quinta-feira, julho 26, 2007

Nervos



[1911]

O meu grande espanto do momento é a forma continuada como Sócrates se mantém zangado com o mundo em geral e com os portugueses em particular. Ainda ontem ele ralhou com toda a gente e mostrou aquela sua faceta extraordinária de parecer transferir para todos nós, cidadãos, a responsabilidade pelo incumprimento da lei. Na verdade, a maneira irada (não admito, disse ele a certa altura, não aceito essas desculpas) a raiar o descontrole como, ainda ontem, Sócrates vituperava o Governo Regional da Madeira pelo incumprimento da lei do aborto fez-me pensar se este homem não precisaria de umas férias, como diz Pacheco Pereira. Um bom amigo, uma namorada, um conselheiro, alguém, enfim, lhe deveria dizer que este país não é propriamente uma creche e que ele devia ter mais respeito pelos seus concidadãos e por si próprio. Que não tem.

Outra questão que me intriga é o facto de a comunicação social ignorar aquilo que me parece evidente. O destrambelhamento dos fígados de Sócrates, que dá sinais inequívocos (quase diariamente) de duas coisas. A de que ele tem uma missão a cumprir na terra e que está sem paciência nenhuma para nos aturar. Acho os jornalistas benévolos, encavacados, tartamudeantes (um palavrão que nem sei se existe, mas é como os acho – a tartamudear, de cada vez que Sócrates ralha com eles) e reverentes perante um homem a quem se poderia fazer uma ou outra pergunta inteligente que o fizesse baixar à Terra.

Um amor de Verão, uns banhos de praia ou um safari no Quénia – eis algumas das coisas que poderão ajudar a diluir o stress deste homem. E a libertar-nos a nós desta tensão diária de que cada vez que ele abre a boca nos apeteça dizer-lhe: - Tem cada uma senhor primeiro-ministro. Ora essa…

P.S. Já agora. Se há desrespeito pelas leis da República na Madeira é a si, senhor primeiro-ministro que lhe compete fazer cumpri-las. E não aos dois jornalistas que o entrevistaram ontem na SIC. E já agora, antes de fazer cumprir as leis, verificar mesmo que a Região Autónoma da Madeira tem condições para as fazer cumprir. Antes de ir ralhar com as pessoas para a televisão ou do ministro da saúde anunciar "reforços" de médicos treinados para o aborto a enviar para o arquipélago. E, já agora, antes da Fernanda Câncio fazer mais cinco ou seis posts sobre o aborto, para o que já não há pachorra tambem.


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4 Comments:

At 9:04 da manhã, Blogger Carlota disse...

Eu aguentei a entrevista quase até ao fim.
Tens razão quanto a esse aspecto dos jornalistas tartamudeantes (não encontrei a palavra, mas o verbo tartamudear, esse existe!). Irrita-me o temor reverencial com que se apresentam. Revela falta de preparação, ou seja, falta de profissionalismo.
Beijola.

 
At 7:51 da tarde, Blogger Sinapse disse...

Outra questão que me intriga é o facto de a comunicação social ignorar aquilo que me parece evidente. O destrambelhamento dos fígados de Sócrates, que dá sinais inequívocos (quase diariamente) de duas coisas. [...]

Teorias:
- a comunicação social guia-se por um conjunto de regras ... uma das regras determina que sejam acintosos com pessoas cujo nome contenha Pedro ou Santana ou Lopes ...
ou
- a comunicação social em Portugal é toda do género imprensa cor-de-rosa ...

Imprensa cor-de-rosa, definição:
- a imprensa que se (pre)ocupa com a esfera privada das figuras públicas, ver por exemplo revistas como a Hola, VIP, Flash, Caras, etc etc etc (em contexto: aqui ou aqui)
ou
- a imprensa da pequena República de Portugal, ao serviço do PS (imprensa rendida ao deslumbre da esquerda rosa) (em contexto: consultar a generalidade dos jornais portugueses desde +/- 1998/99)

...

Olha, como diriam os belgas ... bof!!

 
At 5:32 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

carlota
A ti já não te respondo porque já cá estás em Portugal
beijola :)

 
At 5:33 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

sinapse
E a ti também não te respondo por que já vim tarde e o assunto já está fora de prazo :)))
beijinhos retardados

 

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