Barba ou cabelo?
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Foi ontem preso na cidade do Porto um cidadão argelino suspeito de actividade terrorista internacional, por instruções das autoridades italianas e no âmbito de uma acção policial alargada a outros países da Europa.
Esta seria, em síntese, a base da notícia. Porventura, poderia ter suscitado algumas reflexões sobre o facto de, aparentemente, Portugal não estar assim tão longe, nem tão protegido pela Nossa Senhora de Fátima, dos palcos de acção dos terroristas. Mas não. O que li, abundantemente, é que o "homem já vivia há três anos no Porto", era "uma excelente criatura", "gostava muito de futebol e até era simpatizante do Futebol Clube do Porto", "tinha uma barbearia" e até havia "amigos de amigos de amigos de amigos que cortavam lá o cabelo, ainda ontem um vizinho meu cortou lá o cabelo por €5, cinco euros, veja bem"!.
Os portugueses espantam-se e lançam pelas televisões as suas opiniões num registo muito especial, muito próprio, que às tantas estamos todos a achar que os agentes da PJ são uma cáfila de bófias sem alma nem piedade que andam por aí a prender barbeiros porreiros, bons chefes de família que até vão ao futebol torcer pelo F.C.P. Por outro lado, as televisões cumprem o seu papel de dramatizarem as suas emissões e reportagens, sempre que as circunstâncias o aconselham. Seja pelas audiências acrescidas, seja por inata imbecilidade dos seus mentores, seja por esta estranha forma de procedermos segundo uma matriz do politicamente correcto e da omnipresente possibilidade de estarmos perante a sonegação dos nossos direitos e garantias. E sobre isso temos que estar atentos. Vigilantes, que é como se diz e soa melhor.
Foi ontem preso na cidade do Porto um cidadão argelino suspeito de actividade terrorista internacional, por instruções das autoridades italianas e no âmbito de uma acção policial alargada a outros países da Europa.
Esta seria, em síntese, a base da notícia. Porventura, poderia ter suscitado algumas reflexões sobre o facto de, aparentemente, Portugal não estar assim tão longe, nem tão protegido pela Nossa Senhora de Fátima, dos palcos de acção dos terroristas. Mas não. O que li, abundantemente, é que o "homem já vivia há três anos no Porto", era "uma excelente criatura", "gostava muito de futebol e até era simpatizante do Futebol Clube do Porto", "tinha uma barbearia" e até havia "amigos de amigos de amigos de amigos que cortavam lá o cabelo, ainda ontem um vizinho meu cortou lá o cabelo por €5, cinco euros, veja bem"!.
Os portugueses espantam-se e lançam pelas televisões as suas opiniões num registo muito especial, muito próprio, que às tantas estamos todos a achar que os agentes da PJ são uma cáfila de bófias sem alma nem piedade que andam por aí a prender barbeiros porreiros, bons chefes de família que até vão ao futebol torcer pelo F.C.P. Por outro lado, as televisões cumprem o seu papel de dramatizarem as suas emissões e reportagens, sempre que as circunstâncias o aconselham. Seja pelas audiências acrescidas, seja por inata imbecilidade dos seus mentores, seja por esta estranha forma de procedermos segundo uma matriz do politicamente correcto e da omnipresente possibilidade de estarmos perante a sonegação dos nossos direitos e garantias. E sobre isso temos que estar atentos. Vigilantes, que é como se diz e soa melhor.
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Etiquetas: media, terrorismo
2 Comments:
... mas haverá lá fenómeno social mais comovente que o nosso querido Zé Povinho? eu adoro!
;D ;D ;D
sinapse
Comovente foi teres reparado que o sistema começava no zero...
:))))
Beijinhos comovidos
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