Aí estão eles de novo. Que nem praga do Egipto.
E aí temos a febre outra vez. Que esta gente não brinca em
serviço. Há cerca de um ano, as parangonas anunciavam o glifosato como
potencialmente cancerígeno. A «coisa» abrandou, o glifosato continuou a ser o herbicida
mais vendido e a população mundial beneficiou dos extraordinários resultados da
aplicação de um dos menos tóxicos herbicidas do mundo. DL50 oral, rato=5.600
mg/kg, seguro para mamíferos, peixes e abelhas, não carcinogénico (US EPA categoria
E), não mutagénico, destituído do desenvolvimento de toxicidade e com total
degradação no solo em menos de 60 dias. Estes valores são atingidos pelas grandes empresas multinacionais através dos seus departamentos de pesquiza e desenvolvimento, por técnicos especialmente preparados para o efeito
(cientistas, químicos, patologistas, botânicos, matemáticos e outra gente mais preocupada
com a ciência e a tecnologia do que com o tempo novo) e aprovados e ratificados por
organismos oficiais.
O glifosato é um produto de grande valor económico. Numa
descrição muito sucinta, é um herbicida sistémico, de acção foliar, com translocação
nas plantas tratadas e, consequentemente, atingindo o sistema radicular,
evitando assim o desenvolvimento de um novo ciclo vegetativo. O glifosato foi,
assim, substituindo com êxito e segurança evidentes produtos mais antigos com
uma forte acção de choque, mas não evitando o recrescimento das plantas
tratadas. Era o caso, por exemplo do paraquat, de resto com um grau toxicológico
muito elevado e sem antídoto conhecido.
O problema é que o glifosato é um produto da Monsanto, a
maior companhia do mundo na produção de sementes transgénicas e uma das maiores
empresas de agro-químicos (agro-tóxicos, para a Esquerda). Logo, um alvo
apetecível para aqueles apostados em destruir as economias (isso mesmo), não se
importando, no caso vertente e noutros, com os resultados catastróficos que
podem causar. E é assim, que em quarenta e oito horas se volta ao ataque. Depois
de um ano de «pousio», eis que os paladinos do tempo novo e da saúde das borboletas
voltam ao ataque. Nestes conta-se uma organização meio esquisita (como a Íbis,
aquele pássaro do Egipto…), a Plataforma Transgénicos Fora, a sedutora Ségolène
Royal, o (não tão sedutor) André do Pan (ainda excitado com as descobertas que fez sobre o
Butão), o Capoulas Santos e, inevitavelmente, a nossa Comunicação Social que
nas últimas horas nos metralha com os perigos do glifosato. Desde o aumento de
mortos na Argentina por causa do glifosato, até às deformidades das borboletas
que pousaram em flores de plantas tratadas com glifosato, passando pelo nosso
distinto agrónomo e ministro de agricultura que vai mandar analisar as sementes
de centeio. Não resisto a fazer uma chamada aqui sobre o facto de serem as
borboletas que põem os ovos de onde nascerão as lagartas que virão a comer as
culturas (há a polinização, não me esqueci) e que, no meu entendimento, um pé de
centeio «atacado» de glifosato deverá, teoricamente, morrer antes de criar espiga.
Mas eles lá sabem. Por mim, achei que devia fazer este breve resumo, em defesa
de um dos mais eficazes produtos conhecidos no capítulo de protecção de plantas,
contribuindo para a economia e para a alimentação «tout court» de milhões de
pessoas em países subdesenvolvidos (*). E, já agora, vale a pena ler alguns dos comentários da página do FB da tal Plataforma Transgénicos Fora. Absolutamente surrealista.
(*) Um pequeno exemplo: Há cerca de meia dúzia de anos, um grande
rio africano foi infestado por uma planta aquática, o jacinto de água. A planta
tem uma exposição de folhagem pequena à superfície da água e longas raízes
submersas que podem atingir os dois metros de profundidade. Esse rio é muito rico em peixe,
dieta básica de cerca de quatro milhões de habitantes ribeirinhos. Quando a
infestação atingiu grandes proporções (quase que se podia caminhar à superfície
do rio), essas populações sofreram um autêntico drama, já que a agricultura é
quase inexistente (bordas do Saara) e o peixe é o seu principal alimento.
Vários produtos foram experimentados, sem resultado, porque, sem translocação, não
atingiam a raiz. O corte manual também nada resolveu porque as plantas «rebentavam»
de novo. Finalmente optou-se pelo glifosato, com assinalável êxito. As
populações puderam pescar de novo, comer peixes e sorrir outra vez. Não sei se,
entretanto, alguém morreu de cancro. Mas não me consta. Talvez a Ségolène e alguém
da Plataforma lá pudessem ir verificar, mas aviso que a temperatura atinge
facilmente os 46º, há mosquitos (ah! E lacraus) e ultimamente têm aparecido por
lá uns jihadistas que se entretêm a cortar umas cabeças e a roubar miúdas. Acção
muito mais tóxica que o glifosato. Sobretudo muito mais real e que devia
suscitar mais reflexão a esta patetice endémica que se instalou no homem novo do
tempo novo.
*
*
Etiquetas: a esquerda excitada, a idiotia feita doutrina, glifosato
1 Comments:
No vinte...
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