Patético
[2030]
Duas peças no telejornal de há pouco ilustram bem o destempero em que voluntária e conscientemente mergulhamos, na obsessiva pulsão que parece conduzir a sociedade para uma existência patética, mascarada de assepsia e moral de bons costumes. Numa das peças, era visível o caos a que Lisboa foi sujeita por causa de mais um dos abomináveis dias sem carros. Atropelos, confusões, nervos em franja, buzinas, muitas das artérias vitais da cidade completamente bloqueadas enquanto duas ou três dúzias de patuscos brincavam e saltavam na Avenida da Liberdade e outras tantas, menos, pedalavam pela avenida abaixo. Parece que a cena se repetia na Almirante Reis, no Terreiro do Paço e daqui até Santa Apolónia. De notar, porém que aos repórteres, os condutores das viaturas entaladas pareciam ter medo de dizer que tudo aquilo era um desconforto e prejuízo tremendos, parecendo querer concordar com a medida e esboçando sorrisos amarelos e cúmplices.
Noutra peça, um par de pais que em tempo resolvera oferecer um brinquedo de guerra a um filho, resolveu comparecer a uma espécie de cerimónia patrocinada pela Amnistia Internacional, onde se trocavam brinquedos de guerra por outro tipo de brinquedos que proporcionassem às crianças uma visão mais pacifista do mundo. E lá apareceram os pais pressurosos na reportagem, os mesmos que teriam oferecido uma metralhadora ao filho, na bicha para a troca. O que é patético na coisa é que até se admite que um pai se arrependa de ter oferecido uma pistola de brinquedo a um filho, mas aquela expressão de vítima, destes tempos belicosos e perigosos instigados por um desenfreado consumismo, que os pais circunstancialmente afivelam é que nos leva a pensar que o tempo presente é, realmente, perigoso. Não porque seja particularmente belicoso, mas porque se revela cada vez mais patético.
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Duas peças no telejornal de há pouco ilustram bem o destempero em que voluntária e conscientemente mergulhamos, na obsessiva pulsão que parece conduzir a sociedade para uma existência patética, mascarada de assepsia e moral de bons costumes. Numa das peças, era visível o caos a que Lisboa foi sujeita por causa de mais um dos abomináveis dias sem carros. Atropelos, confusões, nervos em franja, buzinas, muitas das artérias vitais da cidade completamente bloqueadas enquanto duas ou três dúzias de patuscos brincavam e saltavam na Avenida da Liberdade e outras tantas, menos, pedalavam pela avenida abaixo. Parece que a cena se repetia na Almirante Reis, no Terreiro do Paço e daqui até Santa Apolónia. De notar, porém que aos repórteres, os condutores das viaturas entaladas pareciam ter medo de dizer que tudo aquilo era um desconforto e prejuízo tremendos, parecendo querer concordar com a medida e esboçando sorrisos amarelos e cúmplices.
Noutra peça, um par de pais que em tempo resolvera oferecer um brinquedo de guerra a um filho, resolveu comparecer a uma espécie de cerimónia patrocinada pela Amnistia Internacional, onde se trocavam brinquedos de guerra por outro tipo de brinquedos que proporcionassem às crianças uma visão mais pacifista do mundo. E lá apareceram os pais pressurosos na reportagem, os mesmos que teriam oferecido uma metralhadora ao filho, na bicha para a troca. O que é patético na coisa é que até se admite que um pai se arrependa de ter oferecido uma pistola de brinquedo a um filho, mas aquela expressão de vítima, destes tempos belicosos e perigosos instigados por um desenfreado consumismo, que os pais circunstancialmente afivelam é que nos leva a pensar que o tempo presente é, realmente, perigoso. Não porque seja particularmente belicoso, mas porque se revela cada vez mais patético.
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Etiquetas: dia europeu sem carros, me worry?
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