Não vão os Malianos ficar cheios de cancro
Depois de escrever o post anterior, ocorreu-me um fenómeno de
muita gravidade que ocorre no rio Niger, no Mali. Porque conheço e acompanhei a
situação, antes da instabilidade que, entretanto se instalou recentemente no
país. Mas a infestação ocorre noutros países na bacia do rio.
O rio Niger é um sustentáculo de incalculável valor para a
sobrevivência da população radicada na sua bacia, porque lhes faculta peixe-capitão em grande abundância. Infelizmente o rio tem vindo a ser pasto (é o
termo) de um flagelo, qual seja o aumento exponencial de uma planta que dá pelo
nome de jacinto de água. Esta planta propaga-se à superfície das águas, e pode ter
um sistema radicular de vários metros abaixo da superfície. Cortá-la não
adianta, porque ela volta a reproduzir-se, por via do sistema radicular que se mantém intacto. O glifosato proporcionou resultados
admiráveis no controle desta planta, já que pulverizando a parte aérea e
visível, acabava por chegar ao sistema radicular, matando-a. Além do mais, o produto
mostrou uma muito baixa toxicidade em peixes, abelhas e aves.
Com o evento da guerra, não sei bem o que se passa
neste momento, mas não me custa adivinhar que muitos milhares de hectares na
superfície das águas de um dos maiores rios africanos estejam cobertos de
jacinto de água, impedindo as populações de acederem a um dos principais
factores da sua dieta alimentar. E, entretanto, ainda se arranja maneira de
descobrir que a Monsanto acorda de manhã a pensar como é que há-de dar cabo da
saúde do pessoal e corta-se o mal pela raiz. Não a raiz do jacinto de água, antes a raiz do glifosato.
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Etiquetas: agrotóxicos, brincar com coisas sérias, coisas extraordinárias
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