Pistas de choques
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Chover, na minha terra, provoca um cenário muito semelhante a uma pista de carros de choques das feiras. Aos primeiros pingos, os portugueses tendem a “marrar” (é o termo) uns com os outros e a amarrotar o “carrinho” que, provavelmente, foi lavadinho, polidinho, aspiradinho, durante o fim de semana.
É algo que me mete uma tremenda confusão, dando de barato que o piso escorregadio favorece, naturalmente, mais colisões, realmente inevitáveis. Mas eu acho que a inevitabilidade destas colisões deveria estar naturalmente ligada à imponderabilidade de uma travagem brusca por causa de um peão distraído, ou outra razão semelhante e, por via disso, levar uma “traseirada”. Mas não é o que se passa. Os portugueses esquecem o desvelo e os cuidados intensivos a que submeteram o carrinho durante o fim de semana para se meterem, alegremente, à estrada da mesma forma que o fariam se estivesse piso seco e sol a brilhar. Depois é vê-los a esbracejar de dedo espetado enquanto, muito europeus nos seus coletes brilhantes, esperam a chegada da polícia, enquanto atrás deles se vão bloqueando centenas de carros que pertencem a outra anedota mas que são obrigados a esperar pelos “coletados” condutores que não "repararam" que a estrada estava molhada, apesar de irem com as escovas na posição de velocidade máxima.
Há qualquer coisa de estranho, de patológico, neste comportamento dos meus conterrâneos perante a necessidade de se conduzir a chuva. Qualquer coisa que me escapa mas eu acho que terá alguma coisa a ver com a forma como se estaciona desbragadamente por cima dos traços brancos de um parque, como se dão voltas e voltas num piso de estacionamento com uma tabuleta do tamanho do mundo a dizer em letras vermelhas COMPLETO, à procura de um lugarzinho ao pé do elevador, enquanto o piso de baixo está rigorosamente às moscas. Terá a ver ainda com o clima, com o odor corporal, com o desvelo com que um condutor limpa o respectivo nariz num sinal vermelho ou cofia o bigode (já me dei ao trabalho de contar as vezes que um condutor o fez entre a curva do Mónaco e o Alto da Boa Viagem -35…), terá a ver com qualquer coisa entre a patogenia, a patologia ou a pura grunhice. Mas que é embaraçoso verificar que sempre que chove de manhã as entradas de Lisboa ficam literalmente entupidas, é. Eu, por exemplo, ainda aqui estou a acabar este post porque só na marginal já houve três colisões, o sinal é vermelho e dois dos acidentes ainda não foram “resolvidos”. E na A5, acidente depois das portagens bloquearam positivamente o trânsito que está “parado” (palavras da televisão).
7 Comments:
e enquanto contavas as vezes que o homem coçava o bigode não "marraste" com o parceiro da frente? :D
... um dia destes faço um apanhado dos teus posts sobre os portugueses!
Beijinhos, a rir, a rir (e cuidando para não distrair-me e bater no comentador da frente ... que, by the way, te deixou um comentário verdadeiramente espirituoso! eheheheh!) ;D
Sinapse
Com este género de posts, tu bloqueias positivamente qualquer coisa que haja a dizer em defesa dos teus conterrâneos condutores. O que vale é que não têm defesa possível.
:)
Beijola
anónimo
Por acaso ainda não, mas não percamos a esperança. Um dia chego lá :)
sinapse
Long time no...read :)))
Até te deixei um comment a preceito. Do fundo do peito. Até porque o post estava a jeito. Olha, foi dito e feito :)))
Beijinhos contentes
Carlota
Eu não bloqueio nada :))) Ando é meio sem vontade... já estou no terceiro ano. Estou aqui estou a acabar o bacharelato :))
Beijola
Que tal um post sobre o tema "portagens de € 50,00 para entrar de automóvel em Lisboa (por cada entrada e saída)".
Talvez essa medida, por alguns defendda, evitasse muitas "marradas"...
Prometo tentar comentar a sua opinião....
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