quarta-feira, junho 20, 2007

Arraial Pride





[1823]

Não concordo com o "Arraial Pride" (ler aqui, o Arraial Pride e as prioridades da C. M. de Lisboa) do próximo dia 23. Acho que será mais uma manifestação de descriminação positiva que é uma das coisas que mais afectam a minha tolerância cívica.

Na orientação sexual, como na etnia e noutros fenómenos em que a facção alheia se sente “superiormente” habilitada para decidir favoravelmente em favor das minorias injustamente estigmatizadas. Aliás, eu entendo e suporto a descriminação positiva em situações extremas, como a deficiência física, por exemplo, acho muito bem que a minha rua tenha um lugar de estacionamento especialmente destinado ao meu vizinho deficiente e acho que se deveria e poderia fazer muito mais em nome da integração social dos deficientes. Porque se faz muito pouco. Custa-me imenso, por exemplo, verificar que um paraplégico não possa aceder a uma máquina de Multibanco enquanto se gasta um rio de dinheiro para ver uma multidão de gays a saracotearem as ancas ou beijarem-se em público para afirmarem o direito à diferença, seja lá o que for que isso signifique. Sobretudo se parte desse dinheiro me sai do bolso, como parece resultar do patrocínio da Câmara Municipal de Lisboa em relação ao tal arraial.

Não é só o dinheiro, como também toda uma dinâmica que quase faz pensar em culpas que devemos expiar. Ora eu não acho que tenha de expiar seja o que for. O fenómeno da homossexualidade está estudado, há gays e todos devemos viver no respeito intrínseco pela condição de cada um. Mas eu penso que isso e já um dado adquirido e nem as muitas injustiças de que muitos gays foram alvo, sobretudo em sociedades mais fechadas, deverão servir de justificação para o permanente arraial (para usar mesmo o termo arraial que agora se quer fazer) em que vivemos na glorificação dos gays. Porque é disso que se trata, glorificação, para além de reconhecidas condutas de cumplicidade entre gays na vida social e profissional de muitos deles. Lobis, carreirismo e promiscuidades como parece ser, por exemplo, evidente no caso casa Pia, entre outros.

Neste caso do Arraial Pride de Lisboa é evidente também o aproveitamento político para as eleições intercalares. Só por isso, se eu fosse gay não ia à Parada. Porque me sentiria usado. E eu, usado, só no bom sentido. Aí, sim, usem-me à vontade, que eu gosto.



ADENDA:


1.
Uma observação mais cuidada do cartaz revela-me que o arraial é, também, dirigido à comunidade hetero. A pusilanimidade da organização foi, injustamente, posta em causa.

2. Presumo que os homossexuais de bom senso se demarcam do "arraial". Tenho a certeza que sim.


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3 Comments:

At 10:05 da tarde, Blogger 125_azul disse...

Acostuma-te! Já faz parte do calendário festivo da cidade, junto com os Santos Populares e a maior árvore de Natal da Europa...

 
At 7:10 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

azulinha
Tens razão. Sou um maniento :)

 
At 5:22 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Pois meu querido, tem toda a razão quando diz"Presumo que os homossexuais de bom senso se demarcam do "arraial". Tenho a certeza que sim.". Faço parte daquele núcleo que não quer e não sabe fazer parte de arraiais! Limito-me a conviver e a partilhar tranquilamente o meu espaço com os demais sem atropelos e exibicionismo gratuito. Mas não nos podemos abstrair de que piores do que os exibicionistas são os pseudo hetero que pululam nas sombras e semeiam o terror da sida.
Esses sim são as aberrações.
Até uma próxima

 

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