domingo, setembro 23, 2007

Distraídos?



[2034]

Talvez as duas mais incisivas acções de propaganda pura, de momento, sejam as maravilhas do serviço de saúde em Cuba e as notícias diárias de episódios já conhecidos e já anteriormente noticiados até à exaustão, que apontam para o rapto de Maddie descartando, por exclusão de partes, o seu assassínio.

Quanto a Cuba, há uma espantosa inversão da racionalidade. Cuba trata uma dúzia de portugueses doentes oftalmológicos por ano, recebe €50.000 por cima e, em troca, ainda tem a comunicação social portuguesa, em coro, a cantar as maravilhas do serviço nacional de saúde cubano. Para além do embuste da situação há esta patológica tendência portuguesa para alinharmos no folclore. Enquanto lá fora, em Moçambique, Angola, África do Sul, para citar apenas três exemplos que conheço bem, os expatriados evitam a todo o custo os médicos cubanos, dada a sua preparação ser reconhecidamente deficiente. Médicos que, na maioria dos casos, são apenas técnicos de saúde. E são técnicos de saúde porque há uma espécie de número limite de jovens que podem acabar o curso de medicina. Os outros são retirados da Universidade no último ano do curso e permanecem como técnicos. Estratégia, aliás, bem conhecida, para evitar a sangria de quadros. Em Saúde, como em Direito, principalmente. Já que médicos e advogados têm aquela péssima mania de querer emigrar para a decadente Miami. E como simples técnicos, a tentação da fuga sempre é mais limitada.

Já em relação a Madeleine, é extraordinário o trabalho que está a ser desenvolvido por… não sei bem quem, talvez um gabinete de promoção de imagem, talvez advogados, não sei… mas todos os dias, repito, todos os dias, lançam agora para as agências de informação notícias já conhecidas mas todas elas conducentes à ideia de que Madeleine foi efectivamente sequestrada. Hoje, por exemplo, repete-se vezes sem conta a notícia de que Maddie foi vista em dois locais diferentes, por pessoas diferentes, em Marrocos, poucos dias depois do seu desaparecimento. Como se sabe, isto foi noticiado na altura e houve mesmo diligências policiais e comunicados para a imprensa de que as notícias eram falsos alarmes. Insistir nas notícias só pode significar uma campanha bem delineada para fazer divergir a opinião pública da teoria do assassínio para a do rapto. Em bom inglês, it sucks!

Alguém explica aos mais distraídos que esta campanha é demasiadamente visível e pode ter efeito boomerang?

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2 Comments:

At 8:08 da manhã, Blogger 125_azul disse...

É melhor não esqueceres o casaquinho, hoje arrefeceu outra vez...

 
At 11:56 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

azulinha
:)

 

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