Serviço Público na RTP
O retiro espiritual do Tenente Oliveira
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Eu ontem esforcei-me. Palavra de honra que me esforcei.
A história conta-se rapidamente:
O senhor Oliveira vivia calmamente em New Bedford, Massachussets, uma cidade cheia de letreiros em português a anunciar alheiras de Mirandela, enchidos da Beira e bacalhau do Alto, cujos donos, entretanto têm filhos que se aculturam e chegam, como o senhor Oliveira, a tenente da Marinha dos Estados Unidos e o senhor Oliveira, dizia eu, chegou a tenente e participou (com mérito, aparentemente…) em várias operações, incluindo a recente invasão do Iraque. A páginas tantas, o senhor Oliveira teve um rebate de consciência e achou que aquilo (leia-se a invasão do Iraque e outras "cowboiadas" correlativas dos ianques) não fazia sentido nenhum, resolve bater com a mão no peito, já agora bateu com a porta também e ala a integrar-se rapidamente em grupos pacifistas a protestar contra a guerra e contra as mentiras do País que, até aí, ele servira com dedicação e mérito.
É claro que a RTP, atenta a estes desenvolvimentos e prenhe de sentido de serviço público, "desarrinca" um documentário, mostrando o senhor Oliveira com uma expressão angelical e contrita a dizer que não estava bem com a consciência dele, de cinco em cinco minutos, durante 30 segundos. Os quatro minutos e meio de intervalo entre a sentida conversão do senhor Oliveira a pacifista eram integralmente preenchidos com imagens de arquivo de manifestações de protesto contra a guerra e as inevitáveis entrevistas com representantes da comunidade portuguesa que, claro, discordavam da política, achavam que Bush era um mentiroso e falavam enquanto enchiam chouriços (juro) ou prestavam informações sobre onde era a rua tal.
Como dizia no princípio, eu tentei. Juro que tentei ver o documentário (previamente anunciado como uma grande reportagem da 1), contive-me, não dei pontapés às gatas, dei um beijinho enlevado à filha que me telefona a dizer que “amanhã é feriado” e que ficava em Lisboa em casa da Rita e até me esqueci do joelho inchado da queda da bicicleta. Mas às nove e meia mudei de canal. Sob risco de iminente apoplexia. No canal 10 dava o Jay Lenno e por lá fiquei.
É por estas e por outras que eu acho que o JPP está cheio de razão.
1 Comments:
Quanto pagam na América por um emprego de pacifista? Nâo é à borla, pois não?
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