A luta continua, a escola não é tua. O amianto mata, esta escola é muito chata
A cartilha comunista não brinca em serviço. Foi feita numa
base científica e sabe perfeitamente até que ponto levar o estrugido. E uma das
linhas mestras da esquadria de formação do povo é a colectivização das manifestações
públicas ou de cada qual. Só assim se entende a uniformização do traje em
muitas sociedades comunistas, a extraordinária mecanização das paradas
militares, as votações de braço no ar e que ai daquele que se atrase um segundo
em levantar a mão ou, ainda, as conhecidas palmas organizadas. Um aplauso
coordenado, uniformemente acelerado e que se estabiliza uns segundos depois
numa cadência militarizada, em que toda a gente bate as palmas ao mesmo tempo,
com os braços numa rigorosa manifestação estética e pelo tempo julgado necessário
e espartilhado pelos líderes da função. É a colectivização em pleno. A «bovinização»
(perdoe-se-me o termo) das massas, a manutenção da grei no redil e a formação
una, indivisível, uniforme, milimétrica, da vontade dos homens, que deixou de
ser vontade, foi esmagada e expulsa do individualismo da espécie, aquilo que de
mais maravilhoso tem o homem e que decorre exactamente da suprema fruição da
liberdade e do génio criativo de cada um.
Este arrazoado vem a propósito da influência repugnante que
os comunistas conseguem manter na juventude escolar portuguesa, não hesitando
em inculcar, logo à adolescência, o primado do colectivo, mesmo nas coisas mais
comezinhas. A manifestação destes miúdos sobre uma coisa que muito
provavelmente muitos não saberão sequer o que é, representa um claro exemplo do
que digo. As rimas revolucionárias, a cantata idiota do socialismo, solidariedade
e rejeição do «sistema», a linguagem corporal, tudo incorpora um posicionamento
que não surge por acaso. É uma prática repugnante que nada fica a dever às crianças
a cozer sapatos a partir dos 7 anos ou a plantar arroz desde os 10. Chega até a
ser, na minha opinião, uma versão revisitada dos «pioneiros» uma forma
decalcada da antiga «mocidade portuguesa».
Ver este miúdos a cantar desta forma e com esta linguagem
corporal faz-me recear o pior. Por um lado a de que os comunistas não desarmam.
Por outro, a formação de jovens com uma visão distorcida da vida, e a noção de que, ainda
pequeninos, lhes começam a torcer os pepinos.
É um evidente sinal de uma sociedade atrasada. Esta. A
nossa. E a que, ao que parece, os nossos intelectuais acham imensa graça.
.
Etiquetas: juventude, palmas organizadas
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home