terça-feira, setembro 04, 2007

Professores desempregados



[1991]

Salvo alguma questão que me esteja a passar ao lado, é inaceitável a posição dos sindicatos da classe dos professores pelo facto de haver 45.000 professores não colocados. Por duas razões principais.

A primeira é porque a recorrente afirmação de que a classe dos professores merece o maior respeito e a maior consideração pelo simples facto de existirem e trabalharem me parece uma manifestação enviesada do seu estatuto de profissionais. Não percebo porque é que professores deveriam merecer mais respeito ou consideração que médicos, enfermeiros, polícias ou motoristas de viaturas do INEM. Mas criou-se esta ideia (com um aproveitamento evidente dos tempos da paixão idiota de Guterres) e só o tempo poderá carrilar a situação para a normalidade.

A segunda é porque, uma vez mais, os professores acham que o Estado tem a obrigação, sem volta a dar, de lhes arranjar emprego. Não tem. O Estado terá que ter um papel na regulação do equilíbrio entre a formação de profissionais da educação e as necessidades do país. Apenas.

Politizar a questão e deixarmo-nos cair na discussão de rácios e/ou medidas arbitrárias da ministra da educação não contribui para empregar os 45.000 professores e só ajudará à turbulência. E consolidará a ideia de que muitos professores em actividade sindical estão mais interessados em protagonismo, até pela simples necessidade de existirem, do que arranjar emprego para os professores desempregados.

Aceito que algum ângulo da questão me esteja a passar ao lado e eu esteja a ver as coisas de forma demasiadamente simplista. Se assim for, certamente que alguns dos meus amigos professores me elucidará e corrigirá. Até lá, continuarei a pensar que os professores constituem uma classe digna e meritória, mas nem mais nem menos que outras profissões como há pouco referi e que o Estado não é uma agência de empregos. E com a esperança de que o bom senso impere e não assistamos, de novo, a manifestações de rua com o frenesi e politização do costume.


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6 Comments:

At 8:06 da manhã, Blogger 125_azul disse...

45.000. Palavras para quê? Está mesmo muita coisa a passar ao lado. Mas não é de ti...

 
At 8:15 da tarde, Blogger cristina disse...

Cansam-me as posições dos sindicatos de professores, exactamente por veicularem todo esse teu pensamento!

Os professores não merecem mais respeito que médicos, enfermeiros, polícias ou motoristas do INEM, certo! Mas também não merecem menos!!! E, numa tentativa de evitar uma certa banalização, de algum modo generalizada, da profissão docente, cai-se muitas vezes no exagero.

As vozes sindicalistas, que são as que se ouvem, apenas parecem saber reclamar. Se há muita coisa que está mal - que há! -, também há alguma que tem melhorado. E se há muitos profissionais empenhados, também os há incompetentes e acomodados. E uma voz comum a todos eles sai assim esta coisa estranha que são as declarações dos sindicatos de professores...

O reconhecimento de ALGUMA doença no seio da própria comunidade, ao invés de uma luta cega em todas as direcções, era capaz de ser útil. A classe não devia temer a "certificação de qualidade" e, ao invés de vociferar contra toda e qualquer medida ministerial, devia saber filtrar algumas maluqueiras que de lá saem e procurar aproveitar, adaptar, sugerir, inovar... sei lá, mostrar algum interesse, de facto, em mudar as coisas e não apenas em reclamar.

Por fim: «O Estado terá que ter um papel na regulação do equilíbrio entre a formação de profissionais da educação e as necessidades do país. Apenas.» Seja! Já resolvia muita coisa... Mas este «apenas» não tem sido cumprido!!!...

 
At 11:16 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

azulinha
Acredito que sim. Mas nós manifestamo-nos no âmbito dos dados e que dispomos, não é?
Beijinho

 
At 11:16 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

cristina
Concordo com o teu comentário até à última vírgula
Beijinhos

 
At 12:44 da manhã, Blogger cristina disse...

Ora, deixa cá ver... a última vírgula... «sei lá, mostrar algum interesse, de facto,» - Vá lá, já não é mau, só falta meia dúzia de linhas. :D

:) É saudável, para variar, concordarmos em alguma coisa «até à última vírgula».

 
At 7:05 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

cristina
Até ao terceiro ponto da última reticência do último parágrafo do último período do último comentário
:))

 

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