Chuva!
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Num país de DNA claramente «alagartado» (entenda-se animais de sangue frio que precisam de se expor ao sol para aquecer o sangue e a alma, nada a ver com futebol) a chuva está aí.
Quando os incêndios se instalavam já, arrogantes, facilitando hilariantes apontamentos de reportagem em directo de chefes de bombeiros, defesa civil e autarcas, naquele linguajar de compêndio, quando as árvores de folha caduca se viam e desejavam para retirar da terra os nutrientes que haveriam de integrar a seiva até às folhinhas recém desabrochadas pela Primavera que parecia querer saltar directamente ao Verão, quando o gado ia comendo já a palha guardada para o próximo inverno, quando as barragens iam descendo de nível e quando os portugueses, alegres e contentes, iam já saltitando pelas praias, eis que a chuva apareceu. A chuva benfazeja que veio «regular» um bocado a coisa e restabelecer alguns equilíbrios.
Os portugueses hoje jogarão menos à bola nas praias, as rotundas de Carcavelos estarão mais transitáveis e eu ergo os olhos aos céus, numa prece silenciosa e quiçá envergonhada (preces comigo é tipo de ir ao dentista só quando me dói o dente o que é, absolutamente, um pecado e uma acção de relaxe perante o Divino). A «malta» continuará, outrossim, a conduzir as suas viaturas com o mesmo à-vontade e velocidade que usam em piso seco (aqui está uma coisa
Logo à noite, se ainda chover, as meninas das rádios anunciarão, com voz bisonha e quase chorando, que «amanhã continua o mau tempo». Se a chuva se for embora, elas iniciam o chilreado habitual (parece que estou a vê-las, felizes, a abanar a penugem em frente aos microfones) e dirão que amanhã o sol brilhará e o bom tempo vai regressar.
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Etiquetas: está de chuva
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