terça-feira, abril 17, 2007

A propósito de Ratzinger



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Costuma ser assim. A vozeirada extingue-se à medida que se vai aumentando o conhecimento sobre as pessoas e as coisas. E foi isso que aconteceu exactamente com Ratzinger, que celebrou ontem os seus oitenta anos, depois de ter sido continuamente fustigado pela nata lusitana durante várias semanas, em jornais, blogues e televisões.

Porque gostaria de ter dito exactamente o que
João Gonçalves escreveu e, ainda, porque ele o faria sempre melhor do que eu, transcrevo na íntegra o seu post:

Joseph Ratzinger celebra hoje o seu 80º aniversário. Simultaneamente é lançado em dois ou três países o seu "Jesus de Nazaré" que talvez apareça por cá em Maio. Bento XVI é chefe de estado e "líder" espiritual de milhões de seres humanos. Foi, no passado, o "fermento" intelectual do pontificado "democrático" e mediático de João Paulo II. É, na minha opinião, o único dirigente mundial com pensamento, determinação, saber e uma profunda consistência cultural e ética. É porventura o único, do lado "ocidental", que pode falar "à cidade e ao mundo" de surdos em que vegetamos. A sua autoridade estende-se a todas as actividades humanas, a começar pela que devia ser das mais nobres, a política. Recrutados nos sotãos das respectivas secções partidárias, sem biografia ou valia cultural e humana de qualquer espécie, arrancados às "lojas de trezentos" que constituem a maior parte das estruturas "representativas" da democracia - os chamados "partidos" -, os donos políticos do mundo são os melhores epígonos do relativismo que Ratzinger despreza. Com os EUA entregues a um cowboy praticamente inimputável, a Rússia a um polícia astuto e mau e a Europa nas mãos de meia dúzia de homens sem qualidades, resta a palavra sensata, sábia e incorruptível do Santo Padre. Deus permita que possamos continuar a contar com ele por muitos e bons anos na denúncia esclarecida da aurea mediocritas a que chamamos vida. Herzlichen Glückwunch zum Geburstag.
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6 Comments:

At 10:33 da manhã, Blogger Filipa disse...

1. a pessoa de quem citaste o post está a comparar um líder religioso com diversos líderes políticos, o que é totalmente desparatado. O papa, ou 'Santo Padre' como ele lhe chama, não tem uma função política, nem pode ter. Deveria-se ocupar exclusivamente de questões religiosas, é para isso que existe.
2. Este tipo de comparações levam a que a sua autoridade em questões civis seja aceite, o que é preverso pois não foi eleito nem escolhido pela sociedade civil.
3. O papa age, assim, dentro de uma lógica autoritária e anti-democrática, ao expressar opiniões sobre questões para as quais não tem qualquer tipo de autoridade, agindo de forma impostiva sobre todos aqueles que não reconhecem nele qualquer tipo de autoridade.
4. Ao reconhecer este direito a um qualquer chefe religioso, seja o papa, seja o pastor da igreja universal da igreja universal do reino de deus, estão a permitir que se continue a exercer uma violência a pessoas como eu, que não têm qualquer tipo de ligação com a igreja catolica e que se vêm oprimidas pelo enorme poder que ela continua a exercer sobre elas.

... enfim, tenho dito. mesmo que de forma antipática. gostava muito que um dia os católicos parassem de pensar pelo resto da população que os rodeia, mas velhos hábitos são difíceis de modificar.

 
At 12:18 da tarde, Blogger Teófilo M. disse...

A Primavera traz sempre consigo coisas boas, e este texto é apenas mais uma boa coisa que nos envia a Miss Primavera.

 
At 3:26 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

miss spring

Ponto 1.
Nao vejo porque eh que um chefe reiligioso nao deva ou nao possa ocupar-se com questoes politicas. Um lider religioso move e influencia milhoes de pessoas. E isso eh um acto politico, queiramos ou nao. Nao eh honesto um lider representar a orientaçao religiosa de milhoes de pessoas e dizer-lhes "deixemos a politicas para os politicos". Sobretudo quando a classe politica apresenta um defice enorme de gente de craveira e envergadura politica. Por outro lado, o Papa eh um lider poltico. Nao eh soh o Chefe da igreja. O Vaticano eh um Estado...

Ponto 2.
Nao percebo o teu ponto... a autoridade do Papa e da Igreja soh eh aceite por quem quer aceitah-la.

Ponto 3.
Nao vejo no Papa (este ou outro) um elemento de uutoritarismo anti-democratico. Insisto em que o Papa eh aceite pelos catolicos e soh eh catolico quem quer. Olha, eu nao sou, por exemplo, mas nao eh por isso que deixo de concordar com o post do Joao Gonçalves, que tambem nao sei se eh catolico.

Ponto 4.
Nao entendo em que eh que a autoridade do Papa representa uma violencia sobre ti ou sobre quem quer que seja. Insisto, os tempos da Inquisiçao estao esbatidos no tempo, ha dogmas diluidos e outros que, provavelmente, serao mais dificeis de diluir. Mas tenho dificuldade em abordar essa questao porque nunca estudei teologia.

Gostei que te intressasses pelo conteudo deste post, embora o post nao seja meu, como sabes. Resta-me dizer-te que nao vislumbro quasquer sinais de que os catolicos achem que devem pensar por nohs. Por mim nao pensam, com certeza, que nao sou catolico. Mas talvez por isso mesmo, por nao ser catolico, por me dar mal com ortodoxias de gente que gosta de pensar por mim (tal como acusas os catolicos)eu ache que este Papa eh uma grande figura da cultura e que nas suas intervençoes demonstra parecer ter uma nçao exacta dos multiplos fenomenos que minam a sociedade ... vamos chamar-lhe ocidental, que tu e eu ajudahmos a construir e que elegemos como aquela que gostamos e queremos. Mesmo que que de raiz judaico-cristahn, mas, sobretudo, livre.
Beijinho e espero que nao te zangues comigo :)

 
At 3:27 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

teofilo m.

A minha resposta ah Miss Spring eh adequada ao seu comentario, tambem, como me parece.
Um abraço e benvindo de volta ah Blogoesfera

 
At 6:52 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

Miss Spring,
Esqueceu-se que foi o último Papa quem contribuiu mais para terminar o comunismo.
E, por muito que lhe custe - se calhar não lhe respeita a si, o que seria uma pena -, tem autoridade moral.
O Santo Padre não tem autoridade civil, mas tem a autoridade religiosa e moral que conseguiu a salvação da nossa civilização.
Pense um bocadinho e separe as coisas: a César o que é de César, a Deus o que é de Deus.
Jaá chega de jacobinismo.

Nuno

 
At 7:03 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

miss spring

Além do que antes respondi, quero perguntar-lhe em que baseia a sua afirmação a seguir:
"... estão a permitir que se continue a exercer uma violência a pessoas como eu, que não têm qualquer tipo de ligação com a igreja catolica e que se vêm oprimidas pelo enorme poder que ela continua a exercer sobre elas."
Seria interessante saber em que é que a Igreja Católica a oprime.

Nuno

 

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