Um Post "food-i-do"
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Este Altino é food-i-do.
Afinal ele tem a chave para os graves problemas da imigração na Europa e perde-se aqui pela Blogoesfera a espirrar contra o status que permite as enormidades que andam a ser praticadas lá pela Gália. Pois, basta ler o Altino, que o problema é tão simples como:
1 – Ir aos respectivos bancos centrais, "levantar umas massas", construir umas habitações de tipologia... não sei bem qual pois uma grande parte dos blocos residenciais construídos para este efeito já têm a mesma tipologia da casa do próprio Altino, a avaliar por uma foto que vi do prédio dele.
2 – Depois, é uma questão de se ver o agregado familiar e pagar-lhes um salário decente. Coisa que os nativos, na maioria dos casos não têm, mas "prontos", esses também não foram escravos, segregados nem explorados, ainda por cima são brancos e vão á missa e não têm nada que se pôr com mariquices;
3 – Segue-se um eficiente sistema de assistência média, reforma aos 60 anos, 30 horas de trabalho semanais, ensino superior gratuito, crédito generalizado e um dia de compras subsidiadas nos grandes centros comerciais de Lisboa e Porto (há desmesurados lucros que têm de ser balanceados...);
4 – Finalmente, seria obrigatório um "ofício" assim a fugir para o religioso e de preferência aos Domingos, onde todos os cidadãos deveriam ter uma presença "obrigatoriamente voluntária" e em que se procedesse assim a uma espécie de homilia, sem ser homilia, em que os nativos deveriam pedir desculpa aos imigrantes por tudo o que os seus tataravós lhes fizeram, desde os navios negreiros ao chicote, passando pelos terrenos roubados (incluir aqui o sol a chuva, o vento e o "Cruzeiro do Sul").
O Altino acha que ... Agora Paris, é mata-los, aos pretos e aos árabes, esses muçulmanos filhos da puta. Morte aos mouros sarracenos. Os que caminham mais de ano atravessando África, rumo a esta Europa do sonho que nem ousem entrar. Morram os gajos. Vamos lá construir muralhas, como a da China. Uma muralha enorme a contornar esta Europa velha e caduca, impotente, desalmada. Esta Europa das autoridades morais. Dos pedófilos de Mercedes Benz. Esta Europa das multinacionais. Viva a bela Europa. Para o inferno com os infiéis... e isto é, admitamo-lo intolerável. O Altino acha que Amanhã, nas eucaristias dominicais a homilia versará o tema, estou quase certo. Juventude, terrorismo urbano, africanos, magrebinos, pobres, essencialmente. E é aqui que está o problema. Os ricos querem continuar a enriquecer e a explorar os pobres, sem piedade, e esperam que estes se sujeitem à sua condição de casta inferior do mundo capitalista. Que se encolham perante o enxovalho, que se resignem perante a discriminação, que morram electrocutados porque são miseráveis. Os ricos fazem a guerra para enriquecerem, nada mais simples e cru. Os pobres destroem os símbolos dos ricos para se defenderem, nada mais justo. Pois o império capitalista vai em direcção a isto: à revolução, à revolta. Não esperemos outra coisa, cobardes que somos, cínicos, amantes das nossas coisinhas. O mundo capitalista caminha para o caos.
Por isso aqui deixo a sugestão de, em quatro simples alíneas, resolvermos de vez este tremendo problema da imigração, afinal tão fácil de resolver. E o Altino terá uma oportunidade única de fazer a alquimia dos seus ódios, promovendo uma sociedade justa, saudável e com um sol a brilhar para todos e um amigo em cada esquina.
Entretanto, enquanto a coisa vai e não vai, o Altino poderia aproveitar para viajar um bocado. Ler, possivelmente. Conhecer gentes e sítios. De preferência acompanhado pela mulher. Beber um copo com ela em Mogadiscio ou Ryad. Sugerir à mulher que vista umas jeans em Teerão ou partir umas cadeiras do estádio da Machava ou dos Coqueiros, após um jogo de futebol em que a selecção portuguesa perdesse. Poderia ainda esboçar um protesto pacífico (como Daniel Oliveira diz que os imigrantes não podem fazer em Paris, o que é mentira, mas Daniel Oliveira mente todos os dias, pelo que já nem se nota...) em Harare sobre a reforma agrária, em Kartum sobre a liberdade religiosa ou em Bissau sobre a excisão do clítoris.
E depois de uma lista muito extensa que não vale a pena estender aqui mas para a qual poderei contribuir se o Altino estiver mesmo interessado em arejar um bocadinho o mofo das suas convicções, resta-me deixar aqui um recado ao Altino. Um recado de uma pessoa que acha que os imigrantes são, frequentemente, explorados e vivem, por razões intrínsecas à sua condição e ao facto de milagres só na Bíblia, em condições sub-humanas. Ainda assim, incomparavelmente superiores às de que dispunham nos seus países de origem. E porque a Europa, apesar de muitos problemas que têm de ser resolvidos lhes continua a oferecer a liberdade e a dignidade que não têm nos seus próprios países ou noutros que não os deles e que se apregoam de modelos de virtudes, é que continua a ser o seu destino de eleição, tal como os Estados Unidos. Não sei de fluxos migratórios para Cuba, Coreia do Norte ou China. E para a Venezuela a coisa anda um bocado parada desde que nasceu por lá outra estrela salvífica e brilhante...
Esta atitude, linda de morrer (e este "linda de morrer" poderá ter aqui um sentido literal), de achar que a Europa tem culpa de tudo o que de mau vai pelo mundo, é um atentado ao bom senso e à racionalidade que deveria constituir matriz do orgulho que todos os europeus deveriam sentir pelo seu contributo inestimável ao mundo – a liberdade, a dignidade e o bem estar dos povos. Pelo menos dos seus. E quem quiser ser assim terá de se integrar na sociedade que almejam, exactamente com os mesmos direitos e deveres. Deixando, por exemplo, de andar a queimar escolas, autocarros, fábricas e pontapear idosos até à morte. E se os europeus quiserem sobreviver poderão e deverão ir ao funeral de dois delinquentes jovens, da mesma forma que não deveriam deixar de ir ao funeral de um idoso pontapeado até à morte por um punhado de energúmenos que, lá por serem imigrantes, não deixam de ser isso mesmo – energúmenos.
Este Altino é food-i-do.
Afinal ele tem a chave para os graves problemas da imigração na Europa e perde-se aqui pela Blogoesfera a espirrar contra o status que permite as enormidades que andam a ser praticadas lá pela Gália. Pois, basta ler o Altino, que o problema é tão simples como:
1 – Ir aos respectivos bancos centrais, "levantar umas massas", construir umas habitações de tipologia... não sei bem qual pois uma grande parte dos blocos residenciais construídos para este efeito já têm a mesma tipologia da casa do próprio Altino, a avaliar por uma foto que vi do prédio dele.
2 – Depois, é uma questão de se ver o agregado familiar e pagar-lhes um salário decente. Coisa que os nativos, na maioria dos casos não têm, mas "prontos", esses também não foram escravos, segregados nem explorados, ainda por cima são brancos e vão á missa e não têm nada que se pôr com mariquices;
3 – Segue-se um eficiente sistema de assistência média, reforma aos 60 anos, 30 horas de trabalho semanais, ensino superior gratuito, crédito generalizado e um dia de compras subsidiadas nos grandes centros comerciais de Lisboa e Porto (há desmesurados lucros que têm de ser balanceados...);
4 – Finalmente, seria obrigatório um "ofício" assim a fugir para o religioso e de preferência aos Domingos, onde todos os cidadãos deveriam ter uma presença "obrigatoriamente voluntária" e em que se procedesse assim a uma espécie de homilia, sem ser homilia, em que os nativos deveriam pedir desculpa aos imigrantes por tudo o que os seus tataravós lhes fizeram, desde os navios negreiros ao chicote, passando pelos terrenos roubados (incluir aqui o sol a chuva, o vento e o "Cruzeiro do Sul").
O Altino acha que ... Agora Paris, é mata-los, aos pretos e aos árabes, esses muçulmanos filhos da puta. Morte aos mouros sarracenos. Os que caminham mais de ano atravessando África, rumo a esta Europa do sonho que nem ousem entrar. Morram os gajos. Vamos lá construir muralhas, como a da China. Uma muralha enorme a contornar esta Europa velha e caduca, impotente, desalmada. Esta Europa das autoridades morais. Dos pedófilos de Mercedes Benz. Esta Europa das multinacionais. Viva a bela Europa. Para o inferno com os infiéis... e isto é, admitamo-lo intolerável. O Altino acha que Amanhã, nas eucaristias dominicais a homilia versará o tema, estou quase certo. Juventude, terrorismo urbano, africanos, magrebinos, pobres, essencialmente. E é aqui que está o problema. Os ricos querem continuar a enriquecer e a explorar os pobres, sem piedade, e esperam que estes se sujeitem à sua condição de casta inferior do mundo capitalista. Que se encolham perante o enxovalho, que se resignem perante a discriminação, que morram electrocutados porque são miseráveis. Os ricos fazem a guerra para enriquecerem, nada mais simples e cru. Os pobres destroem os símbolos dos ricos para se defenderem, nada mais justo. Pois o império capitalista vai em direcção a isto: à revolução, à revolta. Não esperemos outra coisa, cobardes que somos, cínicos, amantes das nossas coisinhas. O mundo capitalista caminha para o caos.
Por isso aqui deixo a sugestão de, em quatro simples alíneas, resolvermos de vez este tremendo problema da imigração, afinal tão fácil de resolver. E o Altino terá uma oportunidade única de fazer a alquimia dos seus ódios, promovendo uma sociedade justa, saudável e com um sol a brilhar para todos e um amigo em cada esquina.
Entretanto, enquanto a coisa vai e não vai, o Altino poderia aproveitar para viajar um bocado. Ler, possivelmente. Conhecer gentes e sítios. De preferência acompanhado pela mulher. Beber um copo com ela em Mogadiscio ou Ryad. Sugerir à mulher que vista umas jeans em Teerão ou partir umas cadeiras do estádio da Machava ou dos Coqueiros, após um jogo de futebol em que a selecção portuguesa perdesse. Poderia ainda esboçar um protesto pacífico (como Daniel Oliveira diz que os imigrantes não podem fazer em Paris, o que é mentira, mas Daniel Oliveira mente todos os dias, pelo que já nem se nota...) em Harare sobre a reforma agrária, em Kartum sobre a liberdade religiosa ou em Bissau sobre a excisão do clítoris.
E depois de uma lista muito extensa que não vale a pena estender aqui mas para a qual poderei contribuir se o Altino estiver mesmo interessado em arejar um bocadinho o mofo das suas convicções, resta-me deixar aqui um recado ao Altino. Um recado de uma pessoa que acha que os imigrantes são, frequentemente, explorados e vivem, por razões intrínsecas à sua condição e ao facto de milagres só na Bíblia, em condições sub-humanas. Ainda assim, incomparavelmente superiores às de que dispunham nos seus países de origem. E porque a Europa, apesar de muitos problemas que têm de ser resolvidos lhes continua a oferecer a liberdade e a dignidade que não têm nos seus próprios países ou noutros que não os deles e que se apregoam de modelos de virtudes, é que continua a ser o seu destino de eleição, tal como os Estados Unidos. Não sei de fluxos migratórios para Cuba, Coreia do Norte ou China. E para a Venezuela a coisa anda um bocado parada desde que nasceu por lá outra estrela salvífica e brilhante...
Esta atitude, linda de morrer (e este "linda de morrer" poderá ter aqui um sentido literal), de achar que a Europa tem culpa de tudo o que de mau vai pelo mundo, é um atentado ao bom senso e à racionalidade que deveria constituir matriz do orgulho que todos os europeus deveriam sentir pelo seu contributo inestimável ao mundo – a liberdade, a dignidade e o bem estar dos povos. Pelo menos dos seus. E quem quiser ser assim terá de se integrar na sociedade que almejam, exactamente com os mesmos direitos e deveres. Deixando, por exemplo, de andar a queimar escolas, autocarros, fábricas e pontapear idosos até à morte. E se os europeus quiserem sobreviver poderão e deverão ir ao funeral de dois delinquentes jovens, da mesma forma que não deveriam deixar de ir ao funeral de um idoso pontapeado até à morte por um punhado de energúmenos que, lá por serem imigrantes, não deixam de ser isso mesmo – energúmenos.
11 Comments:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
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Quem és tu romeiro?
Bom post. Bruxelas vive o mesmo tipo de remorsos e sentimentos de culpa com os seus próprios imigrantes (do Zaire e magrebinos na sua maior parte). O resultado é uma direita xenófoba poderosa e medo...muito medo.
De um lado e de outro. talvez não explique tudo da situação em França, mas ajuda um pouco.
Beijos
Interessante 'post' que aborda no essencial o que muitos se negam a discutir.
A integração não se faz por decreto, nem à revelia do país de acolhimento.
Quem não o quiser entender lembre-se apenas de que Paris, é já ali... ao virar da esquina.
a torres ferreira
sei lá... um dia descubro. Até lá vou exercitando a costela masoquista que existe em mim lendo o food-i-do regularmente, como sempre fiz.
Pitucha
Tangled lines de pescadores de águas turvas. Tudo ao molho a ver quem embaraça mais as linhas. Entretanto o peixe vai dando umas trincas :)
Beijos
teófilo m
A intergração não só é desejável como imperativa. Mas fazê-la à custa de um emaranhado de procedimentos politicamente correctos e idiotas e no total desrespeito pelos direitos e segurança da sociedade em geral é, simplesmente, criminoso.
Que pena ver a cidade da Place du Tetre assim violientada. Valha-nos o Sampaio e o Soares, que nunca como sons amis, vão deixar que tal aconteça por cá, pelo que de "tolerantes" têm (do alto da sua arrogância e pretensiosismo imerecido)...
Oh Pitucha...só a direita é xenófoba... que obervas tu por esse mundo??? Pois observa melhor...
abf
E eis que de x em quando você dá uma ar da sua graça... :)) Já que reconhceu a place du Tertre e que não dá muito jeito lá ir almoçar, quando é que você se digna aparecer para comermos qualquer coisa na Flor da Estrela??? Ou no Chinês, sei lá...
Um grande abraço
:)
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