Mudem lá o mundo, mas a passo, não. A trote, talvez…
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Esta manhã fui ensaiar os últimos passos para entregar a minha filha a um rapaz compostinho, bem apessoado e que passou no exame (dela…). Sabendo de antemão que a pessoa que me precede nas bichas de multibanco tem sempre um milhão de contas para pagar, transferências a fazer e saldos para pedir ou que a rua normalmente deserta se enche de carros sempre que assomo ao entroncamento para nela entrar, eu deveria saber que alguma coisa teria de acontecer quando, cinco minutos antes da hora marcada apontei o carro ao Coconuts/Design Hotel. Polícias de colete amarelo empunhando walkie-talkies, viaturas da polícia municipal, motos, motoretas e segways, tudo muito moderno, eficaz, correcto e tecnológico, barraram-me a passagem numa das mais movimentada artérias de Cascais (sim, essa, da Boca do Inferno abaixo, Casa Villa itália, Design hotel, palácio, centro cultural… essa mesmo) e eu, obediente e carregado de espírito de cidadania parei o carro. Como cinco minutos depois nada tinha acontecido e atrás de mim a bicha de carros atingia já mais de uma vintena arrisquei uma pergunta à agente da autoridade (muito loura, muito rabo de cavalo, muito segway) o que se passava. «Uma manifestação desportiva» , diz-me ela. Saí do carro, resignado na ideia de ver um pelotão de ciclistas esforçados, um grupo de maratonistas compenetrados… mas não, eis que deparo com cerca de duas centenas de pessoas a passo, com uma t-shirt cinzenta e, a letras brancas, uma frase que me elucidava que «… a passo vamos mudar o mundo…». Contive o impulso para lhes dizer que podiam ir mudar o mundo para o Burundi, Sudão do Sul ou cintura de cobre do Katanga ou, numa versão com melhor clima e boas vistas, para a Serra de Sintra. Pelo menos que andassem um pouco mais depressa… mas a t-shirt era bem explícita, Eles queriam mudar o mundo, a passo.
Esperei uma boa meia hora. Fiz dez telefonemas para aquele que será meu genro de papel passado esta tarde e expliquei-lhe que havia ali gente a mudar o mundo e que a polícia não me deixava passar. Ele entendeu, coitado. Ele, para quem, a partir das quatro da tarde, o mundo estará bem mudado…
Já em casa, fui ver quem eram os putativos mudadores do mundo. Alguém que aderiu à Aju, uma instituição cascaense que, aparentemente, terá méritos consideráveis. Mas esta cena de se movimentar um enorme corpo policial, respectivas viaturas, motos, segways e motoretas avulso, atrasar e complicar a vida às pessoas para que um grupo de patuscos bem intencionados resolva ir passear a pé para o meio de uma movimentada artéria de Cascais era bem escusada. Bem que podiam começar a mudar o mundo por aqui. Com mais respeito por quem está. A passo, pois claro.
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Esta manhã fui ensaiar os últimos passos para entregar a minha filha a um rapaz compostinho, bem apessoado e que passou no exame (dela…). Sabendo de antemão que a pessoa que me precede nas bichas de multibanco tem sempre um milhão de contas para pagar, transferências a fazer e saldos para pedir ou que a rua normalmente deserta se enche de carros sempre que assomo ao entroncamento para nela entrar, eu deveria saber que alguma coisa teria de acontecer quando, cinco minutos antes da hora marcada apontei o carro ao Coconuts/Design Hotel. Polícias de colete amarelo empunhando walkie-talkies, viaturas da polícia municipal, motos, motoretas e segways, tudo muito moderno, eficaz, correcto e tecnológico, barraram-me a passagem numa das mais movimentada artérias de Cascais (sim, essa, da Boca do Inferno abaixo, Casa Villa itália, Design hotel, palácio, centro cultural… essa mesmo) e eu, obediente e carregado de espírito de cidadania parei o carro. Como cinco minutos depois nada tinha acontecido e atrás de mim a bicha de carros atingia já mais de uma vintena arrisquei uma pergunta à agente da autoridade (muito loura, muito rabo de cavalo, muito segway) o que se passava. «Uma manifestação desportiva» , diz-me ela. Saí do carro, resignado na ideia de ver um pelotão de ciclistas esforçados, um grupo de maratonistas compenetrados… mas não, eis que deparo com cerca de duas centenas de pessoas a passo, com uma t-shirt cinzenta e, a letras brancas, uma frase que me elucidava que «… a passo vamos mudar o mundo…». Contive o impulso para lhes dizer que podiam ir mudar o mundo para o Burundi, Sudão do Sul ou cintura de cobre do Katanga ou, numa versão com melhor clima e boas vistas, para a Serra de Sintra. Pelo menos que andassem um pouco mais depressa… mas a t-shirt era bem explícita, Eles queriam mudar o mundo, a passo.
Esperei uma boa meia hora. Fiz dez telefonemas para aquele que será meu genro de papel passado esta tarde e expliquei-lhe que havia ali gente a mudar o mundo e que a polícia não me deixava passar. Ele entendeu, coitado. Ele, para quem, a partir das quatro da tarde, o mundo estará bem mudado…
Já em casa, fui ver quem eram os putativos mudadores do mundo. Alguém que aderiu à Aju, uma instituição cascaense que, aparentemente, terá méritos consideráveis. Mas esta cena de se movimentar um enorme corpo policial, respectivas viaturas, motos, segways e motoretas avulso, atrasar e complicar a vida às pessoas para que um grupo de patuscos bem intencionados resolva ir passear a pé para o meio de uma movimentada artéria de Cascais era bem escusada. Bem que podiam começar a mudar o mundo por aqui. Com mais respeito por quem está. A passo, pois claro.
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Etiquetas: mudar o mundo, Portugal moderno
9 Comments:
Então é hoje o grande dia???
Que tudo corra muito bem e felicidades.
Como sempre gostei muito do teu sentido de humor.
xx
Não te consideres sem sorte!
És uma pessoa que escreve...E cá pra nós, muito bem!
O dia hoje é de grandes emoções, você não ficará calmo:)
Ah, e o fato?
Beijinhos
...em tempo, parar de fumar faz com que as pessoas fiquem mais cheirosas:) - Mesmo acima do peso:):))
Sempre que os ensaios falham, a estreia é um sucesso.
Correrá tudo lindamente, atenção à pressão arterial, sim?
E se lhe apetecer chorar, chore!
É de homem!
... eu teria gostado de ter tido a felicidade da sua filha, tivesse podido o meu pai acompanhar-me.
Pronto, já estou a lacrimejar, carago...
Gosto de casamentos, que hei-de fazer?
E falta-me o meu pai, também ...
A filha casou????
papoila
Foi sim, obrigado papoila. Foi um dia muito bonito e marcante
Maria do Rosário
Sempre gentil, sempre bem disposta. Ah! O fato ficou óptimo, ainda que as calças me dessem de vez em quando a sensação de calças do meu irmão mais novo :))
Margarida
Só chorei um bocadinho para dentro ;)))) ninguém viu. Obriogado, Margarida
IL
Casou... e nem admitiu segundas opiniões :)))))
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