... vai ser um fartote de posts quando a mascote regressar a casa!

 
At 7:23 da tarde, Blogger Torquato da Luz disse...

Caro Espumante, desejo-lhe as melhoras do computador.
O meu também amua de vez em quando, mas já não me irrita. Meto-o logo num saco e levo-o a um "hospital" que eu cá sei e onde o tratam com cuidado e rapidez. Nem curo de saber que "remédios" lhe ministram, que de tal medicina não percebo, nem já vou a tempo de perceber.
Um abraço.

 
At 9:20 da manhã, Blogger 125_azul disse...

Também costumo ficar pasmada da mola, mas ensinaram-me que é só desligá-lo da tomada e começa a funcionar outra vez (experimenta para a próxima!). Ou faz como o Gui, irmão da Mafalda: "e se eu der um chuto?" beijinhos e as melhoras dele. Sssssse!

 
At 12:54 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

sinapse
Que estúúúúúúúpido, re-boot, clafro, como é que não vi logo?
:)
beijinhos re-booted

 
At 12:59 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

torquato da luz
O meu não amuou. Fanicou mesmo. Segundo o técnico que já telefonou, foi um pico de corrente. Eu já lhe tinha dito (ao "ele") que já não tinha idade para picos de corrente inesperados. Mas ele não me ouviu
:)
Um grande arbaço

 
At 1:00 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

azulinha
Uma azulinha pasmada da mola é coisa impensável...
:)))
Mas só de pensar, me rio
Beijinho

 

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