Já não há bichas nas Finanças das Olaias
[1623]
A sanha deste governo pela propaganda permanente e saloia vai tornando o ar português irrespirável. Não há um dia sequer em que não me sinta menorizado pelos técnicos do marketing dessa propaganda descarada em que vivemos alegremente. O país vai-se tornando numa ala de puericultura de um imenso redil de ovelhas abúlicas e felizes por terem nascido a viverem sob a eficácia de um governo que zela superiormente por todos.
Ele é a defesa do consumidor, ele é as multas e apreensões em mega-operações de controle de produtos alimentares, as grandes apreensões de drogas, armas, cigarros, ele é a nossa saúde protegida dos débeis mentais que ainda fumam, ele é os bancos e outros capitalistas responsáveis por inúmeras malfeitorias metidos na ordem, os isqueiros que vão ser proibidos (menos aqueles que as crianças não podem acender – esta é inultrapassável…), a Emel a trancar carros (na 5 de Outubro, porque no resto de Lisboa continua tudona mesma pior), ele é a recuperação de bebés raptados, ele é o bombardeamento diário, permanente, opressivo, com notícias da bondade deste governo, cujo zelo nos traz saudáveis, seguros, defendidos dos maus e felizes por nos sentirmos cuidados assim.
A coisa hoje raiou o surrealismo. Vi, em prime time e na estação nacional de televisão, um senhor Silva a ser entrevistado, dono de um minimercado nas Olaias muito admirado porque era o último dia de entrega do IRS e na repartição de finanças ali ao lado (presume-se que ali ao lado do minimercado) era um descanso, não havia bichas, o senhor Silva disse que há mais de vinte anos que não via um sossego assim. E porquê, senhor Silva? Perguntou a repórter de serviço? O Sr. Silva olhou para a repórter, pensou, pensou (o que lhe iria na cabeça, ao Sr. Silva do minimercado?) e disse: - Bom, há mais gente a atender, “eles” ajudam melhor a encher os formulários e há essa coisa da Internet e patatipatatá.
A reportagem prosseguiu com mais uns quantos senhores Silvas e algumas sodonas qualquer coisa, toda a gente afinando pelo mesmo diapasão. Finalmente, apesar de os portugueses deixarem tudo para o fim, não havia bichas. Excepção feita a uma entrevistada que rindo-se com alacridade (eu seja ceguinho) dizia que quando chegou ao atendimento tinha 300 à frente dela, mas agora só tinha 17. E ria e ria e ria…
Irrespirável, dizia eu lá em cima. E tolhe-me os, ainda, vestígios de pudor que me restam.
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A sanha deste governo pela propaganda permanente e saloia vai tornando o ar português irrespirável. Não há um dia sequer em que não me sinta menorizado pelos técnicos do marketing dessa propaganda descarada em que vivemos alegremente. O país vai-se tornando numa ala de puericultura de um imenso redil de ovelhas abúlicas e felizes por terem nascido a viverem sob a eficácia de um governo que zela superiormente por todos.
Ele é a defesa do consumidor, ele é as multas e apreensões em mega-operações de controle de produtos alimentares, as grandes apreensões de drogas, armas, cigarros, ele é a nossa saúde protegida dos débeis mentais que ainda fumam, ele é os bancos e outros capitalistas responsáveis por inúmeras malfeitorias metidos na ordem, os isqueiros que vão ser proibidos (menos aqueles que as crianças não podem acender – esta é inultrapassável…), a Emel a trancar carros (na 5 de Outubro, porque no resto de Lisboa continua tudo
A coisa hoje raiou o surrealismo. Vi, em prime time e na estação nacional de televisão, um senhor Silva a ser entrevistado, dono de um minimercado nas Olaias muito admirado porque era o último dia de entrega do IRS e na repartição de finanças ali ao lado (presume-se que ali ao lado do minimercado) era um descanso, não havia bichas, o senhor Silva disse que há mais de vinte anos que não via um sossego assim. E porquê, senhor Silva? Perguntou a repórter de serviço? O Sr. Silva olhou para a repórter, pensou, pensou (o que lhe iria na cabeça, ao Sr. Silva do minimercado?) e disse: - Bom, há mais gente a atender, “eles” ajudam melhor a encher os formulários e há essa coisa da Internet e patatipatatá.
A reportagem prosseguiu com mais uns quantos senhores Silvas e algumas sodonas qualquer coisa, toda a gente afinando pelo mesmo diapasão. Finalmente, apesar de os portugueses deixarem tudo para o fim, não havia bichas. Excepção feita a uma entrevistada que rindo-se com alacridade (eu seja ceguinho) dizia que quando chegou ao atendimento tinha 300 à frente dela, mas agora só tinha 17. E ria e ria e ria…
Irrespirável, dizia eu lá em cima. E tolhe-me os, ainda, vestígios de pudor que me restam.
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Etiquetas: à la PS, bichas nas finanças, me worry?, propaganda
2 Comments:
"O país ...ala de puericultura...", este é o parágrafo qu me toca particularmente, não sei se pela puericultura se pela história das ovelhas. E diz-me, a sério que não há bichas nas finanças de Olaias? Homofóbicos, ahnnnnnn?!!, que coisa feia. Beijinhos, bom fim de semana
125azul
arara
Isto é um bocado como as bruxas. Pero que las hay...
:)
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