Mais mundo lá fora
A foto é de péssima qualidade mas é real, do Saco de Santa Maria e vê-se bem o mar aberto do lado de lá da vegetação
[1908]
A praia de Carcavelos deve ter sido escolhida este Verão para destino de muitas, mas muitas dezenas de autocarros de excursão para pessoa idosas e crianças. Como lá passo todos os dias, aflige-me ver aquela mancha humana, porque de uma mancha se trata, que cobre virtualmente todo o areal.
Faz-me pensar no privilegiado que fui durante mais de uma dezena de anos em que quase todos os fins-de-semana atravessava o saco da Inhaca, navegando no percurso sinuoso dos baixios até chegar à ponta de Santa Maria. Esse percurso era praticamente delineado pelos muitos milhares de flamingos rosados no areal e que eu ia jurar que já me conheciam, tal a forma expectante como eles aguardavam a passagem do barco e se precipitavam para a esteira dos motores logo após a minha passagem,certamente para apanharem pequenos peixes tontos pelo turbilhão da espuma.
Para quem não saiba, o "Saco" é uma zona de baixios que separa a ilha da Inhaca da ponta do continente até ao canal de Santa Maria e Ponta Abril, locais de eleição para nadar, fazer ski, apanhar lagostas à mão e, passado o canal para a o mar aberto, apanhar umas barracudas, pompanos, kawa-kauwas, bonitos, wahoos ou queen-fish que gostam de vir comer ao canal. Exactamente a meio do canal há também, umas rochas que proporcionam excelente mergulho e todo o areal é rodeado de densa e luxuriante vegetação. A água é de um azul tão intenso que eu nem sabia que existia antes de conhecer o hemisfério sul e, ao cair da tarde, é cor de prata. Não é poesia, é cor de prata mesmo, provavelmente causada pelo facto de o sol se pôr do lado de terra e não do mar.
Santa Maria faz parte do meu álbum de memórias de coisas muito boas e eu era capaz de escrever tanto sobre ela que precisava de vários posts para tal. E é este álbum que é violentamente sacudido todas as manhãs ao passar em Carcavelos. Será lamechice, será o reconhecimento de que todas as coisas têm o seu tempo próprio, será o desejo de parar o carro e gritar para toda aquela gente que vivemos num lugar pequenino, superpovoado, cinzento, poluído e que há mundo para lá do Bugio. Tanto que depois de o vermos nunca mais nos esquecemos.
A praia de Carcavelos deve ter sido escolhida este Verão para destino de muitas, mas muitas dezenas de autocarros de excursão para pessoa idosas e crianças. Como lá passo todos os dias, aflige-me ver aquela mancha humana, porque de uma mancha se trata, que cobre virtualmente todo o areal.
Faz-me pensar no privilegiado que fui durante mais de uma dezena de anos em que quase todos os fins-de-semana atravessava o saco da Inhaca, navegando no percurso sinuoso dos baixios até chegar à ponta de Santa Maria. Esse percurso era praticamente delineado pelos muitos milhares de flamingos rosados no areal e que eu ia jurar que já me conheciam, tal a forma expectante como eles aguardavam a passagem do barco e se precipitavam para a esteira dos motores logo após a minha passagem,certamente para apanharem pequenos peixes tontos pelo turbilhão da espuma.
Para quem não saiba, o "Saco" é uma zona de baixios que separa a ilha da Inhaca da ponta do continente até ao canal de Santa Maria e Ponta Abril, locais de eleição para nadar, fazer ski, apanhar lagostas à mão e, passado o canal para a o mar aberto, apanhar umas barracudas, pompanos, kawa-kauwas, bonitos, wahoos ou queen-fish que gostam de vir comer ao canal. Exactamente a meio do canal há também, umas rochas que proporcionam excelente mergulho e todo o areal é rodeado de densa e luxuriante vegetação. A água é de um azul tão intenso que eu nem sabia que existia antes de conhecer o hemisfério sul e, ao cair da tarde, é cor de prata. Não é poesia, é cor de prata mesmo, provavelmente causada pelo facto de o sol se pôr do lado de terra e não do mar.
Santa Maria faz parte do meu álbum de memórias de coisas muito boas e eu era capaz de escrever tanto sobre ela que precisava de vários posts para tal. E é este álbum que é violentamente sacudido todas as manhãs ao passar em Carcavelos. Será lamechice, será o reconhecimento de que todas as coisas têm o seu tempo próprio, será o desejo de parar o carro e gritar para toda aquela gente que vivemos num lugar pequenino, superpovoado, cinzento, poluído e que há mundo para lá do Bugio. Tanto que depois de o vermos nunca mais nos esquecemos.
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Etiquetas: Carcavelos, Inhaca
2 Comments:
Santa Maria faz parte do meu álbum de memórias de coisas muito boas e eu era capaz de escrever tanto sobre ela que precisava de vários posts para tal.
Podes escrever. Vários posts. Nós gostamos! :))
sinapse
Sempre reprimi um pouco a vontade de escrever sobre Santa Maria. O local eh tao especial, tao magico, que eu sempre receei nao ser capaz de relatar, nem de leve, a sensaçao estranha de que "aquilo" deve ser a felicidade.
Estou a falar a serio...
Beijinhos
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