E lembrando-me da esmerada educação que recebi na Suiça, retiro o... isso... e digo xiça
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«...O mesmo tipo de imprudência com as leituras revela-se em José Sócrates sempre que quer mostrar que lê, o que faz mais amiúde do que devia. Na campanha eleitoral meteu os pés pelas mãos a falar de Pessoa num registo pseudo-intimista e agora, há dias, numa entrevista da Visão, diz, numa frase displicente, que já não lhe interessa ler Marx, agora vai ler é Keynes. Já esta maneira de falar denota o escasso convívio com os autores que cita como se fossem seus familiares, porque conhecer Marx é tão importante, senão mais, do que conhecer Keynes...»
Isto escreveu Pacheco Pereira na Sábado, salvo erro aí por 2009. Nada que espante muito, sobretudo para quem se lembra da formatação deste primeiro-ministro de má memória. O que espantava era a bonomia com que este homem era tratado pela comunicação social e pelos seus acólitos. Lembro-me até de quando Sócrates espreitou pelos meandros de Sartre e soltou um chorrilho à medida do que acima transcrevi. Mas a paróquia não só achava graça como gostava do estilo porreiro pá.
Já Merkel, há dias, num mapa da Europa do tamanho de uma parede e sem delimitações fronteiriças errou a localização de Berlim aí por um palmo. Aqui d’El Rei que a senhora é uma inculta. E a pernada culta da paróquia estremeceu e glosou o erro de Merkel à saciedade. E enxameou os blogues, jornais, televisões e rádios com a notícia da ignorância da senhora. Foi confrangedor, mas andámos uns dias contentes que nem meninos de escola.
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6 Comments:
A verdade é que Angela estava a localizar no mapa uma cidade do país dela, que foi a capital da Alemanha Oriental (onde a mesma cresceu) e cidade onde a ditosa Angela até trabalhou... Parece-me muito mais um erro de palmatória, do que as calinadas do Pinto de Sousa. E depois a Angela tem vestido a pele do lobo mau e não me parece que o ppl goste muito que lhe comam o rebanho...
Alexandra
Eu não estou a defender a Ângela, mas a exprobar esta sessão de «tiro à Ângela», muito ao nosso estilo e que só de desvanece um pouco com a abertura do «tiro ao Relvas», em aplicação corrente. Eu vi a imagem e ela enganou-se em pouco mais de um palmo num mapa enorme e sem fronteiras. De resto a sessão na TV foi secundada por uma risada geral mas sem ser acintosa. Nós é que não resistimos e fizemos da cena mais uma «causa»... Só mais uma coisa (e faço aqui uma declaração de interesses, já tive um chefe alemão que me dava volta às tripas...). não foi ela que vestiu a pele de lobo mau, fomos todos quantos nos sentimos atingidos pelo sentido de rigor que ela pretende (e o eleitorado a obriga, a Alemanha é uma democracia...) fazer vingar! Eu sei que cai mal dizer isto, mas não foram os alemães que nos obrigaram a ser perdulários ou os gregos a ser aldrabões.
Eu também vi as imagens. E francamente acho que o palmo de engano é um erro de palmatória. Mas enfim, já ninguém se espanta com a falta de cultura geral que grassa por aí,é já antológico os americanos pensarem que Portugal é uma das províncias espanholas... E claro que serviu de gáudio constatar que quem personifica o nosso ódiozinho de estimação, afinal é para o ignorante... E só a terminar, apesar de nos termos tornado perdulários, isso é uma verdade incontornável, isso foi estimulado pela Banca em geral e por muitos dos fornecedores de bens e serviços supérfluos, entre os que se incluem alguns bens vindos da Alemanha. Ou nunca lhe aconteceu oferecerem-lhe um cartão de crédito no corredor de um qualquer centro comercial?
Alexandra
Já... já me aconteceu! E pelo telefone e ainda há dias no aeroporto, eu a correr para o gate 45 (o último, valha-me a santa... que um cidadão anda quilómetros para lá chegar...) e uma menina a barrar-me o caminho e a oferecer-me um, acho que do Barclays. Mas isso reforça a ideia que tenho de que gostamos de passar a nós próprios um atestado de menoridade. Se nos oferecem, a gente aceita. Tenho para mim que os verdadeiros culpados não são os portugueses que compram segundo carro, televisor para a cozinha ou telemóvel para a criancinha quando faz 10 anos. Ainda hoje na minha ronda diária pela blogosfera, bastou dar uma vista de relance pelas capas dos jornais para se perceber o cerne da questão. Na capa do Correio da Manhã, por exemplo está lá, preto no branco, que o Paulo Morais (secretário de Estado de Sócrates) escamoteou 750 milhões (vou repetir... setecentos e cinquenta milhões de euros ao Tribunal de Contas para que este aprovasse vários projectos de estradas. Agora o Tribunal de Contas descobriu, diz que não paga, que o dinheiro tem que aparecer... e o Paulo Morais continua a «deputar» na Assempbleia e o outro continua a filosofar em Paris! Mais grave, o Tribunal de Contas relata que há indícios claros de favores e benefícios a terceiros...e este caso não é único, há vários assim e o consulado de Sócrates foi fértil neste tipo de «moscambilhas», para citar o preclaro e apaziguador prof Marcelo R. de Sousa :)))) Ora, parece-me que perante este tipo de manobras, comprar uma TV para a cozinha, um telemóvel para o «puto» ou exceder o plafond do cartão de crédito é uma brincadeirinha de crianças!
Abraço para si, Alexandra!
Alexandra
No comentário acima, corrijo Paulo Morais para Paulo Campos.
Por certo, e quanto aos milhões que a EP escamoteou ao TContas, ainda é mais grave pois a manigância foi arquitectada depois do 1º chumbo do TC, ao que parece... Mas a meu ver é mais grave ainda, pois a nossa incapacidade de fazer escolhas sensatas (aceitar o cartão de crédito, por ex.) decorre da nossa desinstrução e incultura. E para colmatar isso, muito poucas palhas se mexem. Será que é porque não convém? Quanto mais carneiros, melhor se tocam? Um abraço
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