A juiz é que manda
Que não nos sabemos governar nem deixamos que nos governem
já o sabíamos, desde os romanos. Que tenhamos refinado ao longo dos séculos esta
particularidade é que demonstra uma dinâmica letal. Pior do que isso, cava vez
mais temos menos gente que está para nos aturar. E pagar as contas.
Este episódio do fecho da Maternidade Alfredo da Costa ilustra
bem o que digo lá trás, já que configura um punhado de atitudes absolutamente estranhíssimas
e intoleráveis. Um Ministério que tutela os hospitais e maternidades e que
julga necessário fechar uma maternidade e que esbarra no mais surrealista dos
cenários (agora diz-se surreal…). Trinta cidadãos acham que a MAC tem imensa
tradição, excelência de tratamentos, que já lá nasceram 500.000 lisboetas, que o prédio é lindíssimo e não
se pode fechar. Vai daí recorrem a um tribunal onde uma diligente juiz acha que
eles têm muita razão e proíbe o ministério de fechar a maternidade. Vem ainda, escada abaixo, o bastonário da Ordem dos Médicos com a mais escavacada retórica,
em defesa da providência cautelar e metendo-se até a afirmar que é por causa de
atitudes como esta que o Ministério da Saúde tomou que estamos na difícil situação
económica em que estamos.
Enfim, um rosário de vaidades, um ramalhete de imbecilidades
e a cada vez mais arreigada noção de que este é mesmo um país de faz de conta.
Onde os tribunais e os juízes, mesmo aqueles que não são designados pelos
Partidos, como o Constitucional, metem o bedelho onde, na minha modesta opinião,
não são chamados.
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Etiquetas: Ai Portugal, brincar com coisas sérias
1 Comments:
É mesmo um país de faz de conta... há pouco pensava exactamente isso: andamos a brincar aos países...
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